Sociologia do Turismo, Lazer e Estrutura Social
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As Ciências Sociais Aplicadas ao Turismo
O turismo é um fenómeno social global, abrangendo o processo de globalização das economias e da cultura, bem como as melhorias nos meios de comunicação e transporte. Abrange todas as camadas sociais.
Os turistas estão envolvidos em primeira instância com os prestadores de serviço. Dessa inter-relação, podem surgir características peculiares que afetam outros grupos de pessoas, pois os turistas também se relacionam entre si.
Os turistas são os maiores consumidores, mas os criadores de atrações turísticas, juntamente com os prestadores de serviço, são quem fazem a oferta.
Em relação às ciências humanas, Deleuze aplica alguns princípios do rizoma: conexão, heterogeneidade, multiplicidade e ruptura. Esta comparação aplica-se ao turismo, pois é um fenómeno que cresce e se espalha no tempo e no espaço, embora não se justifique no turismo de massa, que se caracteriza pela sua fidelidade a modelos comportamentais.
O turismo implica infraestruturas e atrativos, mas é necessário um recurso que sirva de base para o transformar em algo atrativo, e turistas que o visitem. Assim sendo, os turistas, atrativos, recursos e serviços são interdependentes, mas autónomos.
O turismo envolve o planeamento, neste caso a comercialização. As agências devem construir os seus pacotes separadamente, comercializando um produto final: o produto turístico. Apesar de haver algumas divergências, pois o turismo não significa apenas viajar. O planeamento do turismo, por vezes, é reduzido à propaganda turística e à criação de pacotes por parte dos operadores, criando assim uma desordenação. Na América Latina, esse planeamento, que se chama terceiro nível, não existe ou existe apenas parcialmente, pois o turismo é planeado pelos empresários, que detêm o capital. O que fazem é cuidar do bem-estar do turista, que é o mais importante. Existe o macroplaneamento, que é a construção de equipamentos turísticos, elaboração de pacotes, roteiros e outros elementos que confirmam a oferta turística, sendo de competência privada.
O turismo é um produto que se interliga com as matérias-primas da natureza, cultura material, recreação, alimentação e hospedagem. Por isso, as ciências sociais não veem o turismo como um objeto válido de estudo, pois tem-se desenvolvido no mercado e não como uma participação ativa nas comunidades afetadas.
O turismo também tem a sua parte socioantropológica, em que as pessoas se deslocam do seu habitat natural de residência durante um período de tempo, realizando assim uma migração temporária. Podem entrar em contacto com os moradores ou, na sua ausência, com os prestadores de serviço.
A plataforma de ataque (que traz efeitos negativos para o turismo), mas o turismo deixa um legado positivo, sobretudo na preservação de áreas históricas ou naturais, assim como no enriquecimento de informação, sendo chamado de plataforma de defesa. Os turistas já não são tão manipuláveis, fazendo parte da plataforma do conhecimento.
O efeito multiplicador faz com que o dinheiro do turista seja distribuído entre os assalariados e os fornecedores. O governo ganha com o turismo na forma de impostos, assim o turismo contribui para as receitas do Estado e não só.
Os turistas procuram vivenciar experiências diferentes do seu dia a dia, o que pode levar à gentrificação. Assim sendo, o turismo é uma grande saída para gerar emprego e aumentar o poder económico.
Evolução do Conceito de Lazer
O lazer tornou-se uma palavra bastante comum para designar pacotes de turismo, passeios no parque, leitura, ver televisão e expressa-se nas diferentes classes sociais.
Lazer significa descanso, folga, e em espanhol é ocio.
Os cinco momentos históricos são:
- Grécia Antiga: o ócio como ideal.
- Ócio Romano.
- Idade Média: o ócio como um vício pelo puritanismo (parte inglesa).
- Ócio Burguês: um tempo desassociado ao trabalho.
