Terminologia de Parentesco: Tipos, Métodos e Aliança

Tipos de Terminologia de Parentesco (Murdock, 1949)

Um certo número de tipos de terminologias do parentesco, considerados de referência, foi retirado por Murdock (1949) para construir a sua tipologia. A estes foram atribuídos os nomes da sociedade ou área geográfica onde foram observados nas formas mais características.

Os Seis Principais Tipos Terminológicos

Os principais tipos são seis:

• Esquimó
• Havaiano
• Iroquês
• Sudanês
• Crow
• Omaha

Para além destes, existem mais dois outros, mais raros, representando formas efémeras, ou seja, formas de transição de um sistema de filiação para outro:

• Yuma
• Fox

O Método Genealógico e Parâmetros de Análise

Para recolher os termos de um determinado vocabulário do parentesco, recorre-se ao método genealógico e, simultaneamente, à observação dos comportamentos parentais que acompanham cada um dos termos linguísticos registados.

O método genealógico consiste em consignar uma genealogia recorrendo à memória dos seus interlocutores para indicarem os seus parentes um a um, do conjunto dos seus ascendentes, descendentes, colaterais e aliados. É precisamente neste processo de registo que se obtêm os diferentes termos de parentesco.

Parâmetros para a Análise Genealógica

Na análise, convém empregar um certo número de parâmetros que permitem efetuar as necessárias medidas em termos de graus de consanguinidade e, assim, situar com precisão um determinado indivíduo numa dada genealogia:

• O Cômputo dos Graus de Consanguinidade: O cálculo romano ou civil, e o cálculo germânico-canónico.
• A Geração: A determinação das gerações superiores (G+) ou inferiores (G-) inicia-se a partir do Ego (G0).
• O Grau de Colateralidade (ºCol): O estabelecimento é feito horizontalmente a partir da linha reta (Lr) na geração de Ego (G0). Por exemplo, os irmãos de Ego são parentes do primeiro grau de colateralidade; os tios e primos germanos (primos direitos) são de segundo grau.

Em determinadas nomenclaturas, o sexo e a idade podem ser pertinentes para a análise, não somente do ponto de vista do significado mais estritamente antropológico.

O Casamento e a Aliança Matrimonial

O casamento entre dois indivíduos de sexos diferentes pressupõe uma aliança entre grupos mais ou menos distintos. O grau de distância consanguínea entre os grupos de onde emanam os indivíduos esposáveis pode variar consideravelmente de uma sociedade para outra. A aliança tanto pode realizar-se fora de qualquer laço de parentesco como dentro de um grupo de consanguíneos relativamente próximos e autorizados para o efeito.

A Proibição do Incesto

O círculo de parentes abrangido pela proibição do incesto varia muito de uma sociedade para outra, assim como tem variado no tempo. Tem, porém, como característica ser uma proibição de natureza universal, cujo fundamento é nunca permitir, no mínimo, o casamento entre irmãos.

No caso das sociedades europeias, a extensão da zona de parentes abrangidos pela proibição variou muito ao longo do tempo. No passado, a Igreja proibiu o casamento até ao sétimo grau do cômputo canónico (o correspondente ao décimo quarto grau do cálculo civil). Mais tarde, reduziu a proibição para o quarto grau canónico e só recentemente regrediu a proibição até aos primos direitos, cujo casamento passou a ser autorizado mediante dispensa.

Modelos de Escolha do Cônjuge (Lévi-Strauss)

Segundo a teoria de Lévi-Strauss (1967), a aliança corresponde à escolha do cônjuge segundo dois grandes modelos:

• Regras Positivas: Prescrevem ou indicam preferencialmente a escolha do cônjuge.
• Regras Negativas: Limitam-se a proibir um pequeno círculo de parentes consanguineamente muito próximos, deixando livre a escolha do cônjuge relativamente a indivíduos não aparentados ou ao conjunto dos outros parentes.

A primeira das regras corresponde ao que Lévi-Strauss (1967) definiu como as estruturas elementares do parentesco, segundo as quais as regras de escolha do cônjuge têm efetivamente um caráter positivo, no sentido em que a escolha deve ser realizada preferencialmente numa determinada zona de parentesco. Por exemplo, entre primos cruzados matrilaterais (primos germanos saídos de irmãos de sexos diferentes do lado materno) ou, ao contrário, entre primos paralelos patri ou matrilaterais indiferentemente.