Transporte de Nutrientes e Ciclo do Nitrogênio em Plantas
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Translocação de Solutos e Água nas Plantas
Solutos orgânicos são os produtos da fotossíntese, denominados fotoassimilados ou fotossintatos. Para que ocorra a translocação desses solutos, são essenciais três condições:
- Disponibilidade de fotossintatos no órgão produtor;
- Órgãos que consumam esses fotossintatos;
- Um sistema de transporte eficiente interligando esses órgãos.
A maior ou menor disponibilidade de fotossintatos é o resultado do balanço entre os processos fotossintéticos, respiratório e fotorrespiratório.
Fonte e Dreno: Origem e Destino dos Nutrientes
A translocação ocorre de um órgão produtor ou de reserva (fonte) para um órgão consumidor (dreno). A comunicação entre todas as células da planta, do ápice da parte aérea até o ápice das raízes, é essencial para este processo.
- Fonte: Qualquer órgão exportador de fotossintatos. Exemplos:
- Uma folha adulta, completamente expandida.
- Um órgão de reserva durante a fase de exportação. Por exemplo, as raízes de plantas bienais funcionam como dreno na primeira estação de crescimento (acumulando açúcares) e tornam-se fonte na segunda estação, quando o açúcar é remobilizado para a nova copa.
- Dreno: Inclui órgãos não fotossintetizantes ou que não produzem fotossintatos suficientes para o seu crescimento ou reservas. Exemplos:
- Raízes, tubérculos, frutos em desenvolvimento e folhas jovens.
Sistemas de Transporte: Xilema e Floema
A comunicação entre fontes e drenos ocorre através do xilema, do floema e dos plasmodesmas.
Xilema
É o tecido que transporta água e sais minerais a partir das raízes até a parte aérea da planta.
- Estrutura: Formado por vasos capilares (elementos do xilema) compostos por células mortas.
- Propriedades: É um tecido morto, com paredes muito resistentes que suportam grandes pressões internas.
- Sentido do transporte: Sempre ascendente (de baixo para cima).
Floema
É o tecido através do qual os produtos da fotossíntese (fotoassimilados) são translocados entre a fonte e o dreno. O floema também redistribui água e outros compostos solúveis pela planta.
- Propriedades: Ao contrário do xilema, é um tecido vivo. O sentido da translocação pode ser ascendente ou descendente, dependendo da demanda.
- Localização: Geralmente encontrado no lado externo do tecido vascular. Em plantas com crescimento secundário, constitui a casca interna.
- Estrutura: Formado por tubos crivados, que são pilhas de elementos crivados (células especializadas no transporte, desprovidas de núcleo). Associadas a eles, existem as células companheiras, essenciais para a translocação.
Mecanismo de Translocação: A Teoria de Münch
A Teoria de Münch (ou do fluxo de pressão) explica que o fluxo de solução no floema é impulsionado por um gradiente de pressão gerado pelo carregamento de açúcares na fonte e descarregamento no dreno.
- Na fonte: O carregamento ativo de açúcar no floema gera uma alta pressão osmótica, resultando em um baixo potencial hídrico. Em resposta, a água entra nos elementos crivados, aumentando a pressão de turgescência (pressão hidráulica), que impulsiona o fluxo.
- No dreno: O descarregamento de açúcar eleva o potencial hídrico. A água tende a sair do floema, diminuindo a pressão de turgescência.
Esse gradiente de pressão hidráulica entre fonte e dreno move a seiva. Diferentemente do transporte no xilema (a favor de um gradiente de potencial hídrico), no floema o transporte é a favor de um gradiente de pressão.
Partição e Alocação de Fotossintatos
- Partição: Refere-se à distribuição diferencial de fotoassimilados entre os vários drenos da planta.
- Alocação: É a regulação do direcionamento do carbono fixado para os vários caminhos metabólicos dentro de uma célula.
Efeito do Anelamento do Caule
Anelar o caule de uma árvore (dicotiledônea) bloqueia o fluxo via floema, mas o fluxo de água via xilema continua. Com o tempo, a árvore morre, pois as raízes deixam de receber os nutrientes produzidos nas folhas.
O Ciclo do Nitrogênio
Importância do Nitrogênio para as Plantas
- É o gás mais abundante na atmosfera (N₂, 78%).
- É o quarto elemento mais abundante nos tecidos vegetais.
- Faz parte de substâncias essenciais como aminoácidos, proteínas, bases nitrogenadas, ácidos nucleicos, hormônios e clorofila.
Etapas do Ciclo: Fixação do Nitrogênio
A fixação consiste na conversão do N₂ atmosférico em formas utilizáveis pelas plantas.
Fixação Industrial
É um processo artificial onde, sob alta temperatura e pressão, o N₂ combina com hidrogênio para formar amônia (processo de Haber-Bosch).
Fixação por Descargas Elétricas (Relâmpagos)
A energia dos relâmpagos ataca o nitrogênio molecular, formando ácido nítrico (HNO₃), que é levado ao solo pelas chuvas.
Fixação Biológica
É a forma natural de fixação, realizada por microrganismos procarióticos (bactérias, archaea e cianobactérias), chamados de diazotróficos.
Fixação Assimbiótica
Realizada por microrganismos de vida livre no solo. Ao morrerem, decompõem-se e liberam o nitrogênio, que pode ser absorvido pelas plantas.
Fixação Simbiótica
Ocorre quando microrganismos se associam a plantas, proporcionando a fixação do N₂ diretamente. O exemplo mais conhecido é a associação de leguminosas com as bactérias Rhizobium e Bradyrhizobium.
Formação do Nódulo em Leguminosas
Plantas que possuem bactérias fixadoras formam nódulos em suas raízes, onde ocorre a fixação.
- A raiz exuda flavonoides, que atraem a bactéria específica.
- A bactéria entra em contato com o pelo radicular.
- O pelo radicular se curva e envolve a bactéria, formando um canal de infecção.
- A bactéria, agora chamada de bacteroide, ocupa uma célula e começa a se multiplicar, formando o nódulo.
Observação: A coloração avermelhada no interior do nódulo é devida à leghemoglobina, uma proteína que controla os níveis de oxigênio.
Outras Etapas: Amonificação e Nitrificação
Amonificação
Bactérias saprófitas e fungos decompõem materiais orgânicos mortos (proteínas, aminoácidos) e liberam o excesso de nitrogênio na forma de amônio (NH₄⁺) ou amônia (NH₃).
Nitrificação
É a oxidação do amônio, um processo quimiossintético que libera energia para as bactérias. As bactérias Nitrosomonas e Nitrosococcus oxidam a amônia a nitrito (NO₂⁻):
2NH₃ + 3O₂ → 2NO₂⁻ + 2H⁺ + 2H₂O