Para os gregos, o ócio era o tempo livre, sendo este mais importante que o trabalho. Nas representações gregas, o ócio era visível nos ginásios, termas e fóruns, e só era possível graças aos escravos que trabalhavam para eles. O trabalho era crucial, pois sem os escravos, os gregos não poderiam desfrutar da sua vida de ócio, que incluía adorar os deuses, discutir no fórum, ir ao ginásio e às termas.
Aristóteles não considerava o ócio apenas como repouso e diversão.
Com o fim da civilização grega, os romanos, muito ocupados com o seu trabalho, começaram a procurar o ócio.
Só tinham direito ao ócio quem trabalhasse, como era o caso do exército, comércio e o Estado, e aproveitavam para as suas diversões, que era o "Panis et circenses". O ócio de massas era uma forma de organizar o turismo, onde havia os Ludi, embora não fosse o turismo como o conhecemos hoje em dia. Para que o povo ficasse satisfeito, os romanos davam pão e circo, e prazer em assistir a lutas, morte e banquetes.
Havia o ócio com dignidade, que era o culto aos deuses, no qual só participavam os intelectuais.
Com a queda do Império Romano, a Idade Média organizou-se segundo o cristianismo. As raízes da sociedade medieval fizeram com que as pessoas vivessem e reproduzissem os mandamentos.
O ócio na Idade Média manifestava-se nas festividades religiosas e nas comemorações referentes às vitórias nas guerras.
A época medieval era teocêntrica, focada na salvação da alma e no medo do inferno. Assim sendo, o ócio era a busca dos seus e o culto da fé.
Existia a negação dos prazeres da vida, e só a classe social mais alta o podia fazer. Aparece um novo tipo de tempo, o improdutivo, que reflete a riqueza e o poder de quem o pratica. Gastavam o tempo para mostrar o ócio, que conferia o poder de não fazer nada, pois o tempo produzia o ócio e o trabalho, que eram sinónimos de submissão e distinção social.
O puritanismo via o consumo como uma fonte artificial de riqueza, prestígio e poder: quanto mais se tem, mais alto se está na sociedade.
No Renascimento, surgem mudanças nos valores na Europa, com o fim do processo feudal e o advento do capitalismo mercantil.
Com a Reforma, e devido à influência da Igreja na modelagem dos pensamentos das pessoas, a ética protestante deu um novo significado ao trabalho, valorizando o tempo necessário para as atividades produtivas.
Na Europa do Sul, o dilema era o trabalho: quem não trabalhava era malvisto. No Norte, o julgamento da Igreja Católica começou a ter crises, havendo assim uma Reforma Protestante (Luterana e Anglicana), que incentivava o investimento do lucro resultante do trabalho.
O puritanismo é uma forma de comportamento. O trabalho é em detrimento do ócio. O seu resultado, passando pelas colónias americanas, fez da América do Norte um país extremamente conservador. Todos os hotéis americanos têm uma Bíblia.
O ócio era visto como a condenação eterna, a mãe de todos os vícios.
Na Idade Moderna, valoriza-se o trabalho e condena-se a ética protestante. Surge o capitalismo moderno, que é a nova ética social do século XVIII. Na sociedade pré-industrial, havia atividades de ócio no trabalho, como as desfolhadas, e começaram a surgir pausas para dançar e jogar. No entanto, isto não era considerado lazer, porque não era um aspeto isolado. Com o desenvolvimento da moral burguesa, hábitos como saltar e cantar depois da missa, ou pausas aos domingos, começaram a ser malvistos, pois começou-se a distinguir o tempo de trabalho do tempo livre.
Com a Revolução Industrial, trabalhavam-se 14 horas e o resto do tempo era ocupado para repor energias, neste caso, comer. O tempo livre era tempo perdido.
Todos tinham de trabalhar; caso contrário, não se conseguiam comprar os recursos de subsistência.
Ocupavam-se também para adorar os santos e fazer algum desporto.
Com a Revolução Industrial, aumentou a necessidade de trabalho: mais máquinas, mais produção, mais trabalhadores, e quanto mais trabalho, mais os patrões ganhavam. Com isso, surgiram consequências: os sindicatos, que lutavam pelos operários, pela redução do tempo de trabalho e pelo aumento salarial, o que levou à possibilidade de desfrutar do tempo livre. Surgiu a redução da jornada de trabalho diária e semanal, férias pagas e mais tempo livre, que era controlado pela burguesia e associado ao consumo.
