TEPT: Definição, Critérios Diagnósticos e Implicações Clínicas

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Definição Geral do TEPT

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é um transtorno que pode se desenvolver após a exposição a um evento traumático extremo, envolvendo ameaça à vida, à integridade física ou violência. Ocorre uma resposta intensa de medo, impotência ou horror, que persiste mesmo após o fim do evento, impactando gravemente o funcionamento psicológico e social.

Especificadores do TEPT no DSM-5

  • Com sintomas dissociativos:
    • Desrealização (sentir que o mundo não é real);
    • Despersonalização (sentir-se fora do corpo, desconectado de si mesmo).
  • Com expressão retardada:
    • Quando o diagnóstico só se completa após 6 meses do evento traumático.

TEPT em Crianças (≤6 anos)

Os critérios diagnósticos para TEPT em crianças são adaptados:

  • As reações são mais comportamentais;
  • Pode haver regressão (ex: enurese, apego excessivo);
  • A representação do trauma pode surgir no brincar repetitivo.

Diagnóstico Diferencial do TEPT

  • Transtorno de Ajustamento: não envolve trauma extremo.
  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): preocupação difusa e crônica, sem evento específico.
  • Transtornos Dissociativos: foco maior na perda de identidade ou consciência.
  • Transtorno Depressivo Maior: pode coexistir, mas o TEPT tem forte conteúdo traumático.

Psicopatologia do Trauma: Anotações Clínicas

  • O TEPT implica reexperiência involuntária do trauma, o que o distingue de quadros como depressão ou ansiedade pura.
  • As alterações cognitivas muitas vezes envolvem perda de confiança no mundo e nas relações humanas.
  • A sintomatologia fisiológica (hiperalerta) pode levar a fadiga crônica, exaustão emocional e transtornos de sono.
  • O trauma pode comprometer funções do self, afetando a imagem corporal, autoestima e senso de segurança.

Na Clínica: O Que Observar no TEPT

  • Escuta qualificada para identificar a narrativa do trauma (evitar retraumatização);
  • Sinais de hipervigilância e evitação em relatos indiretos;
  • Linguagem corporal: tensão, esquiva, reações abruptas a estímulos sonoros;
  • Possibilidade de dissociação leve ou moderada durante a fala sobre o trauma;
  • Fatores de risco associados: uso de substâncias, isolamento social, ideação suicida.

Resumo Final sobre o TEPT

O TEPT é um quadro complexo que envolve:

  • Uma experiência traumática real;
  • Reexperiência involuntária do evento;
  • Evitação ativa;
  • Alterações emocionais profundas;
  • Excitação neurofisiológica constante.

É essencial que psicólogos valorizem a história de vida do sujeito e adotem uma escuta acolhedora, ética e crítica sobre o contexto social que envolve o trauma (ex: violência urbana, de gênero, racismo, etc.).

TEPT: Critérios Diagnósticos do DSM-5

Critério A: Exposição a Evento Traumático

A pessoa foi exposta à morte real ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual de uma (ou mais) das formas abaixo:

  • Vivenciando diretamente o evento;
  • Testemunhando o evento enquanto ele ocorria com outros;
  • Tomando conhecimento de que o evento traumático ocorreu com um familiar ou amigo próximo;
  • Vivendo exposição repetida ou extrema a detalhes do evento (ex: socorristas recolhendo corpos).

Nota: Exposição via mídia, TV, filmes ou fotos não conta, a menos que seja parte do trabalho.

Critério B: Sintomas Intrusivos (≥1)

Após o trauma, a pessoa experimenta, de forma persistente:

  • Lembranças angustiantes e recorrentes;
  • Pesadelos relacionados ao trauma;
  • Reações dissociativas (reviver o trauma, como se estivesse acontecendo de novo);
  • Sofrimento psicológico intenso frente a sinais que lembram o trauma;
  • Reações fisiológicas frente a estímulos semelhantes.

Critério C: Evitação Persistente (≥1)

A pessoa evita:

  • Pensamentos, sentimentos ou memórias associadas ao trauma;
  • Pessoas, lugares, conversas, atividades, objetos ou situações que provoquem lembranças do trauma.

Critério D: Alterações Cognitivas e de Humor (≥2)

  • Incapacidade de lembrar parte importante do trauma (amnésia dissociativa);
  • Crenças distorcidas persistentes (ex: “a culpa foi minha”, “o mundo é perigoso”);
  • Culpabilização persistente de si mesmo ou dos outros;
  • Emoções negativas intensas e persistentes (medo, raiva, vergonha, culpa);
  • Redução do interesse em atividades importantes;
  • Sentimento de distanciamento dos outros;
  • Incapacidade persistente de sentir emoções positivas (alegria, carinho, afeto).

Critério E: Alterações na Excitação e Reatividade (≥2)

  • Irritabilidade ou explosões de raiva;
  • Comportamento imprudente ou autodestrutivo;
  • Hipervigilância;
  • Resposta exagerada de sobressalto;
  • Problemas de concentração;
  • Distúrbios do sono.

Critério F: Duração dos Sintomas

Os sintomas duram mais de 1 mês.

Critério G: Prejuízo Funcional

Os sintomas causam sofrimento clínico significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida.

Critério H: Exclusão de Outras Causas

Os sintomas não são atribuíveis a efeitos fisiológicos de substâncias (drogas, medicamentos) ou outra condição médica.

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