Sociedade e Economia na Época Moderna: Portugal e Países Baixos
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Nobreza, Comércio e Sociedade no Antigo Regime Português
A sociedade portuguesa do Antigo Regime era uma estrutura de ordens hierarquizada e estratificada. A Nobreza detinha cargos, distinções e títulos, bem como a maior parte das propriedades. Era agraciada com as mercês concedidas pelos monarcas e integrava os principais cargos da hierarquia religiosa.
Tipos de Nobreza e o Papel dos Mercadores
- Nobreza de Sangue: Ocupava altos cargos na administração e no exército. Recebia doações e mercês régias como pagamento por favores e serviços.
- Nobreza Mercantilizada: Ocupava os cargos de direção do comércio ultramarino. Juntava os rendimentos da terra, dos cargos que exercia e das dádivas reais, dando origem ao Cavaleiro-Mercador. Este exercia funções no império (governadores, comandantes de praças militares, feitores). Devido ao comércio, conseguia comprar mais terras ou artigos de luxo. Membros desta nobreza aburguesaram-se pelo comércio e pela gestão dos complexos ultramarinos.
- Burguesia Mercantil: Controlava o comércio interno e externo. Tinha dificuldade em se afirmar economicamente porque pagava pesados impostos. Na época da Restauração, deu-se o crescimento da burguesia devido à decadência do monopólio régio, à entrada nas redes comerciais do Império Espanhol e ao domínio do comércio do açúcar brasileiro. Enriquecida pelo comércio ultramarino, ascendeu aos escalões superiores da hierarquia social, dando origem aos Burgueses Enobrecidos. Esta nova nobreza (de toga ou nobreza administrativa) surgiu para satisfazer as necessidades do Estado e era constituída por juristas de origem burguesa que ocupavam cargos públicos de destaque.
Desafios da Expansão Ultramarina Portuguesa
Escassez de Recursos Humanos e Meios de Pagamento
Na época da expansão ultramarina, Portugal era um pequeno reino na Europa cristã, com cerca de 2 milhões de habitantes espalhados por todo o império (continente, África, Oriente, Brasil e ilhas). Na expansão ultramarina, participaram funcionários da Coroa com contratos temporários e pagos para o efeito, bem como particulares que obtinham licença para comerciar em entrepostos por um período determinado. Iniciou-se uma emigração crescente para o ultramar.
Portugal debateu-se com os seguintes problemas:
- Emigrantes insuficientes para colonizar o império;
- Concorrência de outros países europeus;
- Diminuição das receitas aduaneiras;
- Crise que afetou a venda de produtos comerciais como o sal e as especiarias;
- Agitação política e social.
Agro-Pastoricía e Manufaturas nas Províncias Unidas
As Províncias Unidas nasceram da revolta dos Países Baixos do Norte, liderados por Guilherme, o Taciturno. Em 1579, nasceu a República das Províncias Unidas. A nova república edificou-se sob a tolerância religiosa, liberdade de pensamento e valor do indivíduo.
As Províncias Unidas beneficiaram da sua localização geográfica no cruzamento de rotas comerciais internacionais, alcançando uma notável prosperidade. Investiram no desenvolvimento técnico como forma de rentabilizar a sua produção agrícola. Para isso:
- Conquistaram terras ao mar com a construção de diques, canais e moinhos de drenagem;
- Modernizaram a cultura, substituindo o sistema trienal pela rotação contínua de culturas sem pousio;
- Introduziram novas culturas como o feijão, milho e batata, e cultivavam o trevo como fertilizante natural e alimento para animais;
- Cultivavam ainda o linho, o algodão para a indústria têxtil e o tabaco;
- Desenvolveram a pastorícia e a criação de gado para aumentar a produção de leite, carne, lã e couros, usando o estrume de animais para fertilizar os solos.
A alta rentabilidade levou também a burguesia mercantil a apostar na agricultura.