Assim sendo, o lazer é tudo o que podemos fazer depois de nos desembaraçarmos das obrigações profissionais, familiares e sociais.
A indústria do lazer afirmou-se no século XX, ligada ao capital. Surge o conceito de direito à preguiça.
No final do século XIX, na Inglaterra, nascem os três setores económicos: o primário, secundário e terciário.
Em 1889, nos EUA, nasce a sociologia do lazer, um determinado modo de vida que só é possível graças à interação com outras pessoas.
Assim, o lazer é uma necessidade, e o consumo é necessário à dimensão do sistema capitalista.
Os gastos supérfluos permitem a boa vida dos ricos: não produtivos, superconsumidores, ociosos, fartos.
Aparece a desigualdade social: se o trabalhador tem direito a tempo livre, quanto gasta e se permite que tenha dinheiro para o gastar. Os patrões têm mais lucro, maiores salários e melhores condições de vida.
A sociedade de consumo vê no trabalho uma forma de ganhar dinheiro. No tempo de lazer, pode-se consumir mais.
A sociologia do trabalho ajuda a perceber o lazer, a criatividade, a iniciativa, a responsabilidade e a realização, o que o trabalho retira às pessoas e o que o lazer permite recuperar.
Para De Grazie, o tempo livre é um tempo não ocupado, não produtivo.
Vivemos a vida toda a trabalhar. Quando o homem começa a trabalhar, tem muito pouco tempo de ócio.
O fim de semana dos portugueses começa ao sábado depois do almoço, até domingo às 16h. O tempo de ócio é de apenas um dia.
Para Marcuse, temos ócio, mas não temos tempo livre, porque o Estado restringe o tempo disponível que o ser humano tem, devido ao trabalho.
As diferentes interpretações do ócio: o ócio é passear, ler, viajar, mas pode ter uma interpretação subjetiva; qualquer atividade, incluindo o trabalho, pode ser encarada como ócio, se trabalharmos de forma satisfatória. Do ponto de vista sociológico, o ócio e o tempo livre podem ser um direito individual e coletivo, mas há sociedades onde as pessoas têm de trabalhar o dia todo e não têm tempo para se dedicar ao ócio. Há pessoas que se valem do que está escrito na Constituição para assim terem férias.
Os Impactos do Turismo
O turismo passou a exigir novos modelos de espaço, correspondendo ao novo tipo de vida humana, desenvolvendo as condições económicas da região onde é processado, sem esquecer as transformações que são feitas a nível dos costumes e culturas locais.
O turismo tem o "poder" de transformar e influenciar um local, bem como as pessoas e suas culturas, podendo também influenciar o ambiente físico, a atividade económica, as artes, a cultura, a estrutura social e o próprio comportamento coletivo.
Os turistas não necessitam de entrar em contacto com os moradores, derivando assim um impacto social indireto, em que a população também modifica os seus comportamentos de consumo, aumentando o seu leque e acelerando as mudanças sociais.
Segundo Plog (1977), os turistas podem ser classificados numa linha que vai dos alocêntricos num extremo aos psicocêntricos no outro. O grupo dos alocêntricos sente-se atraído por novos destinos desconhecidos, nos quais não existe desenvolvimento turístico prévio e onde se podem adaptar aos costumes locais. Já o grupo dos psicocêntricos procura locais familiares, não se aventurando em locais desconhecidos, embora os seus impactos sejam mais significativos do que os alocêntricos, pois estes estão sempre à procura de novos locais, menos visitados.
Para Doxey (1975), a relação entre turistas e moradores passa por cinco fases:
- Fase da Euforia: Desperta entusiasmo na população residente.
- Fase da Apatia: O turismo é visto como um negócio lucrativo.
- Fase da Irritação: Os moradores precisam de alguma compreensão para poderem aceitar a atividade turística.
