Socialização, Resiliência e Interação Social
Classificado em Psicologia e Sociologia
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1. Socialização e Vinculação
Não nascemos pessoas, tornamo-nos pessoas. Isso significa que não surgimos no mundo com as características humanas acabadas, mas com predisposições para as adquirir. A manifestação dessas características só é possível mediante o convívio com os outros, isto é, com a socialização. Nesta aprendizagem, a mãe surge com um papel fundamental: à semelhança de uma placenta, é através dela que a criança interage com o mundo e que os seus gestos, atitudes e condutas são moldados. A socialização da criança começa ao iniciar a relação de vinculação, ou seja, com as primeiras experiências. Designa-se por vinculação a tendência dos bebés permanecerem junto da mãe nos primeiros tempos de vida, estabelecendo com ela laços positivos de afeto, que responde a duas necessidades: a proteção e a socialização. Nesta relação de vinculação, a criança começa a interiorizar regras e padrões sociais filtrados pela mãe e que lhe serão úteis na realização de comportamentos ajustados ao grupo. Do clima emocional da vinculação depende o equilíbrio no relacionamento social, pois a vinculação é a necessidade de contactos físicos e emocionais. Estar vinculado é o que se pode designar por “base de segurança” a partir da qual o bebé explora o mundo e para a qual regressa se sentir ameaçado ou inseguro.
2. Resiliência: Superar Adversidades
A resiliência é a capacidade para enfrentar, vencer e ser fortalecido por experiências adversas. A resiliência permite ao ser humano pensar e agir de modo equilibrado, não “fervendo em pouca água”. Permite enfrentar racional e emocionalmente as situações difíceis, sem que elas afetem a identidade ou os comportamentos do indivíduo, que devem decorrer sem desajustes significativos. Trata-se de um conceito que comporta um potencial valioso em termos de prevenção e promoção da saúde das populações. Em certas ocasiões, as circunstâncias difíceis ou os traumas permitem desenvolver recursos que se encontravam latentes e que o indivíduo desconhecia até então. Logo, a pessoa resiliente é aquela que está mais preparada para enfrentar maiores desafios na vida ou para enfrentar outras situações que acontecem mais tarde.
3. Fatores da Resiliência
Os principais fatores são: otimismo, autoconfiança, conhecimento da situação, autodomínio, empatia e relacionamento. No otimismo, a resiliência acentua-se com o sentido de esperança, ou seja, com a crença de que as coisas talvez não sejam tão dramáticas como parecem e de que, de um momento para o outro, elas podem melhorar. No conhecimento da situação, a determinação objetiva dos problemas e a identificação correta das suas causas permite que as pessoas se ponham em salvaguarda relativamente aos efeitos prejudiciais que delas possam advir.
4. Impressões e Categorização Social
Nas impressões, no primeiro contacto que temos com alguém que não conhecemos, construímos uma imagem, uma ideia, selecionando alguns aspectos que consideramos mais significativos, ou que realçamos mais tendo em conta a nossa observação. Não é possível armazenar toda a informação referente às pessoas com quem contactamos, pois o relacionamento está em constante evolução. Assim sendo, reagrupamo-los em diferentes classes a partir do que consideramos serem as suas diferenças e semelhanças, ou seja, estamos perante a categorização social. No caso das impressões, categorizamos a pessoa a partir dos contactos que temos com a mesma, em que recolhemos informação proveniente de encontros ou de informação fornecida por outras pessoas. Esta ideia global com que ficamos vai orientar o nosso comportamento, porque nos fornece ferramentas e um esboço psicológico da pessoa. A forma simplificada como classificamos a pessoa permite comportarmo-nos de forma segura na relação interpessoal. Ao desenvolvermos expectativas sobre o comportamento dos outros através das impressões que formamos, isso possibilita-nos planear as nossas ações, construindo categorias sociais, o que nos permite agir de forma conveniente socialmente.
5. Expectativas e Relações Sociais
As expectativas são atitudes psicoafetivas que, em face de certos indícios, conduzem a pessoa a antecipações em relação a determinadas ocorrências sociais. Um exemplo muito claro da importância das expectativas na vida social é-nos dado pelas relações duradouras que se estabelecem entre pessoas, como o marido e a mulher. Numa sociedade, os papéis sociais prescrevem todos um conjunto de comportamentos-padrão, de tal forma institucionalizados que os seus membros sabem quais as reações que os seus comportamentos podem provocar. Permite prever os comportamentos dos outros e o que fazer em determinadas situações, e isso pode contribuir para uma melhor adaptação e um sentimento de confiança, aumentando a nossa autoconfiança.
6. Atitudes: Componentes e Definição
As atitudes são predisposições adquiridas e relativamente estáveis que levam as pessoas a reagir de forma positiva ou negativa em relação a objetos de natureza social. As suas componentes são três, nomeadamente:
- Elemento intelectual: relacionado com o que sabemos ou acreditamos saber acerca de algo.
- Elemento emocional: relacionado com os sentimentos acerca de algo.
- Elemento comportamental: relacionado com o que estamos dispostos a fazer em relação a algo.
7. Normalização, Conformismo e Obediência
A normalização é o estabelecimento de normas sociais com base na influência recíproca dos membros de um grupo, hesitantes quanto aos modos convenientes de pensar e de agir. A normalização permite a uniformização de comportamentos dentro desse grupo, permitindo prever o seu comportamento. O conformismo é a tendência das pessoas para aproximarem as suas atitudes e os seus comportamentos às atitudes e aos comportamentos dos outros elementos do grupo. Estes são regidos por normas aceites pelos seus membros, que devem ser cumpridas por eles. Se um grupo for conformista e acatar as normas, será muito coeso e uniforme. A obediência é a tendência de cumprir para se submeter a normas e instruções definidas e ditadas por outrem. Assim, para os executores da tarefa, o responsável será a figura de autoridade que os instigou ao cumprimento da ordem. Acatando as ordens, quer estejam de acordo com os princípios próprios ou não, as pessoas obedecem e não assumem a responsabilidade inerente ao ato em questão. Para uma pessoa, existem normas e, como tal, tem que se conformar com isto e tem de obedecer. Logo, menor autoestima, maior tendência para o conformismo e para a obediência.
8. Atração, Agressão, Intimidade e Preconceitos
A atração interpessoal é a constelação de sentimentos positivos que leva um ser humano a aproximar-se de outro. A agressão é o comportamento físico ou verbal realizado com a intenção de produzir sofrimento, dor ou prejuízo a uma pessoa, a objetos ou a si próprio. A intimidade é o desejo de comunicação profunda e confidencial, isto é, sentimento de proximidade, de vinculação ao outro. Os estereótipos são crenças rígidas e simplificadoras acerca de pessoas, grupos e instituições, que resultam de uma generalização abusiva. O preconceito é a atitude geralmente negativa em relação a membros de um grupo.