A Semana de Arte Moderna de 1922: Contexto e Impacto

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Finalmente, em fevereiro de 1922, realiza-se em São Paulo a Semana de Arte Moderna (SAM). O objetivo dos organizadores era, acima de tudo, a destruição das velhas formas artísticas na literatura, música e artes plásticas. Paralelamente, procuravam apresentar e afirmar os princípios da chamada arte moderna, ainda que eles mesmos estivessem confusos a respeito de seus projetos artísticos.

Oswald de Andrade sintetiza o clima da época ao afirmar: "Não sabemos o que queremos. Mas sabemos o que não queremos."

A proposição de uma semana (na verdade, foram só três noites) implicava uma amostragem geral da prática modernista. Programaram-se conferências, recitais, exposições, leituras, etc. O Teatro Municipal foi alugado. Toda uma atmosfera de provocação se estabeleceu nos círculos letrados da capital paulista. Havia dois partidos na cidade: o dos futuristas e o dos passadistas.

O Clima de Provocação e o Poema "Os Sapos"

Desde a abertura da Semana, com a conferência de Graça Aranha, "A emoção estética na Arte Moderna", até a leitura de trechos vanguardistas por Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e outros, o público manifestou-se por apupos e aplausos fortes.

O momento mais sensacional da Semana ocorreu na segunda noite, quando Ronald de Carvalho leu o poema "Os Sapos", de Manuel Bandeira (que não comparecera ao teatro por motivos de saúde). Tratava-se de uma ironia corrosiva aos parnasianos, que ainda dominavam o gosto do público. Este reagiu através de vaias, gritos e patadas, interrompendo a sessão. Metaforicamente, com sua iconoclastia pesada, o poema delimitou o fim de uma época cultural.

Principais Participantes da Semana de Arte Moderna

Literatura

  • Mário de Andrade
  • Oswald de Andrade
  • Graça Aranha
  • Ronald de Carvalho
  • Menotti del Picchia
  • Guilherme de Almeida
  • Sérgio Milliet

Música e Artes Plásticas

  • Anita Malfatti
  • Di Cavalcanti
  • Santa Rosa
  • Villa-Lobos
  • Guiomar Novaes

A Importância Estética e o Legado da Semana

Se a Semana foi realizada por jovens inexperientes, sob o domínio de doutrinas europeias nem sempre bem assimiladas (conforme acentuam alguns críticos), ela significa também o atestado de óbito da arte dominante no Brasil.

O academicismo plástico, o romantismo musical e o parnasianismo literário esboroaram-se por inteiro. A Semana de Arte Moderna cumpriu, assim, a função de qualquer vanguarda: exterminar o passado e limpar o terreno para o futuro da cultura brasileira.

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