Técnicas de Confecção de Lâminas Histológicas: Guia Completo
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Introdução à Histologia
- É a ciência que estuda os tecidos e como estes se organizam para constituir órgãos.
- Faz parte da Anatomia Microscópica.
- O termo Histologia foi usado pela primeira vez em 1819 por Mayer, que aproveitou o termo tecido instituído por Bichat (anatomista francês) muito tempo antes (por volta de 1800).
O que é Tecido?
Conjunto de células que apresentam a mesma forma, função e origem embrionária.
Técnicas Utilizadas em Histologia
- Confecção de Lâminas Histológicas: Coleta, Fixação, Inclusão e Microtomia.
- Para a análise sob microscopia óptica, é necessária a confecção de lâminas delgadas dos tecidos que formam os órgãos.
- Estas lâminas podem ser permanentes ou provisórias.
1 - Coleta do Material
- Partes de órgãos são retiradas com o auxílio de um bisturi, pinça ou lâmina de barbear.
- Não é indicada a extração de porções grandes.
2 - Fixação
Consiste na utilização de procedimentos físicos ou químicos para imobilizar as substâncias constituintes das células e dos tecidos, fornecendo maior resistência para suportar as demais etapas.
Os agentes fixadores mais utilizados fixam as proteínas, evitando sua degradação: Formol tamponado e Líquido de Bouin.
O formol, acessível e de uso simples, é o fixador mais utilizado nas técnicas histológicas. Contudo, seus resultados geralmente não são satisfatórios, sendo recomendada a dissolução de formol em tampão fosfatado.
Fórmula do Formol Tamponado:
- Formol (solução a 37% de formaldeído): 100 ml
- Água destilada: 900 ml
- Fosfato de sódio monobásico: 4,0 g
- Fosfato de sódio dibásico (anidro): 6,5 g
O tempo de fixação pode variar entre 6 e 24 horas. Uma vez fixada, a peça deve ser transferida para álcool 70%, onde poderá permanecer indefinidamente.
Fórmula do Fixador de Bouin:
- Solução aquosa saturada de ácido pícrico: 75 ml
- Formol: 25 ml
- Ácido Acético: 5 ml
Após a fixação, é fundamental a remoção do ácido pícrico dos tecidos para a posterior etapa de coloração.
Eliminação do Excesso de Fixador:
- Lavagem em água corrente por 18 horas;
- Transferência da peça para álcool 50%, durante 30 minutos;
- Armazenamento da peça em álcool 70%.
3 - Desidratação
Visa retirar a água dos tecidos, a fim de permitir a impregnação da peça com parafina.
Para isso, a peça é submetida a banhos sucessivos em álcoois de teor crescente (ex.: álcool a 70%, 80%, 90% e 100%).
4 - Diafanização
Visa impregnar a peça com um solvente de parafina, substituindo o álcool presente nos tecidos por xilol (agente clarificador).
5 - Impregnação pela Parafina Fundida
Tem a finalidade de permitir a obtenção de cortes suficientemente finos para serem observados ao microscópio.
Para isso, os tecidos devem ser submetidos a banhos de parafina a 60°C, no interior da estufa.
Em estado líquido, a parafina penetra nos tecidos, dando-lhes, depois de solidificada, certa dureza.
6 - Inclusão
Este procedimento consiste na impregnação do tecido com uma substância de consistência firme que permita, posteriormente, seccioná-lo em camadas delgadas.
O tecido é colocado em suportes metálicos cheios de parafina líquida, que, depois de solidificar à temperatura ambiente, dá origem ao chamado bloco de parafina.
7 - Microtomia
É a etapa em que se obtêm delgadas fatias de peças incluídas na parafina.
A espessura dos cortes geralmente varia de 5 a 10 µm (micrômetros). (1 µm = 0,001 mm)
8 - Extensão (Estiramento)
Para desfazer as rugas, os cortes são esticados num banho de água e gelatina a 58°C e “pescados” com uma lâmina.
O processo de colagem do corte à lâmina, pela coagulação da gelatina, segue as seguintes etapas:
- Colocam-se as secções a flutuar em banho-maria;
- Colocam-se os cortes numa lâmina;
- Levam-se à estufa a 37°C, por 2 horas, para secagem e colagem.
9 - Coloração
Tem a finalidade de dar contraste aos componentes dos tecidos, tornando-os visíveis e destacados uns dos outros (ex.: cor rosa).
Para realizá-la, são observados 3 itens:
- Eliminação da Parafina: Por meio de banhos sucessivos em xilol, benzol ou toluol.
- Hidratação: É executada quando o corante utilizado é solúvel em água. Deve ser gradativa, com álcoois de teor decrescente, para evitar o rompimento dos tecidos.
- Coloração.
10 - Desidratação (Pós-Coloração)
Visa retirar a água, quando os corantes utilizados forem soluções aquosas, a fim de permitir a perfeita visualização dos tecidos, pois a água possui índice de refração diferente do vidro, e ainda prevenir a difusão dos corantes. Para isso, usam-se banhos em álcoois de teor crescente.
11 - Diafanização
A diafanização é feita com xilol, a fim de tornar os cortes perfeitamente transparentes.
12 - Montagem
É a etapa final da técnica histológica, e consiste na colagem da lamínula sobre o corte, utilizando Bálsamo do Canadá, que é solúvel em xilol e insolúvel em água.
A lamínula impede que haja hidratação do corte pela umidade do ar ambiente, permitindo que estas lâminas se mantenham estáveis por tempo indefinido. Após a montagem, as lâminas são levadas à estufa para secagem do Bálsamo do Canadá.
Técnicas Especiais
Técnicas Utilizadas para Confecção de Lâminas Ósseas
- Consiste no desgaste do osso através do polimento com lixa.
- A segunda técnica implica na descalcificação do osso.
- A descalcificação pode ser feita através da imersão em ácidos ou compostos quelantes.
Técnica de Criomicrotomia (Microtomia por Congelamento)
- O congelamento ocorre por expansão de CO2.