Sociologia Ambiental: Os Paradigmas de Dunlap e Catton

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Dunlap e Catton lançam assim a sua sociologia do ambiente como um desafio radical ao conjunto da comunidade científica da sociologia e ao seu velho paradigma, que consideram incapaz de integrar convenientemente o tipo de problemas insistentemente colocados por diversos sectores e reunidos enquanto ecológicos e ambientais. Os autores vão designar o seu paradigma/Visão Antropocêntrica Dominante das Ciências Sociais por HEP 1 e 2.

O Paradigma Antropocêntrico Dominante (HEP)

Premissas Paradigmáticas da HEP:

  1. Os humanos têm uma herança cultural acumulada, distinta da herança genética, sendo diferentes das outras espécies.
  2. Os factores sociais e culturais (incluindo a tecnologia) são grandes determinantes das ações humanas.
  3. Os ambientes sociais e culturais são, por excelência, o contexto da ação humana, sendo o ambiente biofísico pouco relevante.
  4. A cultura é cumulativa, e o progresso tecnológico e social não tem limites, encontrando-se sempre uma solução para os problemas sociais.

Segundo os autores, a visão comum de “isenção humana”, partilhada pelas comunidades sociológicas, teria sido modelada pelas teorias do progresso na sociologia e pela experiência eufórica do tecnicismo industrial americano. Contudo, esta visão estaria comprometida nos dias de hoje pela natureza dos problemas ecológicos colocados à escala global.

O Novo Paradigma Ambiental (NEP)

Assim, Dunlap e Catton propõem o seu novo paradigma, o NEP (New Environmental Paradigm), considerado por alguns uma tentativa polémica de reorientar a sociologia. Este paradigma sublinha a dependência dos ecossistemas por parte das sociedades humanas. Sem negar as características excecionais da nossa espécie, não isentam o ser humano dos princípios ecológicos e das influências e constrangimentos ambientais. Assim, os autores defendem que não existe nenhuma oposição entre o ethos societal e o ethos ambiental, mas sim interação e influência mútua.

Características do NEP:

Este conjunto de características em que se baseia o NEP enfatiza as características inegavelmente excecionais do ser humano, mas simultaneamente sublinha a força das leis ecológicas no enquadramento da atividade humana:

  1. Embora possuam características excecionais (cultura, tecnologia...), os seres humanos vivem com várias outras espécies, todas elas envolvidas no ecossistema global de forma interdependente.
  2. As ações humanas são influenciadas pelos factores sociais e culturais, pela relação de causa-efeito e de feedback na natureza.
  3. Os seres humanos vivem e são dependentes de um ambiente biofísico limitado, o que provoca fortes constrangimentos físicos e biológicos nas ações humanas.
  4. Apesar da criatividade humana e das suas potencialidades extrapolarem os limites da capacidade de carga do planeta, as leis ecológicas devem ser contempladas.

Implicações do NEP:

A proposta do NEP implica:

  • O fim da visão do mundo onde o ser humano teria um estatuto de salvaguarda e isenção absoluta.
  • A conceção das causas dos problemas ambientais baseada na integração sistémica de factores biofísicos, sociais e culturais, tais como população, tecnologia, sistema social, sistema cultural e sistema de personalidades, que os autores desenvolvem num modelo de análise sobre interações entre ambiente e sociedade.

O Complexo Ecológico de Catton e Dunlap

Catton e Dunlap falam numa interdependência recíproca de todos os factores e dão forma ao seu complexo ecológico, através do qual se equaciona a relação multicausal das interações entre população, tecnologia e organização social, e que tanto serve à explicação das “causas” da degradação ambiental como das “consequências” ambientais sobre a sociedade.

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