TPM e Abdome Agudo Ginecológico: Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

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Tensão Pré-Menstrual (TPM)

Ocorre na fase lútea, desaparece na menstruação (recorrente e cíclico); relacionado à formação do corpo lúteo e produção de progesterona.

Sintomas Afetivos

  • Labilidade emocional
  • Tensão
  • Ansiedade
  • Irritabilidade
  • Hostilidade
  • Agressividade
  • Esquecimento
  • Nervosismo
  • Fadiga
  • Tristeza, desânimo, depressão
  • Choro fácil

Sintomas Somáticos

  • Edema
  • Ganho de peso
  • Dores nas pernas
  • Distensão abdominal
  • Mastalgia
  • Fogachos
  • Vertigens
  • Palpitações
  • Cefaleia
  • Alterações do sono
  • Acne
  • Sede e apetite excessivos (doces e chocolates)
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Constipação ou aceleração do trânsito intestinal

Diagnóstico

Critérios:

  • 5 dias de sintomas somáticos e afetivos.
  • Alívio de sintomas com a menstruação e ausência de recorrência até o 13º dia do ciclo.
  • Sintomas presentes na ausência de medicamento, hormônios, drogas e ingestão de álcool.
  • Registro dos sintomas em 2 ciclos consecutivos.
  • Interferência nas atividades diárias, sociais e econômicas.

Tensão pré-menstrual: conjunto de sintomas que a mulher sente, discretamente, e que antecede a menstruação.

Síndrome pré-menstrual: sintomas intensos.

Transtornos disfóricos pré-menstruais: sintomas que alteram o humor de maneira importante.

Etiologia

Multifatorial:

  • Sensibilidade à flutuação hormonal X serotonina (queda hormonal pré-menstrual -> queda de serotonina e endorfinas).
  • Ciclos ovulatórios (CHO melhora quadro).
  • Alterações hormonais da fase lútea (queda de GABA, progesterona aumenta turnover de serotonina, queda de Beta-endorfinas, aumento de aldosterona e angiotensina II e atividade plasmática de renina).

Tratamento

  1. Cálcio 1200mg/dia
  2. Vitaminas: Vitamina B6 (cofator da síntese de dopamina e serotonina) e Magnésio
  3. Corrigir alimentação
  4. Atividade física regular
  5. Apoio psicológico
  6. Terapias de relaxamento
  7. Ansiolíticos
  8. Antidepressivos

Abdome Agudo Ginecológico

Toda condição dolorosa de início súbito. Decidir precocemente se o doente necessita ou não de cirurgia e se a cirurgia deve ser realizada imediatamente ou não.

Causas Não Cirúrgicas

  • Linfadenite mesentérica
  • Infecção intestinal
  • Intoxicação alimentar
  • Doença inflamatória intestinal
  • Pancreatite
  • Cetoacidose diabética
  • Intoxicação por metais pesados
  • Porfiria aguda
  • Anemia falciforme
  • Infecção urinária aguda

“O abdome agudo que se inicia com temperatura acima de 38ºC raramente é cirúrgico.”

“A anorexia geralmente precede a dor no abdome agudo inflamatório.”

“Não existe abdome agudo sem dor.”

Causas Cirúrgicas

  • Gravidez ectópica
  • Endometriose
  • DIP
  • Abortamento
  • Degeneração de mioma
  • Endometrite
  • Cisto ovariano hemorrágico
  • Torção de anexos
  • Ruptura de cisto ovariano
  • Síndrome de hiperestimulação ovariana

Classificação

  1. Inflamatório: DIP (ou apendicite)
  2. Hemorrágico: Gravidez ectópica (ou Hímen Imperfurado)
  3. Vascular: Torção de Anexos (ou de Mioma Subseroso)

Exame Físico: Palpação

  1. Contratura muscular: vista e palpada
  2. Defesa: desencadeada pela palpação
  3. Descompressão dolorosa

Exames Laboratoriais

  1. Beta HCG (sempre pedir)
  2. Exame de urina (ITU)
  3. Hemograma completo (Anemia, Leucocitose)
  4. VHS
  5. PCR
  6. Bacterioscopia direta pelo GRAM

Abdome Agudo Vascular

  1. Os tumores ovarianos que torcem geralmente medem 5 a 15 cm.
  2. Na torção de mioma pediculado subseroso, o tratamento pode ser conservador (miomectomia) ou radical (histerectomia).
  3. A necrobiose asséptica de mioma: “degeneração vermelha ou carnosa” é mais comum na gestação e puerpério.

