Sociedade, Ciência e Filosofia no Séc. XIX

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Sociedade, Ciência e Filosofia na Segunda Metade do Século XIX

2.1. A Nova Filosofia

A base teórica do novo movimento literário será uma escola de filosofia chamada positivismo, inaugurada pelo francês Auguste Comte. Atingiu seu período áureo com a publicação do Curso de Filosofia Positiva no início dos anos 1850. O positivismo reduz o objetivo do conhecimento humano para a chamada "evolução positiva", isto é, aqueles fatos que podem ser captados pelos sentidos e sujeitos à verificação pela experiência. Comte, defendendo sua teoria, afirmava que a razão humana teve que renunciar às preocupações teológicas e metafísicas "para reduzir o estudo das ciências positivas (matemática, física, química, biologia, etc)". A teoria positivista foi de grande importância para os literatos da época. Suas teses fundamentais contribuíram para o nascimento de um romance essencialmente agnóstico, basicamente preocupado com a realidade externa (verificável pelos sentidos) e as questões sociais (no naturalismo, principalmente).

2.2. Cientificismo

Como resultado da filosofia positivista, e com base nos avanços científicos do último meio século, será dominado pela exaltação da ciência, que se tornará um verdadeiro "Deus", como aconteceu com a razão no século XVIII ou o sentimento no Romantismo. O homem da época contará com o poder quase ilimitado da ciência em resposta às grandes interrogações da vida. Tudo é baseado em dados comprovados, e isso é perfeitamente aplicável às obras literárias. Nos romances, o cientificismo pode ser demonstrado apenas com referência ao nascimento de dois novos gêneros romanescos: a história de detetive e a história de antecipação.

2.2.1. A História de Detetive

Até meados do século XIX, na França, começarão a ser divulgadas as histórias do americano Edgar Allan Poe (1809-1849), que levariam muitos autores a escrever histórias em que a ação penal é apresentada com mistério, e o problema, racionalmente, tem que merecer uma explicação do detetive protagonista. Dentre eles, destaca-se a obra de Arthur Conan Doyle (1859-1930), que garantirá o sucesso editorial com o detetive Sherlock Holmes como defensor do método dedutivo.

2.2.2. O Romance de Antecipação

Mas as descobertas científicas do século encontrarão seu curso mais importante nas histórias literárias de antecipação, ou o que mais tarde seria chamado de ficção científica. O verdadeiro criador do gênero é o francês Júlio Verne (1828-1905) que, desde 1863, começou a publicar uma grande coleção de romances em que o argumento gira em torno de uma possível descoberta (o submarino, a nave espacial, viagens rápidas, etc.), dado o estado da ciência na época. Assim surgiram Vinte Mil Léguas Submarinas, Da Terra à Lua, Volta ao Mundo em 80 Dias ou Viagem ao Centro da Terra.

2.3. Condicionantes Sociais

Durante todo o século XIX, a nova classe média está prosperando graças à aplicação dos avanços científicos à indústria, é o que se chama de Revolução Industrial. O triunfo da máquina ajudará a burguesia, provocando o abandono dos ideais liberais, tendo alcançado o poder político. Assim nasceu o sistema capitalista, em que a produção industrial determinará o impacto econômico, social e político. A Revolução Industrial e o capitalismo transformarão totalmente a sociedade ocidental, eliminando a importância da aristocracia hereditária e impondo, no topo da pirâmide, a "aristocracia do dinheiro". Na base da pirâmide, emergirá uma nova classe, o proletariado industrial, sujeito às necessidades de produção, sem a proteção do poder da burguesia, que vive à beira da pobreza.

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