Técnicas de Mensuração Antropométrica: Compasso e Fita

Compasso de Dobras Cutâneas

Uma melhor visualização da forma de mensuração utilizando o compasso de dobras cutâneas poderá ser observada através das figuras dos dez pontos citados anteriormente.

Erros Comuns no Manuseio do Compasso de Dobras Cutâneas

No manuseio do aparelho de dobra cutânea, é comum encontrarmos alguns erros frequentes em sua utilização. Farinatti & Monteiro (1992) destacaram os seguintes:

1. Destacar a dobra em ponto anatômico inadequado;
2. Destacar a dobra em eixo corporal inadequado;
3. Entrar com a ponta do compasso muito próximo ou demasiadamente distante dos dedos que estão pinçando;
4. Não entrar com o compasso perpendicular à dobra;
5. Pinçar estrutura extra à dobra cutânea;
6. Esperar um tempo demasiado após o pinçamento para realizar a leitura;
7. Repetir várias vezes seguidas o pinçamento de uma mesma dobra;
8. Soltar a dobra, ainda com o compasso no local do pinçamento para fazer a leitura;
9. Realizar a medida logo após a prática de atividade física;
10. Em uma reavaliação, utilizar um compasso que apresenta uma característica técnica distinta ao utilizado na avaliação anterior.

Detalhes sobre o Compasso de Dobras Cutâneas

Este instrumento permite a mensuração da gordura corporal, através da coleta de pregas (dobras) cutâneas. O compasso de Harpenden, com um grau de compressão de 10g/mm², é o mais empregado nas avaliações antropométricas.

O compasso de dobras cutâneas permite calcular a composição corporal de um indivíduo, separando o peso do tecido gorduroso da massa corporal total. Este recurso é fundamental para o acompanhamento de um treinamento visando o emagrecimento. Com o resultado obtido do percentual de gordura, é possível afirmar se o avaliado se encontra, ou não, em estado de obesidade, ou se está com seu peso ideal.

É sempre importante considerar que a espessura das dobras estabelece uma estimativa da gordura corporal total, tomando-se por base os valores obtidos na mensuração da gordura subcutânea e aplicando-se determinadas fórmulas, posteriormente, nestes resultados.

As fórmulas desenvolvidas para o cálculo da gordura corporal foram, em sua maioria, validadas tomando como referência o método de pesagem hidrostática (r ≥ 0,80). A fundamentação do emprego das dobras cutâneas está baseada no fato de que certa fração da gordura corporal total se localiza logo abaixo da pele (gordura subcutânea). Quando se obtém uma amostra representativa desta gordura, é possível predizer a gordura total.

Cuidados no Manuseio do Compasso de Dobras Cutâneas

O manuseio deste aparelho requer uma atenção especial em alguns pontos, sendo eles:

1. Localização do ponto a ser mensurado: Deve-se marcar com um lápis dermográfico ou com uma caneta hidrocor o ponto a ser mensurado;
2. Apreensão da dobra cutânea: Com o ponto selecionado e marcado, o avaliador deverá, com os dedos polegar e indicador em forma de pinça, tentar apreender a maior quantidade de tecido adiposo possível, sem, contudo, apreender tecido muscular;
3. Colocação do compasso: O compasso deverá ser colocado de forma perpendicular à dobra, tendo-se o cuidado de soltar a haste de controle do relógio; lê-se, em seguida, o valor apresentado no relógio. O tempo de compressão não deverá ser superior a quatro segundos, a fim de se evitar a acomodação do tecido adiposo;
4. Repetições: Para indivíduos que apresentam pouca experiência no uso do instrumento, recomenda-se que a coleta de dados seja feita três vezes, sendo registrado o valor médio;
5. Lado de coleta: A norma internacional recomenda que todas as coletas da dobra cutânea sejam feitas pelo lado direito;
6. Posicionamento do compasso: A posição do compasso deverá estar, aproximadamente, a 1cm do ponto de fixação dos dedos.

Pontos de Coleta da Dobra Cutânea

Os pontos de coleta da dobra cutânea são variados, e seu emprego depende do tipo de protocolo que será utilizado para o cálculo da composição corporal. A seguir, serão apresentados os principais pontos empregados e suas respectivas ilustrações.

• Triciptal:

  Parte posterior do braço, sobre o tríceps, no ponto medial de uma linha imaginária entre o ponto distal e proximal do tríceps.

• Subescapular:

  Prega oblíqua medida imediatamente abaixo da extremidade do ângulo inferior da escápula.

