Teorias e Figuras Chave da Educação Socialista e Marxista
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Raízes da Educação Socialista
O fundo da educação a distância socialista muitas vezes se estende desde Platão, considerado o primeiro teórico do socialismo e do comunismo. No entanto, suas raízes mais significativas e profundas estão mais próximas de **Owen** e do socialismo utópico de **Fourier**. Owen direcionou sua atenção para a formação de uma nova sociedade através de uma ordem social que se manifestava na forma de comunidades empresariais, defendendo a abolição da propriedade privada, direitos e deveres iguais, e a eliminação da concorrência. Ele aplicou o ensino técnico e a combinação de educação com trabalho produtivo. A tese de Fourier não difere muito da de Owen. Fourier insistia na necessidade de educação técnica e treinamento de crianças no trabalho produtivo. O cerne de seu ensino era a "educação industrial". Marx se basearia nas ideias de Fourier, preenchendo-as com os conteúdos da produção industrial.
Marx e Engels: Fundamentos da Educação Marxista
No entanto, a base da educação nas teorias marxistas reside nas ideias de **Karl Marx** e **Friedrich Engels**. Sua interpretação do homem e do mundo era contrária à interpretação burguesa tradicional. Ambos eram da Renânia, de famílias de classe média, nascidos entre 1818 e 1820. Ideologicamente, eram atribuídos à esquerda hegeliana e receberam uma tríplice influência: da filosofia alemã, do movimento revolucionário francês e do progresso científico e tecnológico da Revolução Industrial Inglesa. Escreveram juntos A Sagrada Família, obra na qual explicam a evolução das sociedades humanas a partir das classes sociais e dos métodos de produção. Marx e Engels utilizaram o método marxista como uma ferramenta prática, realista e crítica para estudar os fatos e impulsionar a transformação da realidade.
A Crítica à Educação Capitalista
O jovem Marx e Engels criticavam a educação capitalista por ser unilateral: as escolas dedicadas à educação dos trabalhadores os ensinavam a ser operários, enquanto as escolas burguesas existiam para ensinar os filhos da burguesia a serem empregadores. As grandes indústrias necessitavam de uma preparação tecnológica múltipla. Assim, surge o princípio da **educação técnica**, com diversos programas de educação manual que permitiam que a criança fosse educada, vinculada à educação técnica em geral, e ao mesmo tempo, ao trabalho produtivo.
O Modelo de Escola Marxista
Marx e Engels defendiam a escola de meio período, pois as crianças estariam mais motivadas, compartilhando o trabalho produtivo e o ensino. O cerne da teoria marxista era a formação omnilateral do homem, uma formação total, completa e abrangente para desenvolver todas as potencialidades do ser humano. A escola marxista foi concebida como leiga, mista e gratuita, incluindo educação intelectual, física e técnica.
Lênin e a Escola de Trabalho Único
Após a Revolução de 1917, **Lênin** propôs uma educação que protegesse a transmissão do conhecimento científico moderno, garantindo a educação politécnica, mas também a transmissão da cultura proletária. Essas escolas receberam o nome de "escolas de trabalho único".
Makarenko: Pedagogia da Disciplina e Coletividade
**Makarenko** (1888-1939) compartilhou suas experiências e explicou suas teorias pedagógicas em duas obras de interesse educacional. Sua primeira experiência educacional com crianças e jovens infratores na Colônia Gorki foi retratada no Poema Pedagógico. Mais experiências em uma comunidade para jovens seriam o tema de sua nova obra, Bandeiras nas Torres. As colônias de Makarenko eram de natureza mista, combinando trabalho. As comunidades deveriam se sustentar, e os colonos eram alimentados e colocados para trabalhar. Ele enfatizava fortemente o valor social do trabalho, a ordem e o serviço para se sentir útil e servir à comunidade. Ele se mostrava distante dos alunos, pois o professor, em sua visão, não deveria demonstrar seus sentimentos. Passavam metade do dia trabalhando na fábrica e a outra metade estudando na escola. Makarenko não concordava com a combinação de trabalho e estudo, pois entendia que eram duas coisas diferentes e não intrinsecamente interligadas. A ordem do trabalho na escola servia a um propósito: a formação de cidadãos de que a União Soviética necessitava. Makarenko era um disciplinador, e a disciplina era um valor que ele trazia de sua própria família. Ele manifestava ódio aos castigos corporais, praticando o que Lênin já chamava de "disciplina consciente", uma disciplina que era compreendida e assumida como necessária nas escolas e na educação.
