Teorias Evolutivas: Fixismo, Lamarckismo e Darwinismo
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O Longo Caminho da Evolução
Fixismo
No fixismo, acreditava-se que todas as espécies foram criadas tal como as vemos hoje, não sofrendo alterações ao longo do tempo. Suas principais características incluíam:
- A visão antropocêntrica do mundo.
- A ideia de uma Terra com apenas 6.000 anos de existência.
- A apresentação de algumas "provas" baseadas em observações do senso comum, aparentemente óbvias, mas que se revelaram incorretas.
Georges Cuvier, um profundo estudioso de fósseis, descobriu que espécies antigas eram muito diferentes das atuais. Ele foi o primeiro cientista a discutir a extinção de espécies. Para explicar esse fenômeno, Cuvier propôs uma teoria catastrofista, segundo a qual a história da Terra teria sido marcada por catástrofes que teriam eliminado parte dos seres vivos, sendo as áreas repovoadas por espécies de outras regiões ou por novas criações.
Lamarckismo ou Transformismo
O lamarckismo, ou transformismo, defendia que as espécies biológicas não são imutáveis, mas se transformam ao longo do tempo. Jean-Baptiste Lamarck acreditava que os seres vivos possuem uma tendência natural para o aumento da complexidade e para o progresso. Suas ideias básicas eram:
- Mudança ao Longo do Tempo: Os organismos mudam necessariamente com o tempo.
- Influência do Ambiente: A mudança das condições ambientais influencia essas transformações.
- Lei do Uso e Desuso: Os hábitos e o uso ou desuso de certas partes do corpo determinariam o seu desenvolvimento ou atrofia.
- Lei da Herança dos Caracteres Adquiridos: As características adquiridas (ou perdidas) pelo uso ou desuso seriam transmitidas à descendência.
Esta última ideia, a herança dos caracteres adquiridos, constituiu o principal erro do lamarckismo, pois hoje sabemos que as modificações corporais adquiridas por um indivíduo ao longo da vida (somáticas) não alteram o material genético e, portanto, não são transmitidas à sua prole.
A Revolução Darwiniana
Charles Darwin, atuando como naturalista a bordo do navio britânico Beagle, viajou pelo mundo durante cinco anos (1831-1836), coletando dados e observações que fundamentariam sua teoria da evolução por seleção natural. As ideias básicas do darwinismo são:
- Variabilidade: Entre os indivíduos de qualquer espécie existem variações ou diferenças hereditárias, que surgem ao acaso.
- Superprodução de Descendentes: Nascem mais indivíduos de qualquer espécie do que aqueles que podem efetivamente sobreviver e se reproduzir, pois os recursos ambientais (alimento, espaço, etc.) são limitados.
- Luta pela Sobrevivência e Seleção Natural: Como nascem mais indivíduos do que o meio pode sustentar e como eles apresentam variações, ocorre uma "luta pela sobrevivência". Aqueles indivíduos com variações que lhes conferem vantagens adaptativas às condições ambientais existentes têm maior probabilidade de sobreviver e deixar mais descendentes. Este processo é a seleção natural.
- Adaptação e Modificação Gradual das Populações: A população muda gradualmente ao longo das gerações. Os indivíduos que sobrevivem e se reproduzem transmitem as variações vantajosas à sua prole. Com o tempo, o acúmulo dessas variações pode levar à adaptação da população ao ambiente e, eventualmente, à formação de novas espécies (especiação).
Seleção Natural e Adaptação
A seleção natural, proposta por Darwin, possui semelhanças (ambas selecionam características) e diferenças (a artificial é intencional e dirigida por humanos, a natural é um processo ambiental) com a seleção artificial praticada por criadores de animais e plantas. Para Darwin, a seleção natural é um processo contínuo e não direcionado a um fim específico, realizado pelas pressões do ambiente. Embora tanto Lamarck quanto Darwin reconhecessem que os organismos estão adaptados ao seu ambiente, suas explicações para o processo de adaptação diferiam fundamentalmente:
- Para Lamarck: O ambiente induziria ativamente nos organismos as mudanças necessárias para a sua sobrevivência (adaptação ativa). O desenvolvimento seria finalista ou teleológico, ou seja, teria um objetivo específico.
- Para Darwin: O ambiente atua como um selecionador passivo, escolhendo entre as variações preexistentes e aleatórias nos indivíduos de uma população. A adaptação é, portanto, o resultado da seleção natural favorecendo os mais aptos em um determinado contexto ambiental.
A Natureza como Critério Mutável
O ambiente não é estático; ele é modificado por alterações climáticas, pela chegada de novos predadores, parasitas ou competidores, ou por outras razões. Essas mudanças ambientais alteram os critérios e a direção da seleção natural. Uma característica vantajosa em um ambiente pode não ser em outro, ou pode se tornar desvantajosa se o ambiente mudar. Uma população geneticamente muito homogênea é mais vulnerável a tais mudanças do que uma população que apresenta maior diversidade genética, pois esta última tem maior probabilidade de conter indivíduos com características que se tornem vantajosas nas novas condições, garantindo a sobrevivência da espécie.