A Trajetória Hipotética de Aprendizagem (THA) de Martim Simon

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Para refletirmos sobre o nível de detalhamento do currículo moldado pelo professor para seu grupo de alunos, o que é feito para certos períodos do trabalho em sala de aula (bimestre, semana), vamos recorrer à ideia de Trajetória Hipotética de Aprendizagem, formulada pelo pesquisador Martim Simon (1995).

Essa ideia baseia-se no pressuposto de que é preciso planejar trajetóriascaminhos, percursos – que imaginamos serem interessantes e potentes para que os alunos de uma turma consigam atingir as expectativas de aprendizagem que estão previstas para um determinado período da escolaridade. São hipotéticas porque, na sua realização em sala de aula, são sempre sujeitas a ajustes e redirecionamentos.

Para Simon, a consideração dos objetivos de aprendizagem, das atividades de aprendizagem e do pensamento e conhecimento dos estudantes são elementos importantes na construção de uma Trajetória Hipotética de Aprendizagem. Sua construção está assentada em conhecimentos teóricos e práticos do professor.

Para Simon, a noção da Trajetória Hipotética de Aprendizagem pressupõe a importância da relação entre a meta pretendida, o raciocínio sobre decisões de ensino e a hipótese sobre esse percurso. A escolha da palavra “trajetória” é significativa para designar um caminho. Simon convida a uma analogia:

Façamos uma analogia: considere que você tenha decidido viajar ao redor do mundo para visitar, na sequência, lugares que você nunca tinha visto. Ir para a França, depois Havaí, depois Inglaterra, sem uma série de itinerário a seguir. Antes, você adquire conhecimento relevante para planejar sua possível jornada. Você faz um plano. Você pode inicialmente planejar toda a viagem ou uma única parte dela. Você estabelece sua viagem de acordo com seu plano. No entanto, você deve fazer constantes ajustes por causa das condições que irá encontrar. Você continua a adquirir conhecimento sobre a viagem e sobre as regiões que você deseja visitar. Você muda seus planos a respeito da sequência do seu destino. Você modifica o tamanho e a natureza de sua visita, de acordo com o resultado da interação com as pessoas no decorrer do caminho. Você adiciona destinos à sua viagem que não eram de seu conhecimento. O caminho que você utilizará para viajar é sua “trajetória”. O caminho que você antecipa em algum ponto é a sua “trajetória hipotética”. (Simon, 1995, p. 35)

A Trajetória Hipotética de Aprendizagem (THA) pode ser inserida como parte integrante de um importante nível do desenvolvimento curricular: o nível do currículo interpretado e realizado pelo professor. Este se baseia em seus conhecimentos da disciplina, em conhecimentos pedagógicos, mas, especialmente, em sua vivência em sala de aula, a partir da qual ele é capaz de formular hipóteses sobre como se processará a aprendizagem dos alunos, que dificuldades podem surgir e como contorná-las.

Com maior ou menor nível de consciência, todo professor percorre esse “ciclo de ensino”. No entanto, a riqueza das experiências e das formas de atuação depende do grau de clareza sobre cada elemento em jogo na THA e sobre seu processo de realização em sala de aula.

Durante o desenvolvimento de atividades pelos professores, um objetivo inicial planejado geralmente pode ser modificado muitas vezes (talvez continuamente) durante o estudo de um conceito matemático particular.

Quando os alunos começam a se engajar nas atividades planejadas, os professores deveriam “comunicar-se” com as observações dos alunos, nas quais eles formatam novas ideias sobre esse conceito. Assim, o ambiente de aprendizagem envolve resultados da interação entre o professor e os alunos e como eles se engajam em um conteúdo matemático.

Segundo Simon, um professor pode propor uma tarefa; contudo, as formas pelas quais os alunos constroem suas tarefas e suas experiências é que vão determinar seu potencial de aprendizagem. Assim, por exemplo, se um aluno dá uma resposta a um problema elaborado pelo professor e, no entendimento do professor, não foi uma compreensão adequada sobre conceitos ou procedimentos envolvidos, isso deve resultar em um novo objetivo de ensino sobre o assunto. Este objetivo, temporariamente, substitui o original.

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