Críticas de Makarenko à Nova Escola
Makarenko era muito crítico da pedagogia tradicional e da educação considerada "renovadora". Sua oposição aos pressupostos da Nova Escola era radical. Sua experiência nas colônias o levou a discordar da ideia de que a educação deveria ser baseada nas necessidades da criança. Ele não valorizava o princípio da espontaneidade infantil. Organização e disciplina desempenhavam um papel chave; o foco era o social, e não o individual. Mais importante era o desempenho dos deveres e responsabilidades. O objetivo fundamental da educação era a formação do futuro cidadão consciente e ativo da comunidade que construiria a nova União Soviética.
Antonio Gramsci: Cultura, Estado e Educação
**Antonio Gramsci** (1891-1937) foi um pedagogo italiano e um dos mais importantes pensadores marxistas. Abandonou os estudos para se dedicar à política. Foi militante socialista e depois comunista, sendo um dos fundadores do Partido Comunista Italiano. Acabou preso em 1926. Na prisão, apesar das difíceis condições e da falta de meios, escreveu suas reflexões. Seu interesse pela pedagogia tinha uma dimensão pessoal (preocupação com a educação de seus filhos) e outra social (seu conhecimento da crise social, política e educacional da época).
Gramsci defendia que a cultura é baseada na igualdade dos homens. Para ele, todos os homens são intelectuais, mas nem todos podem exercer essa função na sociedade.
Ele se opunha tanto à educação baseada no autoritarismo quanto ao liberalismo, defendendo uma posição intermediária entre a disciplina rígida e a espontaneidade. No pensamento de Gramsci, o Estado tem um papel fundamental na educação, através de uma escola única, não classista, que ofereça oportunidades iguais e permita aos alunos formar-se como indivíduos, aprendendo a pensar, estudar e manusear. Nessa escola, o aluno era concebido como ativo e criativo, enquanto o papel do professor era chave, estabelecendo autoridade e disciplina para o acesso à autonomia pessoal.
Vassili Sukhomlinsky: A Escola da Alegria
**Vassili Sukhomlinsky** (1918-1970) é considerado, juntamente com Makarenko, um dos grandes mestres do comunismo na União Soviética do século XX. Após terminar seus estudos em formação de professores, participou da Segunda Guerra Mundial, onde foi ferido por estilhaços. Sua esposa foi torturada e assassinada pelos nazistas, fato que o marcou profundamente. Ele afirmava: "Dois sentimentos me incentivaram e me encorajaram: amor e ódio. Amor às crianças e ódio ao fascismo".
A originalidade de seu trabalho reside na concretização da formação marxista do indivíduo. Ele não desenvolveu um único livro que resumisse todos os seus pensamentos. Suas ideias estão espalhadas por mais de 30 livros e 500 artigos. Sua pedagogia era baseada no paidocentrismo da Escola Nova e no idealismo. Para Sukhomlinsky, tudo na educação deveria ser baseado na felicidade das crianças, na alegria de seus jogos, em sua imaginação e em seus desejos. Para este autor, o desenvolvimento pessoal visava o desenvolvimento comunitário, e não o individualismo isolado. A "Escola da Alegria" propunha o desenvolvimento de todas as potencialidades de cada aluno através da alegria, felicidade e liberdade, pois uma criança triste não aprendia bem. As crianças aprendiam brincando em um ambiente de trabalho e atividade que ele chamava de "campo de tensões", um clima necessário para o trabalho, que, juntamente com a motivação, permitia que as crianças estudassem, pesquisassem e consultassem por sua própria iniciativa, sem ordens nem disciplina. Para este autor, a comunidade era apenas uma forma de desenvolver o homem e a mulher comunistas.
Análise Marxista dos Sistemas Escolares
Obras como A Reprodução dos sociólogos franceses Bourdieu e Passeron, A Escola Capitalista na França dos sociólogos Baudelot e Establet, e as teorias de Althusser, têm em comum a aplicação das categorias e da metodologia marxista para a análise dos sistemas escolares. O resumo dessa escola de pensamento, que teve muitos adeptos, é a tendência da escola de reproduzir a situação de desigualdade existente. Os alunos são forçados a repetir seu próprio destino social, e as condições de classe social ao entrar na escola perpetuam a desigualdade, embora a escola tente explicar essa desigualdade levando em conta o "dom natural" dos indivíduos.
Suchodolski: Educação para uma Nova Civilização
A teoria educacional mais interessante do educador polonês **Suchodolski** prepara a juventude para um futuro mundial, uma nova civilização em que não há exploradores nem explorados, baseada no respeito aos seres humanos, criativos e críticos, e na qual é possível a participação social ativa e o desenvolvimento de uma vida cultural. O ensino do passado é ineficaz porque educa a juventude em valores passivos. A proposta de Suchodolski também inclui o trabalho concebido como autoeducação. Para isso, ele propõe unir as lições gerais e profissionais, o social e o individual em todas as fases da vida do homem. A Nova Civilização aspira a incorporar o desenvolvimento de todas as potencialidades do homem, tanto artísticas quanto intelectuais e morais, em um campo de cooperação social.