Tópicos de História: Estado Novo e o Mundo Pós-1945
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Mocidade Portuguesa
De inscrição obrigatória para os jovens dos 7 aos 14 anos, destinava-se a ideologizar a juventude, incutindo-lhes os valores nacionalistas e patrióticos do Estado Novo. A sua criação insere-se na lógica de “fascização” do regime e consolidação da ditadura. Acreditava-se ser essa a melhor resposta para deter a expansão do bolchevismo na Europa.
Campanha do Trigo
A campanha nacional procurou alargar a área de cultura daquele cereal, nomeadamente no Alentejo. O Estado concedeu grande proteção aos proprietários, adquirindo-lhes as produções e estabelecendo o protecionismo alfandegário. Em tempo de crise económica e de nacionalismos exaltados, o crescimento significativo da produção cerealífera conseguiu a autossuficiência do país, forneceu grãos à indústria da moagem, favoreceu a produção de adubos e de maquinaria agrícola e deu emprego a milhares de portugueses. A Campanha do Trigo representou um momento alto da propaganda do Estado Novo, contribuindo para a sua consolidação.
Guerra Fria
Corresponde a um clima de tensão e intensa hostilidade, caracterizado pela bipolaridade, que opôs as duas superpotências mundiais: os EUA e a URSS. Cada bloco apresentava-se no panorama mundial como expoente máximo de um sistema económico, social e político alternativo ao outro.
Blocos Antagónicos
- O bloco Ocidental, liderado pelos EUA, defendia o capitalismo, a democracia parlamentar, a economia de mercado e a NATO.
- O bloco de Leste, liderado pela URSS, defendia o marxismo, o socialismo, a economia de direção central e o Pacto de Varsóvia.
Principais Marcas da Guerra Fria
- Antagonismo Ideológico: Cada bloco tentava atrair parceiros para a sua esfera de influência.
- Questão Alemã: A Alemanha foi o símbolo da Guerra Fria, dividida em dois estados (RDA e RFA), pertencentes a blocos diferentes. Este processo de divisão trouxe para o centro de discórdia a situação de Berlim, já que na capital continuavam estacionadas as forças militares das três potências ocidentais. Numa tentativa de forçar a retirada dessas forças, Estaline bloqueou aos três aliados os acessos terrestres à cidade. O Bloqueio de Berlim foi o primeiro medir de forças entre as duas superpotências.
- Partilha da Europa: O mundo bipolar traduziu-se particularmente numa divisão da Europa em blocos antagónicos (Ocidental e de Leste), chamada a Cortina de Ferro, por Churchill. Quando este o afirmou, o processo de sovietização dos países de Leste era já irreversível.
Doutrinas e Planos
Os partidos comunistas, para coordenar a sua atuação, criaram em 1947 o Cominform. Passado um ano, os EUA assumiram formalmente a liderança da oposição aos avanços do socialismo. O presidente Truman, num discurso histórico, expôs a sua visão de um mundo dividido em dois sistemas antagónicos: um baseado na liberdade; o outro na opressão. Aos americanos competiria, perante o enfraquecimento da Europa, liderar o mundo livre e auxiliá-lo na contenção do comunismo — a Doutrina de Truman. Esta doutrina deixava clara a necessidade de ajudar a Europa a reerguer-se economicamente. É neste contexto que George Marshall anuncia um plano de ajuda económica à Europa, conhecido como Plano Marshall.
Resposta Soviética
A Doutrina Jdanov defende que o mundo se divide em dois sistemas contrários: um imperialista e antidemocrático, liderado pelos EUA; o outro, em que reina a democracia e a fraternidade, corresponde ao mundo socialista, liderado pela URSS.
Em janeiro de 1949, Moscovo respondeu ao Plano Marshall lançando o Plano Molotov, no âmbito do qual se criou a COMECON (Conselho para Assistência Económica Mútua), destinada a promover o desenvolvimento integrado dos países comunistas. Os países abrangidos pelo Plano Marshall (OECE) e os países do COMECON funcionaram como áreas económicas coesas e distintas uma da outra.
Alianças Militares
Os EUA empenharam-se por todos os meios na contenção do comunismo. A tensão provocada pelo Bloqueio de Berlim acelerou as negociações que conduziram em 1949 ao Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO). Em resposta à NATO, a URSS criou o Pacto de Varsóvia.
Política Económica e Social das Democracias Ocidentais
O conceito de democracia no Ocidente, para além do respeito pelas liberdades individuais, considerou que o regime democrático deveria assegurar o bem-estar dos cidadãos e a justiça social. Nesta altura, sobressaíam no panorama político europeu forças do socialismo reformista e da democracia cristã. Ambas tinham lutado contra o nazismo e apresentavam-se como uma alternativa credível aos velhos partidos liberais. Partilhavam as mesmas preocupações sociais e advogavam um Estado interventivo, capaz de liderar a necessária reconstrução económica.
- Democracia Cristã (Itália e RFA): Aplicava uma orientação profundamente humanista, alicerçada na liberdade, na justiça e na solidariedade, princípios que estiveram na base do cristianismo.
- Sociais-Democratas (Inglaterra, Holanda): Conjugavam a defesa do pluralismo democrático e dos princípios da livre-concorrência económica com o intervencionismo do Estado, cujo objetivo era regular a economia e promover o bem-estar dos cidadãos. Rejeitavam a via revolucionária proposta por Marx.
Estado-Providência (Welfare State)
A estruturação do Estado-Providência na Europa do pós-guerra fez-se rapidamente. O sistema de proteção social generalizou-se a toda a população, passando a acautelar as situações de desemprego, acidente, velhice e doença; estabeleceram-se prestações de ajuda familiar e outros subsídios aos mais pobres. Ampliaram-se as responsabilidades do Estado no que concerne à habitação, ao ensino e à assistência médica.
Este conjunto de medidas visava um duplo objetivo:
- Reduzir a miséria e o mal-estar social, contribuindo para uma repartição mais equitativa da riqueza.
- Assegurar uma certa estabilidade à economia, já que evitava descidas drásticas da procura, como a que ocorreu durante a crise dos anos 30.
Foi também um fator da grande prosperidade económica que o Ocidente viveu nas três décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial.
A Prosperidade Económica: Os "Trinta Gloriosos"
O crescimento económico do pós-guerra estruturou-se em bases sólidas. O capitalismo emergiu dos escombros da guerra e atingiu o seu auge. Entre 1945 e 1973, a produção mundial mais do que triplicou. As economias cresceram de forma contínua, sem períodos de crise. Estes cerca de 30 anos de prosperidade material sem precedentes ficaram conhecidos como os “Trinta Gloriosos”.
Características
- Aceleração do progresso tecnológico.
- Recurso ao petróleo como matéria energética por excelência.
- Aumento da concentração industrial e do número de multinacionais.
- Aumento significativo da população ativa.
- Modernização da agricultura.
- Crescimento do setor terciário.
Sociedade de Consumo
O efeito mais evidente dos “Trinta Gloriosos” foi a generalização do conforto material. O pleno emprego, os salários altos e a produção maciça de bens a preços acessíveis conduziram à sociedade de consumo.
Esta sociedade identifica-se pelo consumo em massa de bens supérfluos, que passam a ser encarados como essenciais à qualidade de vida.
Exemplos da mudança de estilo de vida:
- As casas tornaram-se mais cómodas e bem equipadas (aquecimento, telefone, televisão, etc.).
- O automóvel tomou lugar nas garagens.
- As férias pagas acentuaram a ideia de que a vida merece ser desfrutada e o dinheiro existe para se gastar.
- Multiplicação dos espaços comerciais.