Teorias Clássicas da Evolução e Progresso Social
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O Conceito de Teoria e Progresso Social
Uma teoria é um sistema lógico que consiste em observações, axiomas e postulados, bem como previsões e regras de inferência. Ela serve para explicar conjuntos de dados e fazer previsões sobre eventos observáveis sob certas condições. As teorias podem ser estendidas a partir de suas próprias previsões e até mesmo corrigidas por certas regras ou raciocínios, sendo capazes de explicar outros eventos possíveis.
A teoria do progresso é um produto social que evoluiu ao longo dos séculos. Enriquecendo seu conteúdo, ela adquiriu lentamente seu significado complexo contemporâneo.
Os Clássicos da Evolução Social
Avanços nas Ciências Naturais levaram à apresentação de propostas sobre a evolução (nascimento, crescimento, morte) de organismos vivos. A Sociologia aderiu ao paradigma positivista, adaptando o método de estudo e analogias entre organismos vivos e a sociedade para compreender a dinâmica social. As raízes dessa abordagem são encontradas no organicismo.
Auguste Comte: O Positivismo e a Lei dos Três Estágios
Comte, um dos pioneiros da Sociologia, assumiu as influências do positivismo e adotou o método científico para estudar os fenômenos sociais. Seu grande interesse era mover a sociedade a um estado de ordem e progresso, estudando a evolução do pensamento social. Seu compromisso teórico baseia-se em uma concepção linear da história, onde a evolução é independente dos indivíduos. Ele postulava uma lei que governa o progresso: a Lei dos Três Estágios.
Esta lei determina as etapas pelas quais deve passar o desenvolvimento geral da espécie humana:
- Estágio Teológico: Busca a natureza e a origem das coisas (Deuses).
- Estágio Metafísico e Legal: Fase de transição, onde se recorre às forças da natureza para explicar a realidade.
- Estágio Positivo: O estágio final. As pessoas abandonam ideias não científicas e orientam a busca por leis invariantes (a regra da razão). A sociedade atinge o progresso social.
Herbert Spencer: O Organicismo e a Diferenciação
Herbert Spencer foi guiado pelos princípios evolutivos de Darwin. Ele estabeleceu uma analogia entre organismos vivos e a sociedade. Para Spencer, a evolução tende à diferenciação estrutural e funcional, seguindo um caminho:
- Do simples ao complexo.
- Do amorfo à articulação das partes.
- Da homogeneidade à especialização.
- Da fluidez à estabilidade.
Este mecanismo produz uma sequência de fases distintas na espécie humana, das sociedades mais simples às mais complexas, onde a ênfase na divisão social do trabalho e na organização se torna relevante.
Émile Durkheim: Solidariedade e Divisão do Trabalho
O foco de Émile Durkheim foi a influência das grandes estruturas da sociedade sobre os pensamentos e ações dos indivíduos. Ele acreditava que a sociedade era composta de órgãos ou estruturas, chamados de Fatos Sociais, que constituíam o objeto de estudo da Sociologia.
Durkheim buscou a evolução da sociedade na divisão social do trabalho. Sua análise baseia-se em dois tipos ideais de sociedade:
- Solidariedade Mecânica (Tipo Primitivo): Caracterizada pela similaridade de funções e tarefas não diferenciadas.
- Solidariedade Orgânica (Tipo Moderno): Caracterizada por maior complementaridade, cooperação e interdependência funcional altamente diferenciada.
O crescimento populacional (demografia) intensifica as relações sociais, levando à transição da Solidariedade Mecânica para a Orgânica. O núcleo da teoria da evolução, neste contexto, pressupõe que toda a história humana tem um único formato ou modelo. A sociedade humana é vista como um todo em termos orgânicos (analogia organicista): um sistema integrado de componentes e subsistemas que contribuem para a manutenção e continuidade total. A evolução social é vista como um processo natural, necessário e inevitável.
Materialismo Histórico: A Visão Dialética de Karl Marx
A teoria marxista compartilha muitas suposições sobre o desenvolvimento evolutivo da história humana, vendo o progresso como a passagem por estágios sucessivos que levam à melhoria constante da sociedade. A história é impulsionada por forças endógenas. Marx também percebeu a complexidade e a crescente diferenciação social, produto da divisão social do trabalho.
A ruptura de Marx com a visão linear da evolução ocorre quando ele introduz sua concepção dialética da realidade, que quebra a visão causal das ciências naturais. Marx propôs que os Modos de Produção determinam a natureza geral da vida social, política e espiritual.
Os Modos de Produção criam uma relação física e social que se reflete nas formas ideológicas dominantes, as quais se expressam através do Estado, que representa as ideias dominantes das classes no poder.