Sonda Nasoenteral: Cuidados e Aplicação na Enfermagem

Classificado em Medicina e Ciências da Saúde

Escrito em em português com um tamanho de 8,41 KB

A escolha do tema da avaliação prático-teórica dos acadêmicos de enfermagem sobre a sonda nasoenteral me fez questionar como esta assistência é aplicada nos campos de estágio de graduandos em enfermagem. O foco da atenção reside no desejo de conhecer a atuação dos enfermeiros nas técnicas e cuidados relativos à passagem e cuidados com a sonda nasoenteral.

Durante a graduação do curso de enfermagem, vivenciei nos estágios hospitalares pouquíssimas passagens da SNE, pois, como dito anteriormente, necessita de manejo exímio e, por não ser um procedimento corriqueiro, as oportunidades também são limitadas.

Deste modo, espero contribuir de forma significativa com este trabalho, através da reflexão de enfermeiros e graduandos em enfermagem, sobre a importância de assumirmos nosso papel de assistir, acompanhar e desenvolver uma assistência de qualidade ao paciente em relação à necessidade de manejo e cuidados com a SNE.

Embora a avaliação do aprendizado prático e teórico sobre a sonda nasoenteral seja de interesse particular de cada graduando e da instituição de ensino que os assiste, torna-se necessário formar profissionais qualificados para suprir a demanda e garantir uma prática profissional de excelência.

Os pacientes e seus familiares só têm a ganhar com profissionais adequadamente qualificados e, em decorrência do acompanhamento contínuo do profissional enfermeiro envolvido em seu tratamento, terão oportunidades de prevenir complicações e receber orientações adequadas sobre os cuidados. Cabe ao enfermeiro aplicar todo o conhecimento científico adquirido em sua formação acadêmica e ao longo da vida profissional.

Revisão de Literatura

Conceitos de Nutrição Enteral

A nutrição enteral consiste na administração de formas elaboradas à base de nutrientes, através de sondas que fazem ligação direta com o estômago, duodeno ou jejuno, com o intuito de restabelecer o quadro nutricional do paciente.

O método utilizado é pouco invasivo, mas exige cuidados especializados. Ter conhecimento das técnicas de introdução das sondas, métodos para realizar a administração das dietas e saber reconhecer os riscos e complicações que possam advir dessa terapia são fundamentais.

De acordo com o Parecer Técnico Nº 05/08 do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (2008, p. 01):

A sondagem nasoenteral refere-se à passagem de uma sonda flexível através das fossas nasais, esôfago, estômago e intestino delgado. Este procedimento fornece uma via segura e menos traumática para administração de dietas, hidratação e medicação. Na atualidade, utiliza-se o termo passagem de sonda nasoentérica para designar tanto o procedimento em que a sonda alcança apenas a cavidade gástrica quanto naquele em que alcança a cavidade intestinal, desde que ambos utilizem este tipo de sonda de material maleável, acompanhada de fio-guia.

Considera-se nutrição enteral como a provisão de nutrientes através do trato intestinal quando o paciente não pode ingerir, mastigar ou deglutir alimento, mas pode digerir ou absorver nutrientes (POTTER, 1997, p. 1100).

Para Waitzberg (2002, p. 714):

Entende-se por Terapia Nutricional Enteral (TNE) um conjunto de procedimentos terapêuticos empregados para manutenção ou recuperação do estado nutricional por meio de nutrição enteral. A TNE deve ser considerada como uma ferramenta nutricional poderosa, mas que possui indicações apropriadas e complicações intrínsecas que podem limitar seu uso.

E, segundo Souza (1997, p. 194), a nutrição enteral consiste na administração controlada de nutrientes, seja por via oral, por sondas ou ostomias, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral.

Entretanto, a Resolução RDC Nº 63 (2000, parágrafo 5.6.1) define o conceito de nutrição enteral como:

É alimento para fins especiais, com ingestão definida de nutrientes, na forma isolada ou combinada de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizado exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos e sistemas.

É também descrita como:

A nutrição enteral consiste na administração de alimentos liquidificados ou de nutrientes através de soluções nutritivas com fórmulas quimicamente definidas, por infusão direta no estômago ou no intestino delgado, através de sondas. A terapia nutricional está indicada em pacientes com necessidades nutricionais normais ou aumentadas, cuja ingestão por via oral está impedida ou é ineficaz, mas que tenham o restante do trato digestivo anatômica e funcionalmente aproveitável. (FAUSTINO apud FERMIANO, MATOS, FUKUI, 2003, p. 02)

A nutrição enteral (NE) é o método de escolha para oferecer suporte nutricional a pacientes que têm trato gastrointestinal funcionante, mas não conseguem manter ingestão oral adequada. Pode ser administrada por sonda ou por via oral.

Devemos manter alguns cuidados para a administração da dieta enteral, como:

  • Manter o paciente em decúbito elevado;
  • Lavar a sonda com água após administração da dieta;
  • De preferência, utilizar uma bomba de infusão para a sua administração.

Podem ser inseridas sondas para:

  • Proporcionar nutrição, processo conhecido como gavagem;
  • Administrar medicação oral que não pode ser engolida;
  • Obter uma amostra de secreções para testes diagnósticos;
  • Remover substâncias venenosas, processo conhecido como lavagem;
  • Remover gás e secreções do estômago ou intestino, processo chamado de descompressão;
  • Controlar o sangramento gástrico, processo chamado de compressão ou tamponamento. (TIMBY apud ARAÚJO, BARBOSA, BARBOSA, PESSOA, 2005, p. 11)

Sobre os tipos de infusão, Watanabe, Cukier, Civelli, Muroya (2007, p. 47) definem:

Que o sistema para infusão da nutrição enteral (NE) pode ser aberto ou fechado. No sistema aberto, a dieta passa por manipulação humana, é reconstituída de pó para líquido; fraciona-se o volume e pode haver adição de nutrientes na formulação. Todos esses aspectos relacionados à manipulação podem induzir a presença de contaminação bacteriana e causar variabilidade de composição, dependendo do processo adotado. No sistema fechado, a dieta não passa por manipulação, é líquida e pronta para uso; não é feita reconstituição e não há adição de nutrientes modulares na formulação.

Ainda sobre os tipos de infusão, Unamo e Marchini (2002, p. 98) afirmam:

Os sistemas fechados de dieta são bastante práticos e seguros, porque diminuem a necessidade de manipulação e o risco de contaminação; é indicado, porém, que o tempo máximo de gotejamento seja de 24 horas, bem como para a troca de equipos de infusão. As bombas de infusão com alarme são de grande valor, porque permitem o controle do fluxo da dieta e também acusam problemas como ar no sistema, término da dieta ou bateria descarregada.

Essa prática de administração de nutrientes originou-se na era antiga com os egípcios, os quais utilizavam enemas para preservar a saúde geral. Fórmulas enterais especializadas só apareceram em 1930, e a primeira fórmula enteral comercial foi introduzida no mercado em 1942. (TIRAPEGUI apud FERMIANO, MATOS, FUKUI, 2003, p. 04)

São vantagens da nutrição enteral:

  • O menor custo;
  • A facilidade de administração;
  • A menor incidência de complicações metabólicas;
  • A manutenção do trofismo e da fisiologia intestinal. (FELANPE apud FERMIANO, MATOS, FUKUI, 2003, p. 01)

Os autores Smeltzer e Bare (2006, p. 1049) acrescentam mais algumas vantagens sobre a alimentação pela sonda enteral:

  • Elas preservam a integridade GI através da liberação de nutrientes e medicamentos (antiácidos, dimeticona e me

Entradas relacionadas: