Sócrates: Método, Ética e Sociedade vs. Sofistas

Classificado em Filosofia e Ética

Escrito em em português com um tamanho de 3,63 KB

O Método Socrático: A Maiêutica

O saber necessita de um método, sendo o diálogo uma parte importante e um instrumento adequado para provocar uma busca constante pela verdade e pela virtude. A maiêutica socrática consiste em etapas progressivas:

  • Ironia: Sócrates adota uma postura de aparente ignorância sobre o tema em discussão, solicitando ao interlocutor que o esclareça.
  • O Diálogo Indutivo: Através do diálogo construtivo, utiliza-se a lógica do processo indutivo para transcender a consideração de casos particulares, buscando o que a linguagem pode expressar de universal a partir deles.
  • A Definição: Chega-se ao conceito universal ou à ideia, que representa uma qualidade comum aos casos particulares, definindo linguisticamente a característica essencial que faz as coisas serem o que são.

A ironia, o diálogo com lógica indutiva e o processo de definição são etapas fundamentais do método socrático ou maiêutica. A filosofia de Sócrates é vista como uma terapia para libertar as pessoas da ignorância e conduzi-las à verdade. Mesmo que não se chegue a uma resposta definitiva, cada resposta suscita uma nova questão. Sua finalidade é promover a constante e intensa busca pela verdade.

Relação entre Ética e Política: Sócrates e os Sofistas

Para Sócrates, a ética deve regular a política, pois a virtude moral é o bem mais elevado (tanto individual quanto social), capaz de eliminar os conflitos e pacificar as relações sociais. A consciência social possui primazia na esfera externa (pública). O primeiro dever do cidadão é obedecer às leis, as quais Sócrates, em sua conduta, demonstrou nunca considerar intrinsecamente injustas, mesmo quando aplicadas de forma desfavorável a si. Considerava que apenas a inveja e a ignorância daqueles que o condenaram levaram a uma interpretação e aplicação injusta da lei em seu caso. As leis, para Sócrates, expressam a essência universal, do indivíduo e do Estado (polis). O homem deve-se à sociedade, pois sem ela não seria plenamente humano.

Em contraste, os sofistas, em geral, argumentam que as sociedades são regidas pela lei positiva (nomos, em grego), cuja base reside na convenção e na vontade humana, e não necessariamente no direito natural ou em uma verdade universal.

Relação entre Indivíduo e Sociedade: Sócrates e os Sofistas

Os sofistas defendiam uma posição predominantemente relativista, tanto quanto à possibilidade do conhecimento absoluto como em relação às formas de organização social e política dos homens. Segundo Protágoras, por exemplo, o determinante do direito social não é o indivíduo isolado ou uma natureza imutável, mas o conjunto dos homens que vivem em sociedade e suas convenções. Isso explica por que a natureza da lei pode ser modificada e variar entre diferentes culturas.

Os sofistas, em muitas interpretações, entendiam que a sociedade e suas leis poderiam ser utilizadas pelos indivíduos para alcançar seus próprios fins. Para Sócrates, ao contrário, a sociedade é o meio natural e necessário para o desenvolvimento dos seres humanos. O homem não é autossuficiente, nem na produção de bens para sua sobrevivência, nem, crucialmente, no seu desenvolvimento moral e espiritual. As leis, novamente, expressam a essência universal, do indivíduo e da sociedade. O homem não pode ser compreendido à margem da comunidade política (polis). Para Sócrates, a sociedade (e o bem comum) tem prioridade sobre o interesse puramente individual.

Entradas relacionadas: