Sonhos Tropicais: Saúde, Sociedade e Revolta no Rio Antigo

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Relatório: Sonhos Tropicais e o Rio do Início do Século XX

Um Filme de André Sturm

O filme Sonhos Tropicais, dirigido por André Sturm, retrata a vida no centro da cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. A narrativa acompanha dois protagonistas: o médico Oswaldo Cruz e Esther, uma jovem judia vinda da Polônia com a promessa de casamento. No entanto, ao chegar ao Rio de Janeiro, Esther é obrigada a trabalhar como prostituta em um bordel da Lapa.

Essa situação era comum no início do século XX. Muitas jovens pobres vinham com a esperança de se casar ou fugidas do antissemitismo, mas acabavam se tornando prostitutas, seja por obrigação ou por falta de opção. Eram as chamadas “Polacas” ou “Escravas Brancas”. Essa prática só começou a decair após a década de 1940.

O Cenário Carioca: Doenças e Crise Econômica

O filme destaca muito bem o cenário carioca da época, principalmente ao abordar as várias doenças que assolavam a população da cidade. Entre elas, destacam-se:

  • Peste bubônica
  • Febre amarela
  • Varíola

O Brasil, no início do século XX, enfrentava uma grave crise no café, que era o único produto de exportação do país, além de possuir uma grande dívida externa. Por esses motivos, começou a ser emitido mais papel-moeda, o que causou uma grande inflação econômica. As doenças na cidade do Rio de Janeiro só pioravam esse quadro, pois a cidade ficou conhecida como a “Cidade Fedorenta”, e os navios evitavam ao máximo atracar nos portos cariocas. Isso agravava ainda mais as exportações e a economia brasileira.

As Reformas de Rodrigues Alves e a Atuação de Oswaldo Cruz

O presidente Rodrigues Alves tomou medidas para mudar o cenário na cidade do Rio de Janeiro. Ele nomeou o engenheiro Pereira Passos para assumir a prefeitura do Rio de Janeiro, com o objetivo de remodelar a estrutura da cidade. Também nomeou o médico Oswaldo Cruz para assumir a Diretoria Geral de Saúde Pública, com o claro objetivo de livrar o Rio de Janeiro das graves doenças que o assolavam.

Enquanto Pereira Passos construía novos edifícios e destruía antigas moradias, Oswaldo Cruz fazia uma brilhante campanha contra a peste bubônica e lutava para garantir que a lei que obrigava a vacina desde 1884 fosse cumprida, a fim de acabar com os surtos de varíola.

A Revolta da Vacina: Conflito e Consequências

A obrigatoriedade da vacina gerou um grande rebuliço na cidade, tanto entre políticos (partidários de Floriano Peixoto, que eram contra um governo civil e viram nessa lei uma chance de destruir a política de Rodrigues Alves) quanto para a população em geral, que estava em grande parte desempregada e muitos perderam suas casas e comércio por causa das reformas de Pereira Passos. Esses motivos, somados à brutalidade das pessoas encarregadas de aplicar a vacina, geraram a Revolta da Vacina.

A Revolta da Vacina foi marcada por lutas violentas no centro da cidade, com a população confrontando a polícia. A revolta só veio a acabar quando a Marinha e o Exército foram dar apoio aos policiais nas ruas e quando Rodrigues Alves suspendeu a obrigatoriedade da vacinação.

Mesmo com a lei que obrigava a vacina suspensa, o governo manteve a obrigatoriedade em casos específicos, tais como:

  • Casamento
  • Certidões
  • Contratos de trabalho
  • Matrículas em escolas públicas
  • Viagens interestaduais
  • Hospedagem em hotéis

Essa medida, no entanto, não evitou um novo surto de varíola em 1908, que matou 10 mil pessoas. Esse trágico evento levou a população a fazer filas para se vacinar voluntariamente.

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