Tipos de Necrose Celular e Sua Importância Diagnóstica
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Tipos de Necrose Celular
Necrose de Coagulação
- Ocorre em tecidos ricos em proteínas (musculatura, rins, suprarrenais).
- Queda do pH → desnaturação proteica → proteínas insolúveis, que retardam a proteólise pelas enzimas lisossomais.
- Preservação do contorno básico da célula – arquitetura tecidual preservada, permitindo o reconhecimento do tecido.
- Consistência firme.
- A progressão da necrose ocorre preferencialmente através da heterólise, quando leucócitos migram para o local lesado.
Necrose de Liquefação
- Ocorre em tecidos pobres em proteínas, ricos em tecido conjuntivo frouxo; comum no cérebro.
- Ocorre autólise e heterólise.
- Consistência mole, liquefeita – forma uma massa viscosa e líquida.
- Perde-se a arquitetura tecidual.
- É típica de infecções bacterianas ou fúngicas devido à associação com o processo inflamatório rico em neutrófilos, resultando em material amarelo-cremoso (pus).
Necrose Caseosa
- Necrose típica da infecção tuberculosa, causada por Mycobacterium tuberculosis.
- Macroscopicamente: assemelha-se a queijo branco, grumoso e macio – o “caseum”.
- Forma-se uma massa proteinácea amorfa – perde-se a arquitetura tecidual.
Necrose Gordurosa
- Ocorre pela ação de lipases sobre o tecido gorduroso.
- É típica da pancreatite aguda – enzimas pancreáticas liberadas e ativadas durante a lesão celular das células pancreáticas agem sobre o tecido adiposo peripancreático ou da cavidade peritoneal, decompondo os triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol.
- Os ácidos graxos, em contato com o Ca²⁺ das células mortas, reagem formando os sabões de cálcio.
- Forma-se uma massa granulosa, amorfa, de consistência endurecida e coloração esbranquiçada – semelhante a giz branco.
- Pode ocorrer em traumas do tecido adiposo.
Necrose Gangrenosa (Gangrena)
- Termo usado em geral para a necrose em extremidades: membros superiores ou inferiores, e na necrose do cordão umbilical.
- Tem consistência endurecida e coloração escura.
- É o termo correto para associações entre necrose de coagulação e necrose de liquefação em um mesmo tecido: um tecido rico em proteína sofre necrose de coagulação, e uma infecção bacteriana posterior leva ao desenvolvimento do padrão liquefativo.
Classificação da Gangrena
- Gangrena seca
- Gangrena úmida
- Gangrena gasosa
Necrose: Diagnóstico Laboratorial e Evolução de Doenças
Proteínas e enzimas celulares específicas são detectadas na corrente sanguínea. Ocorre liberação dessas proteínas e enzimas na circulação durante a necrose das células letalmente lesadas.
Exemplo: Infarto do Miocárdio (IM)
Creatina Quinases (CK) e Isoenzimas
- CK – Início da liberação: 2-4 horas após o IM.
- CK – Normalização: após cerca de 72 horas.
- CKMB – Início da liberação: 4-8 horas após o IM.
- CKMB – Normalização: 48-72 horas após o IM.
O aumento dos níveis plasmáticos de CKMB sugere infarto do miocárdio recente. A ausência de CKMB plasmático nos dois primeiros dias de dor torácica exclui o diagnóstico de IM.
Distribuição das Isoenzimas CK
- Miocárdio: CKMM e CKMB
- Músculo Esquelético: CKMM
- Cérebro: CKBB
- Pulmão: CKBB
Lactato Desidrogenase (LDH)
- É liberada mais tarde e é menos específica.
- Início: terceiro dia após o IM.
- Permanência: 8 a 10 dias após o IM.
Troponina I (TNI) e Troponina T (TNT)
- Marcadores cardíacos específicos determinados através de imunoensaios (Antígeno-Anticorpo).
- Aparecem junto com a CKMB; no entanto, os níveis de TNI e TNT permanecem elevados durante 7 a 10 dias após o evento agudo de IM.