Abdome Agudo Hemorrágico

Decorre de rotura de vísceras pélvicas (Gravidez Ectópica Rota - porção ampular é a mais comum).

Gravidez Ectópica Rota - Sintomas

  1. Dor intensa na fossa ilíaca ou hipogástrio.
  2. Dor cervical ou no ombro – Sinal de Laffont.
  3. Sangramento vaginal – reação de Arias Stela.
  4. Sensação de peso no reto e bexiga.
  5. “Grito de Douglas”.
  6. Palidez cutâneo-mucosa, taquicardia, pulso fino e sinais de pré-choque hipovolêmico.

Diagnóstico

Realizar Beta HCG e USG Transvaginal.

Tratamento

  1. Reposição volêmica – soluções eletrolíticas e hemotransfusão.
  2. Monitorização dos padrões vitais.
  3. Laparotomia.

Abdome Agudo Infeccioso (DIP)

Também chamado: Cervicite/Endometrite/Salpingite/Peritonite ou Doença Inflamatória Pélvica (DIP). Nomenclatura mais correta: Infecção do Trato Genital Inferior (TGI) e Infecção do Trato Genital Superior (TGS).

Doença Inflamatória Pélvica (DIP)

Via ascendente (forma clássica): Espontânea em 90%. Ocorre devido à quebra da barreira do muco cervical, permitindo a colonização do trato genital superior. A menstruação é um fator de risco, pois:

  1. Quebra a barreira do muco cervical.
  2. Serve como meio de cultura.

Fatores de proteção: Contraceptivo hormonal combinado/progestágenos (espessamento do muco cervical e queda do fluxo menstrual).

Fisiopatologia: Gonococo/Clamídia/Mycoplasma causam salpingite purulenta que, quando não detectada a tempo, a infecção sobe atingindo a cavidade pélvica, provocando a DIP. Raramente o quadro se inicia como infecção polimicrobiana.

  1. Neisseria gonorrhoeae: Aumento rápido do número de bactérias (resposta inflamatória intensa - agudo).
  2. Chlamydia trachomatis: Tropismo pelo endocérvix; aumento lento do número de bactérias (resposta inflamatória branda - arrastado).

Estadiamento MONIF

  1. Estádio 1: Endometrite e salpingite sem peritonite.
  2. Estádio 2: Salpingite com peritonite (observar 48h - se não melhorar, indicar cirurgia).
  3. Estádio 3: Salpingite aguda com oclusão tubária ou comprometimento tubovariano. Abscesso íntegro (observar 48h - se não melhorar, indicar cirurgia).
  4. Estádio 4: Abscesso tubovariano roto (indicação cirúrgica imediata).

Diagnóstico e Tratamento da DIP Aguda

Quadro Clínico:

  • Febre
  • Sangramento anormal
  • Dor hipogástrica
  • Endocervicite
  • Dor à mobilização do útero e anexos

Critérios Mínimos:

  1. Dor uterina
  2. Dor nos anexos
  3. Dor à mobilização do colo
  4. Sem outra causa plausível

Critérios Elaborados de Rotina:

  1. Febre
  2. Secreção purulenta cervical
  3. ↑ VHS
  4. ↑ PCR
  5. Leucócitos abundantes no exame a fresco vaginal
  6. Diagnóstico laboratorial de infecção cervical por gonococo ou clamídia

Critérios Elaborados Específicos:

  1. Endometrite com comprovação histológica.
  2. US TVG ou RNM com trompas espessadas e contendo coleção líquida com ou sem líquido livre e/ou complexo tubo-ovariano.
  3. CVL: Edema, hiperemia, pus e complexo tubo-ovariano.

Diagnóstico: 3 critérios elaborados de rotina + 1 critério mínimo OU 1 critério elaborado específico.

Tratamento:

Ambulatorial: Tianfenicol 2,5g VO dose única + Doxiciclina 100 mg VO 12/12h por 10 dias.

Hospitalar: Clindamicina (600mg EV 8/8h) + Gentamicina (3 mg/kg EV 8/8h).

Parceiro: Azitromicina 1g.

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