- Fase do Antagonismo: O turismo é considerado a causa de todos os males do lugar.
- Fase Final: O destino perdeu todos os atrativos que originalmente atraíram os turistas.
O turismo pode influenciar a estrutura social de uma região ou de um país, devido ao emprego, que é uma forma de aumentar o bem-estar dos residentes, tanto a nível económico como social. O autor também faz referência às etapas do ciclo de vida de um destino turístico:
- Exploração
- Compromisso
- Desenvolvimento
- Consolidação
- Paralisação (sendo esta última o declínio do destino turístico, ou o seu rejuvenescimento).
O turismo pode também influenciar diretamente a estrutura social de uma região ou de um país, pois o setor turístico é uma fonte de rendimento para muitos moradores, aumentando o seu bem-estar económico e social, mais precisamente nos meios rurais.
O turismo traz benefícios, como melhorias sanitárias, informações básicas de saúde e higiene, iluminação, recolha de lixo, melhoria nas comunicações, novas filiais de entidades financeiras, etc., o que faz com que a qualidade de vida dos residentes aumente.
Pode também estimular os moradores pela sua própria cultura, tradições e património histórico, pois estes serão recuperados, conservados e incluídos na atividade turística. A valorização do artesanato local começa a significar muito para a comunidade local, onde muitas famílias veem os seus rendimentos aumentar devido a este tipo de bens. Assim, dão continuidade à história e cultura que a sua comunidade representa.
Assim sendo, o turismo contribui para a preservação e reabilitação de monumentos, edifícios e lugares históricos, bem como para a revitalização dos costumes locais: artesanato, folclore, festivais, gastronomia, entre outros.
Os moradores podem fazer intercâmbio cultural com os turistas.
No entanto, também podem surgir aspetos negativos, socialmente: o aparecimento de guetos luxuosos em lugares pobres, a ocupação de trabalhadores estrangeiros em postos de nível mais qualificado, salários mais baixos para os trabalhadores nacionais, entre outros.
O aumento do crime, prostituição, jogo, terrorismo e conflitos por causa da droga. Pode igualmente descaracterizar a cultura do lugar visitado, podendo até desaparecer, e pode igualmente criar a inculturação.
A população local pode ficar descontente e, se o turista se aperceber disso, pode significar uma perda de qualidade da sua experiência turística. O acolhimento da população e a segurança do turista constituem aspetos-chave da atividade turística como um todo.
Assim sendo, é fundamental garantir uma experiência turística de qualidade que melhore a capacidade de retenção local.
O turismo favorece a valorização da qualidade ambiental relacionada com o ordenamento do território, a conservação de zonas naturais, culturais e históricas. Para isso, é crucial evitar os efeitos negativos, pois o turismo deve ser entendido como um setor promotor de crescimento e de benefícios múltiplos, de índole socioeconómica e cultural.
O Ciclo Vital
Aos diversos momentos pelos quais o ser humano passa desde que nasce até que morre chamamos de ciclo vital.
A infância não existia na Idade Média; as crianças eram vestidas como "pequenos adultos", com rostos maduros e vestindo as mesmas roupas que os adultos.
Hoje em dia, a infância já tem outro significado, sendo um período mais longo na vida das pessoas, pois as sociedades modernas estão mais centradas na infância do que as sociedades tradicionais, onde nem todas as crianças desfrutavam do amor e dos cuidados dos pais e outros adultos.
Nas sociedades modernas, esse período tem tendência a ser mais curto, pois hoje em dia as crianças assistem aos mesmos programas de televisão que os adultos, mas em algumas culturas isto não existe.
Os adolescentes estão no caminho entre a infância e a maturidade e crescem numa sociedade que está sempre a mudar. Apesar de em certas sociedades o adolescente querer começar a trabalhar mais cedo, a lei não o permite, mantendo-os na escola por períodos cada vez maiores e tratando-os como crianças.
O jovem adulto ocupa-se em viagens, na exploração da sua vida sexual, política ou religiosa.
