Teoria Crítica e Fenomenologia: Reflexões sobre Indivíduo, Sociedade e Conhecimento

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Teoria Crítica: Indivíduo e Sociedade

A afirmação de que "a contribuição do indivíduo não depende só dele, mas também da sociedade" reflete a visão de Max Horkheimer e da Teoria Crítica em relação à interação entre o indivíduo e a sociedade. Essa perspectiva enfatiza a ideia de que as ações e contribuições individuais não podem ser compreendidas de forma isolada, mas devem ser vistas no contexto das estruturas e influências sociais mais amplas. O indivíduo e a sociedade devem contribuir.

Horkheimer argumentou que a metafísica é uma parte de uma concepção mitológica ou pré-científica que foi liquidada pelo pensamento científico moderno. Ele também argumenta que a sociologia tradicional, que se baseia na observação empírica dos fatos sociais, nem sempre é capaz de compreender a sociedade em sua totalidade. Para Horkheimer, o objeto da sociologia é irredutível a um fato natural e deve ser entendido como um evento histórico. A função da sociologia é olhar para a sociedade e compreender que toda sociedade se move com um dinamismo ligado pela sua história. Ela não deve considerar a sociedade como um produto natural, mas sim como um fenômeno histórico e dinâmico, que é moldado por fatores culturais, políticos, econômicos e sociais.

Horkheimer também argumentou que a teologia pode ser uma fonte de esperança para aqueles que buscam um mundo mais justo. No entanto, ele afirmou que essa primeira ideia não é uma verdade absoluta e precisa ser questionada. Deve-se ter consciência que no mundo, a injustiça se mostra, e a expectativa é que a justiça toma o lugar da injustiça. Horkheimer argumenta que a justiça não é um produto natural no mundo, mas sim algo que deve ser construído pelos seres humanos.


Adorno: Cultura, Razão e Individualidade

Adorno reflete sua preocupação com a perda de individualidade, autonomia e autenticidade na sociedade de consumo. Ele argumenta que a indústria cultural busca padronizar as preferências e os comportamentos das pessoas, tornando-as conformistas e alienadas de si mesmas. Como consequência, perde-se a autonomia. O fenômeno da massificação aniquila a individualidade, os produtos vão para o mercado nivelando todo mundo, o problema esconde-se que estamos inseridos em uma sociedade de classe. O resultado é que acontece o desaparecimento do indivíduo. A alienação, em seu pensamento, está intrinsecamente ligada à falta de autonomia e à influência das estruturas sociais sobre a vida e a identidade.

Adorno não se limita apenas à cultura de consumo, mas se estende a uma crítica mais ampla da instrumentalização e da lógica de eficiência que pode ser prejudicial quando aplicada de forma excessiva em várias áreas da vida social. Kant será alvo de Adorno em sua crítica à cultura de massa e à instrumentalização, levanta preocupações sobre como a razão pode ser usada de maneira problemática.

A posição de Adorno em relação ao esclarecimento é crítica e complexa. Ele não rejeita o esclarecimento em si, mas critica a maneira como a razão foi instrumentalizada e usada para fins problemáticos na sociedade contemporânea. Adorno está preocupado em observar qual o momento no desenvolvimento da história, a razão perdeu o seu viés crítico. Em vez de promover a autonomia individual e a reflexão crítica, a razão instrumental passou a ser usada principalmente para fins de eficiência, padronização e manipulação. Para Adorno, no próprio esclarecimento Kantiano, a razão se mostra como instrumento.

Adorno argumenta que a mesma razão que pode ser vista como uma condição para a liberdade também pode ser usada para gerar dominação. A crítica de Adorno não nega a importância dos conceitos kantianos em si, mas enfatiza a necessidade de uma reflexão crítica sobre como a razão é aplicada. Ele argumenta que a ambiguidade pode surgir quando a razão é instrumentalizada.

Adorno está preocupado, e enfatiza que mito e esclarecimento têm algo em comum. Sua crítica visa destacar os perigos de qualquer sistema de pensamento que negue a complexidade da experiência humana e a diversidade de perspectivas individuais.


Fenomenologia: Em Busca do Conhecimento

Iniciamos com um radicalismo do ponto de partida, no sentido de colocar de lado nossas crenças, não aceitando como certas as verdades da ciência e tendo como objetivo chegar a um fundamento absoluto do conhecimento. Por conhecimento entende-se as verdades demostradas ou os julgamentos estabelecidos.

O ato de julgar é uma “intenção” e em geral uma simples presunção de que uma coisa existe ou é de determinada maneira. A coisa julgada, nesse caso, aparece como coisa presumida. Outro tipo de julgamento intencional é a evidência, nela, a própria coisa encontra-se presente diante da consciência, é, portanto, nela que se encontra a coisa em si. Em cada evidência, o ser ou a determinação de uma coisa é captada pelo espírito no modo “ela mesma” e com a certeza de que esse ser existe, certeza que exclui a partir de então qualquer possibilidade de dúvida.

No entanto, a evidência não exclui a possibilidade de seu objeto tornar-se, em seguida, objeto de dúvida: o ser pode revelar-se uma simples aparência. Em contrapartida, na evidência apodítica há uma impossibilidade absoluta de que se conceba a não-existência de seu objeto. É preciso dizer que a existência do mundo não ocorre como uma evidência apodítica, de modo que o próprio mundo e sua existência precisa ser colocado entre parênteses. A isso damos o nome de suspensão fenomenológica.

Mas suspendendo nossas crenças sobre o mundo, não nos encontramos diante do nada, antes nos vemos diante do eu puro. O domínio do eu puro chama-se domínio transcendental e o voltar-se para esse domínio dá-se o nome de redução fenomenológica transcendental.

No entanto, ao se instituir o eu transcendental é preciso tomar cuidado. Descartes, por não tomar esse cuidado concebeu o eu como uma substância e como ponto de partida para raciocínios de causalidade. A subjetividade transcendental precisa ser compreendida em sua pureza, distinta da noção de alma, da noção de eu da psicologia ou de outras noções das ciências.

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