Totalitarismo e Autoritarismo: Semelhanças e Diferenças

Apesar de diferentes, os regimes totalitário e autoritário têm dois elementos em comum: por um lado, a constante luta para reduzir ou eliminar definitivamente o pluralismo político e, por outro, os seus critérios de atribuição e repartição do poder político, que nunca se baseiam em eleições livres. As eleições, quando ocorrem, são aparentemente livres, mas sempre controladas e com recurso à força. Isto acontece porque ambos os regimes são construções frágeis, débeis e instáveis, apesar de poderosas, e os seus líderes, conscientes de que os seus regimes não têm bases sólidas, recorrem à repressão e à opressão.

Há quatro diferenças principais entre os regimes autoritários e totalitários:

• Pluralismo de organizações: É limitado no regime autoritário (forças como a Igreja Católica, as Forças Armadas e grupos económicos são importantes e obrigam o ditador a reconhecer essa importância, concedendo-lhes alguma autonomia, mas esses setores reconhecem a legitimidade do poder ditatorial). No regime totalitário, o pluralismo de organizações é inexistente.
• Ideologia: Mentalidades predominam no autoritário (crenças como "Deus, Pátria e Família"; a ideologia adapta-se às tradições do país). Já o regime totalitário possui uma forte componente ideológica, que pretende edificar uma sociedade nova, rejeitando a existente.
• Mobilização: É mínima no autoritário (exceto nos períodos iniciais do regime e em momentos de crise). No totalitário, a mobilização é permanente e capilar.
• Liderança: É fundadora no autoritário (com dificuldade em manter o regime após a saída da sua principal figura, podendo iniciar-se uma transição). No regime totalitário, a liderança é carismática-partidária (com menor dificuldade em manter o regime após a saída do principal líder).

Em geral, os regimes autoritários, apesar da sua variedade, diferem dos regimes totalitários precisamente pela relutância e incapacidade em mobilizar grandes massas, pois o regime autoritário renuncia às assembleias de multidões, despolitiza as massas, mantém deliberadamente baixa a participação política e exalta a esfera privada. Pelo contrário, os regimes totalitários impõem uma mobilização frequente vinda de cima, eliminam as fronteiras entre o privado e o público, exigindo que os cidadãos dediquem todo o seu tempo livre à política, caracterizando-se como um regime de mobilização.