Na idade adulta, a maioria dos jovens ocidentais tende a aspirar a uma vida alargada até à velhice, pois a esperança média de vida tem vindo gradualmente a aumentar.
O adulto já pode decidir, criando vínculos familiares, não por uma escolha feita pelos pais, mas sim pessoal. Representa assim uma maior liberdade, mas a responsabilidade é mais acrescida, criando mais tensão e dificuldade.
A crise dos quarenta é muito frequente para as pessoas de meia-idade.
No passado, a velhice era vista com profundo respeito e a última palavra cabia aos mais velhos.
Na família, a autoridade, tanto masculina como feminina, aumentava com a idade.
Numa cultura tradicional, essa passagem podia significar o topo da escala social, mas hoje em dia já não é assim, pois alguns são expulsos da vida familiar e da parte económica, tornando-os assim inúteis.
As Classes Sociais
Nas desigualdades sociais, percebemos que os indivíduos são diferentes, tanto a nível material, raça, sexo, cultura e outros. Os seres humanos são diferentes, tanto física como socialmente, e isso é constatado na nossa sociedade, pois muitos vivem em palácios de luxo, enquanto outros vivem na miséria. Em cada sociedade existe uma desigualdade que é constituída por um conjunto de elementos económicos, políticos e culturais próprios de cada sociedade.
No século XVIII, as desigualdades, como a pobreza, eram vistas como um fracasso, dando origem às relações entre o capital e o trabalho, onde o grande patrão e o trabalhador assalariado passaram a ser os principais representantes desta organização.
Foi devido ao liberalismo, que se baseava na defesa da propriedade privada, comércio livre e igualdade perante a lei. O homem de negócios representava o sucesso total. Os pobres deveriam então apenas cuidar dos bens do patrão (máquinas, ferramentas, transportes e outros) e, supostamente, Deus era testemunha do esforço e da dedicação do trabalhador ao seu patrão. Diziam que a pobreza se dava pelo seu fracasso e pela ausência de graça, então o pobre era pobre porque Deus assim o quis. Só servia para trabalhar e ganhava apenas para a sua sobrevivência; os ricos eram ricos à custa dos pobres e estes não podiam deixar de ser pobres.
A desigualdade como produto das relações sociais: Karl Marx desenvolveu uma teoria sobre a noção de liberdade e igualdade do pensamento liberal. Criticava o liberalismo porque só expressava os interesses de uma parte da sociedade e não da maioria, como deveria ser. Considerava as desigualdades sociais como produto de um conjunto de relações pautadas na propriedade como um facto jurídico e também político. O poder de dominação é que dá origem a essas desigualdades.
As desigualdades originam-se nessa relação contraditória, refletem-se na apropriação e dominação, dando origem a um sistema social em que uma classe produz e a outra domina a produção. São fruto das relações sociais, políticas e culturais, mostrando que não são apenas económicas, mas também culturais.
Para se obter uma posição social, encadeia-se na sociedade em que vivemos, chamando-se estratificação social. As desigualdades existem em todas as sociedades, com origem em diversas causas: riqueza, propriedade, sexo, idade, status quo. A estratificação pode ocorrer com base, por exemplo, em elementos biológicos como a idade ou o sexo. Na sociedade de castas, não há mobilidade social, como é o caso da Índia. A sociedade feudal está ligada ao conceito de honra, permite uma certa mobilidade social (tradição, linhagem, vassalagem, honra, cavalheirismo), como exemplo na Idade Média. A sociedade de classes sociais é predominante nas sociedades modernas, ligada à estrutura económica e política. Assim sendo, a posição social que uma pessoa ocupa na estrutura social encontra-se relacionada com o prestígio social, a linhagem, a raça, a cultura, a religião e o nível de formação.
As classes sociais mostram as desigualdades da sociedade capitalista. Cada classe tem o seu status próprio na sociedade e supõe uma certa consciência de pertença comum, bem como um sentimento de oposição ou de tensão com uma ou várias categorias sociais, consideradas como adversárias.
