A Teoria das Ideias e o Mito da Caverna de Platão
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A Teoria das Ideias: Mundo Inteligível vs. Mundo Sensível
A Teoria das Ideias de Platão concebe as ideias como a verdadeira realidade, ou seja, verdades absolutas, eternas, imutáveis e independentes do mundo fenomenal. Platão considera a existência de dois mundos:
- O mundo inteligível, constituído por ideias, que são os arquétipos das coisas materiais. Estas ideias são a verdadeira realidade, invisíveis e acessíveis apenas pela inteligência. Elas são hierarquizadas: no topo está a Ideia do Bem, que ilumina todas as outras; em seguida, vêm as ideias abstratas (beleza, justiça, etc.), seguidas pelos números e, por fim, as ideias dos objetos sensíveis.
- O mundo sensível, por sua vez, está sujeito à mudança e à geração, sendo apenas uma cópia do mundo inteligível e percebido através dos sentidos.
A Teoria do Conhecimento e o Mito da Caverna
A Teoria do Conhecimento é bem representada no Mito da Caverna, que distingue quatro níveis de conhecimento:
- Eikasia (imaginação): o conhecimento das imagens do mundo sensível (as sombras na caverna).
- Pistis (crença): o conhecimento dos objetos do mundo sensível.
Estes dois primeiros níveis constituem a opinião ou doxa (conhecimento do mundo visível e mutável).
- Dianoia (pensamento discursivo): o conhecimento das entidades matemáticas.
- Noesis (inteligência pura): o conhecimento das ideias, a dialética.
Estes dois últimos níveis constituem o conhecimento intelectual ou episteme.
O Mito da Caverna é uma metáfora sobre a condição humana, presa numa situação de engano. Na alegoria, estamos acorrentados desde a infância, olhando para uma parede onde são projetadas sombras por uma fogueira. Os prisioneiros acreditam que as sombras são a única realidade.
Então, alguém (o filósofo) liberta um dos prisioneiros. O processo é doloroso. Ao se virar, o prisioneiro vê as figuras que projetavam as sombras e percebe que foi enganado. Ao sair da caverna, a luz do sol ofusca sua visão, mas, gradualmente, ele se acostuma e passa a ver os objetos reais, compreendendo que o que via antes eram apenas cópias. Movido por uma sede de conhecimento, ele retorna à caverna para libertar os outros, mas eles não acreditam nele, sentem-se confortáveis na ignorância e tentam matá-lo.
A Alma e a Sociedade Ideal
Platão também imaginou a sociedade ideal, que seria dividida em três classes, correspondendo às três partes da alma:
- Artesãos e produtores: responsáveis por suprir as necessidades básicas. Neles, predomina a alma concupiscível (apetitiva).
- Guardiões (ou guerreiros): responsáveis pela segurança da pólis. Neles, predomina a alma irascível (passional).
- Governantes-filósofos: responsáveis por governar a cidade. Neles, predomina a alma racional.
Esta sociedade seria justa se cada classe cumprisse a sua função natural. O governante-filósofo receberia a educação mais completa (aritmética, geometria, astronomia, harmonia e dialética), financiada pelo Estado. Por ter recebido este conhecimento, ele tem o dever de retornar e governar para o bem comum, num processo conhecido como dialética descendente.