• Supra-ilíaca:

  Prega oblíqua medida num ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca.

• Abdominal:

  Prega vertical ou horizontal tomada a 2,5 cm à direita da cicatriz umbilical. A figura ilustra a coleta de dados de uma prega vertical.

• Coxa:

  Guedes (1994) e McArdle et al. (1998) indicaram uma prega vertical medida na linha média da coxa, a dois terços da distância entre a patela e o quadril. Entretanto, as proposições de Heyward (1996) e, mais recentemente, do ACSM (1999), recomendaram que este registro ocorra no ponto medial entre a patela e o sulco inguinal.

• Peitoral:

  Em homens, é utilizada como referencial a metade da distância entre a linha axilar anterior e o mamilo. Em mulheres, o ponto de mensuração passa a ser a um terço da distância da linha axilar anterior e a mama.

• Perna:

  A fixação do compasso, posicionado paralelo ao solo, deverá ser feita na parte medial da perna, no ponto de maior circunferência.

• Biciptal:

  Prega vertical, na face anterior do braço, sobre o bíceps braquial, no ponto médio entre o acrômio e a cabeça do rádio.

• Medial-Axilar:

  Prega vertical, na linha média axilar no nível da união xifoesternal - ponto onde a cartilagem costal das costelas 5ª e 6ª se articula com o esterno, ligeiramente superior ao extremo inferior da apófise xifoide.

Fita Métrica

Este instrumento permite obter uma medida do perímetro sem haver compressão da pele. Ross et al. (1990) apresentam uma lista de especificações para uma boa fita métrica, incluindo os seguintes padrões:

1. 7 mm de largura e 2 metros de comprimento;
2. Constituída de aço ou de um material flexível;
3. Fundo branco ou amarelo;
4. Visualização clara dos milímetros;
5. Rebobinagem automática.

Técnica de Utilização da Fita Métrica

A técnica de utilização da fita métrica, apesar de ser extremamente simples, requer alguns cuidados para se evitar resultados distorcidos, dentre eles incluem-se:

1. A colocação da fita deverá ser feita sobre a pele nua;
2. Nunca pôr o dedo entre a pele e a fita;
3. Marcar com precisão através de um lápis dermográfico o ponto correto de medida;
4. Não exercer pressão excessiva, nem deixar a fita solta;
5. Visualizar a uniformidade do alinhamento da fita.

Perímetros Mais Utilizados na Educação Física

A seguir, serão apresentados os perímetros mais utilizados na Educação Física.

• Torácico:

  A medida do perímetro torácico pode ser realizada de duas formas. A primeira, mais empregada no público masculino, tem como ponto de referência o ponto anatômico denominado meso-esternal. O segundo ponto de mensuração poderá ser empregado em ambos os sexos e tem como ponto de referência o processo xifoide. É possível ainda, independentemente da tomada torácica que esteja sendo empregada, coletar o perímetro com o tórax normal (ao fim de uma inspiração normal), máximo expiratório (ao fim de uma expiração máxima) e máximo inspiratório (ao fim de uma inspiração máxima).

• Abdominal:

  O ponto anatômico de referência é a cicatriz umbilical, colocando-se a fita em um plano horizontal.

• Braço Relaxado:

  O braço deverá posicionar-se junto ao corpo e relaxado, sendo o referencial de medida o ponto medial entre o acrômio e a cabeça do rádio (Figura 2.14 A.).

• Braço Contraído:

  É possível ainda realizar uma segunda medida no braço, sendo desta vez tomando como referência o maior perímetro do braço durante uma contração isométrica máxima. O braço deverá posicionar-se em 90⁰ em relação ao tronco, o mesmo acontecendo em relação ao antebraço. A fita deverá ser colocada no ponto de maior volume muscular. Para o uso do perímetro de braço no Somatotipo, recomenda-se aplicar esta leitura (Mathews, 1980) (Figura 2.14B.).

• Antebraço:

  A fixação da fita deverá ser feita no ponto de maior perímetro, com o braço estendido e relaxado (Figura 2.15).

• Coxa:

  Com os pés em ligeiro afastamento lateral, a fita deverá ser colocada no ponto mesofemoral, seguindo o plano horizontal (Figura 2.16).

• Perna:

  Com o indivíduo na posição anatômica básica, a fita deverá ser colocada no ponto de maior perímetro da perna.

• Quadril:

  A fita deverá ser colocada de forma horizontal, tomando como ponto de referência a região de maior volume dos glúteos.