A categoria social ou classificação social é um conceito simples, que é o agrupamento de pessoas no sentido de se poderem distinguir de outros agrupamentos semelhantes. São categorias socioprofissionais: administradores de empresas, rececionistas, cozinheiros, etc. Assim sendo, uma profissão também pode ser reconhecida pela sociedade.
As classes sociais dividem-se em: classe alta, média e baixa. A classe alta é constituída pelas pessoas e grupos sociais que possuem um status socioeconómico de poder, de decisão e de comando. Na classe média, o seu status socioeconómico reflete uma dependência laboral, política e social. É sobre esta classe que se tem desenvolvido o turismo de massas desde os anos 50 do século passado, em que a sua atividade turística se encontra limitada aos períodos de férias fixados pela legislação laboral, bem como pelo seu poder aquisitivo e pelas propostas de produtos e serviços turísticos oferecidas pelos operadores de turismo. A classe baixa é constituída pelo conjunto de pessoas e grupos sociais que se encontram numa situação limite do ponto de vista cultural, económico e social.
É a classe com maior dificuldade em concretizar atividades turísticas devido ao seu reduzido poder aquisitivo.
As classes sociais estão sempre em luta, com greves e reivindicações para melhorar a vida no trabalho. O cinema é uma forma de luta de classes, pois mostra o que acontece no mundo. A propaganda é dirigida ao público em geral, pois cria uma conceção do mundo.
Do ponto de vista turístico, o status económico-social, as categorias sociais e as classes sociais estão intimamente relacionadas com o conjunto de pessoas que fazem parte da procura turística: clientes, consumidores. Bem como da oferta, constituída pelo conjunto de fator humano englobado em níveis de comando, funções e categorias socioprofissionais e laborais. Os mercados turísticos são formados por pessoas e grupos bastante heterogéneos. Os consumidores turísticos têm características ou atributos distintos, diversos tipos de necessidades e, quando adquirem um produto ou serviço turístico, não procuram sempre os mesmos benefícios ou prestações, o que podemos chamar de segmentação do mercado turístico. Tradicionalmente, o turismo de algumas minorias, de elites ou de luxo, era também designado como turismo de qualidade. Contudo, hoje em dia, o conceito de qualidade também se exige em produtos e serviços mais baratos. É preferível um turismo de luxo com menos turistas, mas de maiores gastos e de maior permanência, o que em princípio pode significar mais lucro.
Até ao início do século XX, o turismo concentrava-se num conjunto de necessidades e motivações muito específicas: o descanso, a recuperação da saúde, um certo interesse pelas praias, as reuniões sociais nos casinos, entre outros.
Depois da Segunda Guerra Mundial, os trabalhadores alcançaram um conjunto de regalias e de direitos que permitiram o desenvolvimento de outro tipo de turismo: o turismo de massas, que inclui a redução da jornada de trabalho, férias pagas, livre circulação de pessoas, desenvolvimento dos transportes aliados à "democratização" dos seus preços e a industrialização de pacotes turísticos.
As classes sociais e o turismo implicam diferentes status, autoridade, poder (político, económico, militar), propriedade, rendimento, padrões de consumo, estilos de vida e ocupação/profissão.
As classes são:
- Multidimensionais: Não se determinam só em função de uma dimensão, mas de uma combinação de dimensões.
- Hierárquicas: Posições determinadas numa escala social.
- Homogéneas: A interação é "condicionada" a membros da mesma classe – tendência para se relacionarem entre si.
Existem dois tipos de mobilidade social:
- Mobilidade Vertical: Refere-se ao movimento ascendente ou descendente na escala socioeconómica.
- Mobilidade Horizontal ou Lateral: Refere-se ao movimento entre grupos com a mesma posição socioeconómica.
Pode ser também analisada através da mobilidade intrageracional (o percurso de um indivíduo ou grupo) e da mobilidade intergeracional (a comparação do percurso social de um indivíduo ou grupo). Em Portugal, a mobilidade intergeracional ascendente é superior à descendente, e a mobilidade ascendente das mulheres ultrapassa a dos homens.