Teologia: Uma Jornada entre Fé e Razão

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A Natureza da Teologia

A teologia é um saber humano em constante busca pela compreensão do dogma. Ela se esforça para comentá-lo, interpretá-lo e construí-lo com coerência. A teologia enfrenta desafios contínuos, buscando respostas como ciência de Deus e ciência do homem, divina e humana, que fala de Deus e se relaciona com Ele. Sua fundamentação dogmática reside na escritura, revelando um Deus próximo ao seu povo. A fé, resposta humana à revelação divina, reconhece o passado, confia no presente e nutre a esperança no futuro. A fé é essencial para o estudo da teologia.

A Teologia como Ciência da Linguagem

A teologia, como discurso de fé, utiliza a linguagem humana, tendo como fonte as Sagradas Escrituras. Falamos de Deus a partir da nossa linguagem, com base na revelação divina.

Os Lugares Teológicos de Cano

Cano hierarquiza dez lugares teológicos: 1. Sagrada Escritura; 2. Tradições de Cristo e dos Apóstolos; 3. Igreja Católica; 4. Concílios; 5. Igreja Romana; 6. Santos; 7. Teólogos Eclesiásticos; 8. Razão Natural; 9. Filósofos; 10. História Humana. Os três primeiros (Escritura, Tradição e Magistério) são fundamentais. Para Cano, a Igreja é infalível em matéria de fé. A autoridade da Igreja se manifesta nos concílios, na Igreja Romana, na vida dos santos e nas reflexões dos teólogos escolásticos. Os "santos antigos", os Padres da Igreja, iniciaram a teologia dogmática, representando a tradição da fé. Seus ensinamentos permanecem ao longo da história. Os três últimos lugares situam a teologia no contexto das ciências humanas, auxiliando na compreensão da mensagem cristã. Cano valoriza a história humana, que, para ele, jamais finda e oferece novos elementos para a teologia.

A Articulação entre Escritura e Tradição

A fonte da teologia dogmática é a Escritura, interpretada pela Tradição Apostólica dentro da Igreja, formando uma tradição contínua. O teólogo estuda a Escritura e a transmissão do ensinamento da Igreja. Ele deve ser conhecedor da Escritura e da pesquisa exegética contemporânea para responder às demandas atuais.

O Magistério e a Infalibilidade da Igreja

Nos primeiros séculos, a vigilância doutrinária cabia aos bispos. Os Padres da Igreja acreditavam que a Igreja se baseia na fé e na doutrina apostólicas. Havia responsáveis pelo ensino e sua regulamentação. O Bispo de Roma intervinha em casos urgentes ou quando convocado. A regra da fé prevalecia sobre o princípio da autoridade. No século IV, com o cristianismo como religião oficial do Império Romano, surgiram grandes concílios que abordaram temas como Trindade e Cristologia.

Concílio Vaticano I: Infalibilidade Papal

O Papa, ao falar ex cathedra como pastor e doutor de todos os cristãos, define verdades de fé e costumes com suprema autoridade apostólica, exigindo a adesão dos cristãos.

O Dogma e sua Base na Escritura

O dogma se fundamenta na Escritura, com apoio da tradição. O Evangelho é o ponto de partida para a missão evangelizadora da Igreja. À luz da ressurreição de Cristo, a Igreja primitiva reinterpretou a doutrina de Jesus, guiada pelo Espírito Santo. O ser humano traduz e interpreta a Bíblia. A doutrina dogmática tem caráter divino, e a fé expressa o conteúdo da revelação. Os bispos, como magistério, exercem o que receberam de Cristo. Para o Concílio Vaticano I, o dogma é a doutrina de fé originada na palavra de Deus. O Depositum é o conteúdo da revelação confiado à Igreja, e os dogmas são a proclamação infalível dessa palavra pelo magistério. A Igreja não inventa dogmas, mas explicita verdades da revelação.

A Inspiração da Sagrada Escritura

A inspiração sempre foi central na reflexão sobre a Escritura. Compreendê-la é crucial para entender a verdade escriturística. A inspiração, pela ação do Espírito Santo, visa transmitir a Verdade. Inspiração e revelação, embora distintas, estão interligadas. A inspiração facilita o acesso à revelação. O Concílio Vaticano I definiu a inspiração: o Espírito Santo usa instrumentos, como o corpo de Maria na Encarnação e homens na escrita, utilizando linguagem e estilos preexistentes. A Dei Verbum afirma que a inspiração não esgota a revelação. O Concílio de Florença foi o primeiro a usar oficialmente o termo "inspiração" no magistério.

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