O Sexênio Democrático: Amadeo I e a Primeira República

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1.4 A Intenção da Renovação Económica

Um dos objetivos do Sexênio Democrático (ou “época gloriosa”) era a reorientação da política económica. Destinava-se a introduzir legislação que protegesse os interesses económicos da burguesia nacional e dos investidores estrangeiros. Portanto, a política económica desta fase foi caracterizada pela defesa do livre comércio e pela abertura do mercado espanhol ao capital estrangeiro.

A Frustração das Aspirações Populares

A manutenção da forma monárquica de governo irritou aqueles que aspiravam a um regime republicano. A manutenção do culto e do clero desagradou a muitas fações radicais, e a persistência da desigualdade social não agradou a agricultores, trabalhadores e operários, cuja situação não estava a melhorar. Durante o período regencial (1869-1870), houve uma forte agitação social que continuou por toda a administração. Inicialmente, os republicanos incorporaram grande parte do descontentamento; em seguida, vários desses setores inclinaram-se para a via mais radical e apolítica (a Internacional).

A Busca por um Monarca para um Sistema Democrático

Prim foi encarregado de sondar os candidatos mais adequados para o trono espanhol vago. Impôs a proposta de Amadeo, um homem com uma conceção democrática da monarquia. Em 2 de janeiro de 1871, Amadeo de Sabóia foi proclamado rei. Após ser empossado, dissolveu a Assembleia Constituinte para iniciar uma nova fase da Monarquia Democrática.

As Dificuldades da Nova Dinastia: Instabilidade Permanente

A nova dinastia teve pouco apoio. O reinado de dois anos de Amadeo de Sabóia foi marcado por constantes dificuldades. Amadeo enfrentou desde o início a oposição moderada, que considerava a monarquia ilegítima e permanecia fiel aos Bourbons. Começaram a organizar a Restauração dos Bourbons na pessoa do Príncipe Afonso, filho da rainha, liderados por Cánovas.

Esta opção recebeu o apoio da Igreja, especialmente depois do decreto de Prim que exigia que o clero jurasse fidelidade à Constituição de 1869. Também apoiou a elite endinheirada, que se opunha a um regime que legislava contra os seus interesses, como:

  • A abolição da escravatura em Cuba;
  • A regulamentação do trabalho infantil.

O movimento Carlista, em 1872, aumentou as expectativas de sentar o seu candidato, Carlos VII, no trono. A rebelião começou no País Basco e Navarra e espalhou-se para áreas da Catalunha, tornando-se um foco real de problemas e instabilidade.

Amadeo I também tinha o apoio de setores republicanos ou grupos que lhe davam apoio popular e que aspiravam a uma mudança do sistema social. Em 1872, houve a insurreição federalista, uma nova ação combinada dos republicanos com influências internacionais.

O Conflito em Cuba e a Crise Política

Em 1868, relacionado com o chamado “Grito de Yara”, iniciou-se um conflito na ilha de Cuba (a Guerra dos Dez Anos). A revolta, liderada por alguns proprietários, rapidamente obteve apoio popular crioulo, prometendo o fim da escravatura na ilha. A recusa dos setores económicos com interesses espanhóis em Cuba frustrou a possibilidade de uma solução pacífica.

Em apenas dois anos, formaram-se seis governos e houve três períodos eleitorais. Finalmente, a abdicação de Amadeo em 1873 levou-o a deixar a Espanha.

A Proclamação da Primeira República

Após a demissão de Amadeo, as Cortes, depositárias da soberania nacional na ausência do monarca, decidiram votar a proclamação de uma República, aprovada a 11 de fevereiro de 1873. Estes dados, contudo, não refletem o apoio real à nova forma de governo. Grande parte da câmara era monárquica, e votar nos republicanos era uma estratégia para ganhar tempo e organizar o regresso dos Bourbons ao trono espanhol. A República nasceu com poucas hipóteses de sucesso.

No entanto, a República foi recebida com entusiasmo pelas classes populares, que acreditavam ser a hora de realizar as aspirações de transformação social, formando-se comités revolucionários. Mas a maioria dos líderes do republicanismo federal estava longe das aspirações revolucionárias das bases do seu próprio partido. A dissolução das câmaras e a repressão dos motins pacificaram o panorama, levando à convocação de eleições para as Cortes Constituintes, que foram amplamente vencidas pelos republicanos.

A Tentativa de Estabelecer uma República Federal

As Cortes proclamaram a República Federal Democrática, sob a presidência de Estanislao Figueras. Em julho, foi apresentado no Parlamento o projeto da nova Constituição, mas este não chegou a ser debatido e, portanto, não foi aprovado.

A proposta da Constituição Federal Republicana de 1873 seguia a linha de 1869 no que diz respeito à implementação da democracia e ao reconhecimento de amplos direitos e liberdades. O aspeto mais inovador era a estrutura do Estado, que previa que a nação espanhola fosse formada por 17 estados, incluindo Cuba. Estes estados teriam autonomia económica e administrativa, consistente com a existência da nação.

A Primeira República foi confrontada com problemas graves que paralisaram a ação do governo:

  • A insurreição carlista, que em julho se estendeu por boa parte da Catalunha e consolidou-se nas províncias bascas e em Mayorazgo.
  • As áreas insurgentes estavam a articular um estado embrionário sob os princípios da província e incentivavam a linguagem e as instituições regionais.

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