Transformações Geopolíticas e Sociais do Século XX
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A NEP: Uma Viragem na Economia Soviética A Nova Política Económica (NEP) marcou uma mudança significativa na economia soviética após a guerra civil. Reconhecendo a necessidade de progresso económico para a construção do comunismo, Lenin implementou medidas capitalistas como um "recuo estratégico". As medidas incluíam um imposto em vez da entrega total dos excedentes agrícolas, permissão para venda direta de produtos pelos camponeses, aceitação de ajuda estrangeira e abolição do trabalho obrigatório. Implementada entre 1921 e 1927, a NEP resultou em uma melhoria notável nos níveis de produção.
Transformações Geopolíticas após a Primeira Guerra Mundial A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) resultou em profundas mudanças geopolíticas. Os acordos de paz de 1919, elaborados pelos países vencedores, visavam estabelecer uma nova ordem internacional para garantir a paz. O mapa da Europa foi redesenhado com o desmembramento de impérios e a criação de novos países. O Império Russo transformou-se em um estado soviético após a Revolução Bolchevique de 1917. Outros impérios, como o Alemão, Austro-Húngaro e Otomano, também se dissolveram, dando origem a nações como Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Checoslováquia, Hungria e Iugoslávia. As fronteiras de países vencedores, como França, Itália e Bélgica, foram expandidas, enquanto as de países derrotados, como Áustria, Alemanha, Bulgária e Turquia, foram reduzidas. A Alemanha, considerada a principal responsável pela guerra, sofreu perdas territoriais, desmilitarização e humilhação, além de ter que pagar indenizações aos vencedores. Com o fim dos impérios, a maioria dos estados adotou a democracia liberal em regimes republicanos, com exceção da Rússia Soviética.
Dependência da Europa em Relação aos EUA Durante a guerra, os EUA se tornaram o principal fornecedor de bens e serviços para a Europa. Após o conflito, a Europa devastada enfrentou um colapso económico com inflação, desvalorização da moeda e desemprego. A perda da hegemonia europeia e a dificuldade em reestruturar a economia agravaram a dependência em relação aos EUA, aumentando o endividamento. A emissão massiva de notas para cobrir despesas levou à desvalorização da moeda e à inflação, piorando as condições de vida da população. Em contraste, os EUA vivenciaram uma era de prosperidade, conhecida como "Loucos Anos 20", marcada por euforia, otimismo e confiança no futuro. A recuperação da Europa ocorreu principalmente devido à ajuda americana, consolidando a supremacia dos EUA.
Revoluções de Fevereiro e Outubro de 1917 na Rússia A Revolução Russa de Fevereiro de 1917 foi impulsionada por diversos fatores. O descontentamento popular com a autocracia do Czar Nicolau II, a desigualdade social, a participação desastrosa na Primeira Guerra Mundial e a organização de sovietes de trabalhadores contribuíram para a revolta. Em fevereiro de 1917, a burguesia ascendeu ao poder, depondo o czarismo e estabelecendo uma república liberal. O Governo Provisório, liderado por Kerensky e Lvov, enfrentou a oposição dos sovietes. Em outubro de 1917, os bolcheviques, liderados por Lenin, com o apoio dos sovietes, realizaram a Revolução Soviética, substituindo o Governo Provisório pelo Conselho dos Comissários do Povo. Trotsky e Stalin também desempenharam papéis importantes na revolução. A Rússia retirou-se da guerra e implementou os princípios marxistas, dando origem ao marxismo-leninismo. A Revolução de Outubro resultou em uma guerra civil entre o "Exército Vermelho" (comunistas) e o "Exército Branco" (liberais).
Vanguardas Artísticas: Rupturas com os Cânones Tradicionais As primeiras décadas do século XX testemunharam uma revolução nas artes, conhecida como Modernismo. As vanguardas artísticas romperam com as tradições, buscando novas formas de representar a realidade. As principais vanguardas foram:
- Fauvismo: Cores intensas, transmitindo serenidade em vez de realismo.
- Expressionismo: Temática pesada, expressando angústia, crítica social e pessimismo.
- Cubismo: Geometrização das formas, representando múltiplos ângulos do mesmo objeto, desafiando as leis da perspectiva.
- Abstracionismo: Rejeição da representação da realidade concreta, dividindo-se em abstracionismo lírico (inspirado no inconsciente) e geométrico (focado na racionalização).
- Futurismo: Rejeição do passado e do moralismo, exaltando a velocidade, a tecnologia, a guerra e a violência.
- Dadaísmo: Oposição à arte tradicional, ceticismo absoluto e improvisação.
- Surrealismo: Ênfase no inconsciente, combinando o abstrato com o psicológico, buscando abstrair-se da racionalidade.
Condições para a Revolução Russa de Fevereiro de 1917 Em 1917, a Rússia enfrentava uma crise profunda. Camponeses reivindicavam terras, operários exigiam melhores condições de vida, e a burguesia e a nobreza liberal desejavam abertura política e modernização. A participação na Primeira Guerra Mundial desorganizou a economia, gerando fome e intensificando o descontentamento popular. As derrotas militares contra a Alemanha agravaram o sentimento anti-czarista, criando o cenário para a Revolução de Fevereiro.
A Sociedade das Nações (SDN): Fracasso e Legado Criada em 1919 por proposta do presidente Woodrow Wilson, a SDN tinha como objetivos a manutenção da paz mundial, a segurança internacional e a promoção da cooperação entre as nações. No entanto, a organização enfrentou diversos problemas desde o início, incluindo a ausência dos EUA, a falta de participação dos países derrotados na guerra, a insatisfação de países vencedores como a Itália e o descontentamento de minorias nacionais. A SDN não conseguiu evitar a ascensão de regimes autoritários, o rearmamento da Alemanha e a eclosão da Segunda Guerra Mundial, que marcou o seu fim. Apesar do fracasso, a SDN lançou as bases para a criação da ONU após a Segunda Guerra Mundial, com uma estrutura mais complexa e competências mais amplas.
O Modernismo em Portugal: Orpheu e Presença O Modernismo em Portugal teve dois momentos marcantes: a revista Orpheu (1915) e a revista Presença (1927-1940). Orpheu, com apenas dois números, introduziu o Modernismo no país, apresentando obras de autores como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros. A revista chocou a crítica com sua estética inovadora e crítica à tradição literária. Presença, fundada por Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões e José Régio, deu continuidade à luta contra o academismo literário, defendendo a liberdade criativa e a expressão individual. A revista também divulgou obras de escritores europeus, principalmente franceses. O Segundo Modernismo, representado por Presença, contou com autores como Miguel Torga, Adolfo Casais Monteiro, Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro, Vitorino Nemésio, Pedro Homem de Mello, Tomás de Figueiredo e Eça Leal.
igueiredo e Eça Leal.