### Secularização e Religião: Uma Análise de Peter Berger
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Peter Berger, ao refletir sobre o papel da religião na realidade contemporânea, aborda o desafio da secularização, sem deixar de lado os elementos sistemáticos da compreensão do social. Ele nos apresenta o conceito do dossel sagrado, que ilustra a relação entre o indivíduo e a sociedade. Para Berger, toda sociedade é um empreendimento de construção do mundo, e a religião, sendo uma produção social, estabelece um cosmo sagrado. Ele ressalta que todos os mundos construídos são frágeis.
Berger discute os elementos históricos do desenvolvimento religioso, tendo como fio condutor o movimento da secularização. Ele descreve esse processo, apontando seu desenvolvimento nas estruturas e instituições sociais. Afirma que a secularização é um fenômeno presente na cultura e sociedade moderna, cujo desenvolvimento não se deu de forma uniforme, estando atrelado ao desenvolvimento da industrialização e à dinâmica do capitalismo industrial.
O crescimento da secularização é também relacionado à questão política, com a separação entre Igreja e Estado. A industrialização é um ponto de comparação para o progresso da secularização na Europa. O desdobramento da secularização, marcado pelo capitalismo industrial e pela crescente racionalização, levou a que as legitimações religiosas perdessem força e plausibilidade, não só no meio intelectual, mas também para grande parte da população. Para Berger, a crise de credibilidade na religião é um dos sintomas mais reveladores desse processo secularizado.
Por um lado, a religião se separa do Estado; por outro, a família e suas relações encontram-se estreitamente ligadas à esfera religiosa e suas instituições. Nesse sentido, a religião ainda deve ser considerada. Berger nos faz entender que o processo de secularização é evidente na sociedade moderna, contudo, não significa o fim da religião, como se pensava há anos atrás. O desenvolvimento da religião na sociedade secularizada traz outra dinâmica para o panorama religioso. É por isso que Berger afirma que a secularização leva ao desenvolvimento do pluralismo.
A secularização transformou os indivíduos, possibilitando o poder de tomar decisões sobre suas crenças, concedendo liberdade e autonomia. O ser humano moderno começa a acreditar que pode viver sem religião, sem se preocupar com convicções e práticas religiosas.
A dessecularização, por sua vez, apresenta-se de maneira neutra, afirmando que as crenças e práticas religiosas sempre estiveram presentes na vida das pessoas, e em alguns lugares, até mais consistentes do que antes da secularização. Enquanto a secularização prega a morte do sentimento religioso na pós-modernidade, a dessecularização trabalha na intensidade do acontecimento em relação à fé. No Brasil, este processo já se manifesta há algum tempo, com movimentos pró-aborto e legalização das drogas, sinalizando um momento de desencantamento do mundo e de secularização de todas as esferas sociais. Há em curso um momento de laicização do Estado, mas também um processo social que visa deixar a esfera religiosa à margem da discussão pública.