Teatro Barroco: Sociedade, Cultura e Gêneros
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SOCIEDADE E CULTURA NO TEATRO BARROCO: Declínio do Império Espanhol
O declínio do Império Espanhol, marcado pela perda de possessões europeias, enormes dívidas de guerra e a diminuição do poder monárquico, criou um contexto de instabilidade econômica, política e social. A situação social era caracterizada por confrontos entre a burguesia e a nobreza. A aliança entre a nobreza e a realeza enfraqueceu a burguesia e o povo, consolidando a monarquia absoluta. A corte institucionalizou festividades e espetáculos para distrair o povo e manter a ilusão de riqueza e poder, com gastos vultosos em touradas, bailes, festivais e teatro. O teatro tornou-se um centro de espetáculo, exaltando tanto a figura do rei quanto a do vilão ou camponês.
Gêneros Teatrais
O gênero mais importante foi a Comédia Nova, mas existiram diversos "gêneros menores":
- Auto Sacramental: Drama que celebra a Eucaristia, com argumento alegórico, representado no Corpus Christi.
- Aperitivo: Peças curtas e cômicas, com personagens-tipo, que buscavam entreter o público, geralmente apresentadas entre o 1º e o 2º ato das comédias.
- Loa: Introdução à representação da comédia, solicitando silêncio e atenção do público, e elogiando a obra.
- Dança: Combina música, canto e dança, apresentada entre o 2º e o 3º ato da comédia.
- Jácara: Fonte poética com pouca ação, retratando um mundo degradado, como o de cafetões e bordéis.
- Mojiganga: Peça curta de caráter popular e origem carnavalesca, com personagens fantasiados.
Autores e Obras
Tirso de Molina
Suas peças caracterizam-se pela profundidade psicológica dos personagens (especialmente mulheres fortes), intriga e humor. Suas obras incluem dramas religiosos como O Divino Apicultor, dramas históricos como A Sabedoria das Mulheres, comédias de caráter como O Palácio Vergonhoso, e sitcoms como Don Gil das Calças Verdes. Suas obras mais conhecidas são Uma Pessoa Condenada por Desconfiança, Malandro de Sevilha e O Convidado de Pedra.
Lope de Vega
Possui uma obra literária vasta, embora muitas obras sejam de atribuição duvidosa. Seu teatro utiliza os recursos da Comédia Nova, destacando-se o senso de drama, a lírica e a naturalidade dos personagens. Suas comédias abordam a história da Espanha, lendas, temas inventados, religiosos, mitológicos e mistérios. Três de suas obras mais importantes são Peribáñez e o Comendador de Ocaña, Fuente Ovejuna e O Cavaleiro de Olmedo.
Teatro no Barroco: Estrutura e Origens
Na segunda metade do século XVI, surgiu o teatro público de comédia, conhecido como Comédia de Pátio. Sua estrutura separava as diferentes classes sociais em locais distintos: pátio, camarotes e galerias. Havia poucos recursos cênicos (sem cortinas, poucas decorações, apenas portas). As companhias eram chamadas de acordo com o número de atores e a duração das peças era curta.
Origens da Comédia Nova
A Comédia Nova resultou de uma fórmula estabelecida por Lope de Vega, influenciada por temas da história e lendas espanholas, e pela tradição teatral de Valência. Lope de Vega publicou a Nova Arte de Fazer Comédias, onde expôs sua teoria teatral: mistura do cômico e trágico, abandono da regra das três unidades, estrutura em três atos, polimetria e versos adaptados às cenas, personagens e linguagem adequados às situações, e inclusão de canções.
- Temas: Variedade temática extraída da épica medieval, literatura renascentista, mitologia, Bíblia, história da Espanha e folclore. Temas comuns incluem glória, honra, amor e história.
- Personagens-tipo: Com características fixas, como o amante, a rainha, o rei (figura graciosa e elegante), o poderoso, o cavaleiro e o vilão.
Autores Principais
- Lope de Vega: Instituiu a Comédia Nova.
- Calderón de la Barca: Trouxe maior rigor à estrutura do enredo e a questões filosóficas.
- Autores próximos a Lope: Tirso de Molina, Guillén de Castro, Antonio Mira de Ames, Luis Vélez de Guevara, Ruiz de Alarcón.
- Autores próximos a Calderón: Rojas Zorrilla, Francisco Moreto e Agustín.
Calderón de la Barca
Iniciou sua carreira na Comédia Nova, imprimindo sua visão de mundo. Seu teatro caracteriza-se pela clareza, organização da ação em situações paralelas, o protagonista como centro da ação, conflitos e monólogos interiores. Suas obras incluem dramas de honra e inveja como A Vingança Secreta, dramas religiosos da Bíblia como O Mágico e Maravilhoso, sitcoms como Casa com Duas Portas, é Manter o Mau, dramas filosóficos como A Vida é Sonho, e autos de moralidade como O Grande Teatro do Mundo.