Os Sofistas: Convenção, Relativismo e as Duas Fases
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Os Sofistas: Movimento Cultural, Relativismo e Convenção
O sofisma é a determinação do movimento cultural do século V a.C. Os sofistas eram professores itinerantes que viajavam de cidade em cidade ensinando aos jovens. O nome deriva do grego sophistés, que significa "sábio".
Os sofistas são formados por um movimento composto por vários estudiosos que partilham algumas convicções em comum:
Convenção e Leis Sociais (Nomos)
A Convenção estabelece que as leis sociais que regem a sociedade (nomos) não são naturais, mas sim convencionais. Isso significa que a sociedade não possui uma regulação imutável, nem um lugar fixo para cada indivíduo. As leis são criadas por pessoas, sendo fatores históricos e refletindo interesses específicos.
Não há uma ordem social imutável. As pessoas decidem o que é melhor para elas. As leis são mutáveis e convencionais, e não universais.
Os sofistas tinham viajado muito e vivido em sociedades e culturas diferentes, percebendo que o que as pessoas aceitavam como leis naturais era, na verdade, resultado de construções humanas.
Os sofistas defendem o convencionalismo, pois acreditam que devemos ser práticos, buscando leis que sejam úteis e beneficiem a comunidade.
As Duas Fases do Sofisma
O movimento sofista muitas vezes entrava em contradição, deduzindo várias consequências desse contraste. Por isso, refletem duas fases distintas:
1. O Primeiro Sofisma
- Surge antes da Guerra do Peloponeso, num contexto em que os cidadãos reivindicavam um lugar na política e respeito igualitário perante os aristocratas.
- Argumentam que os homens são iguais por natureza (physis).
- A sociedade determina o lugar de cada indivíduo.
- Acreditam que os mais qualificados devem reger a sociedade.
- Protágoras se destaca nesta fase.
2. O Segundo Sofisma
- Surge após a Guerra do Peloponeso, datando da derrota e do processo de crise e mudança da sociedade ateniense.
- Defendem a lei do mais forte, astuto e hábil, em oposição àqueles que são governados.
- Querem colocar o mais forte acima do mais fraco, quando deveria ser o inverso (a lei da natureza, segundo eles, é a desigualdade).
- A diferença entre as duas fases do sofisma é bastante radical.
Ceticismo e Relativismo
Ceticismo
O Ceticismo duvida que exista uma verdade absoluta. E, se ela existe, está fora da nossa capacidade de conhecimento como seres humanos. Por esta razão, os sofistas deixam a verdade universal de lado e concentram-se na utilidade, pois é necessário ser prático.
É impossível não cair em contradição ao dizer que não há verdade absoluta, pois se a verdade não é absoluta, isso significa que ela é relativa. Cada um tem a sua verdade, e pode considerar outras verdades como falsas. Os sofistas defendem que a verdade absoluta existe, mas não pode ser alcançada, focando-se na verdade relativa e útil.
Relativismo Moral
O Relativismo Moral defende que os valores morais são relativos; eles não são objetivos e podem ser entendidos de forma diferente, dependendo do tempo, da cultura, das pessoas e das circunstâncias. Dependendo das circunstâncias, podem ser interpretados de uma forma ou de outra. Devemos respeitar os valores dos outros, mesmo que discordemos.
Se não há valores morais absolutos, ninguém pode ser obrigado a respeitar e cumprir as leis, exceto quando estas são usadas para beneficiar os interessados.