Triticale e Canola: Cultivo, Manejo e Características

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Triticale: Cultivo, Características e Manejo

O triticale, resultado do cruzamento entre trigo e centeio, é o primeiro cereal sintético. Cerca de 80% de sua produção é utilizada para forragem e alimentação animal, destacando-se por sua adaptabilidade e valor nutricional.

Características e Desenvolvimento do Triticale

O triticale herdou do centeio a rusticidade e a resistência ao déficit hídrico. Desenvolve um número variável de perfilhos e é muito influenciado pelo ambiente. A planta, ao perceber a redução da luminosidade, ajusta sua morfologia e fisiologia para otimizar o acesso à luz. Isso inclui:

  • Alongamento dos colmos;
  • Aumento da dominância apical;
  • Diminuição do perfilhamento;
  • Disposição mais vertical das folhas e perfilhos;
  • Mudanças nas formas e tamanho das folhas.

O triticale se desenvolve melhor com baixas temperaturas na fase vegetativa. São plantas de primavera cultivadas no inverno. Altas temperaturas aceleram seu ciclo. A geada no início da cultura não afeta, mas quando presente no final, prejudica muito a produção, causando branqueamento nas folhas e espigas.

Plantio de Triticale

A semeadura deve ser feita com 350 a 400 sementes/m², a uma profundidade de 2 a 5 cm, e com espaçamento de 17 cm. A adubação na semeadura deve receber 15 a 20 kg de N, e a cobertura deve receber de 20 a 80 kg de N.

Doenças e Pragas do Triticale

O triticale herdou resistência a doenças do centeio. Entre as doenças que podem afetar a cultura estão a giberela, que causa despigmentação das espiguetas, e a bruzone, que causa branqueamento da espiga. Além disso, o vírus do nanismo amarelo pode reduzir o crescimento da planta e alterar a cor do limbo foliar.

Controle de Pragas e Doenças no Triticale

As aplicações de fungicidas na parte aérea deverão obedecer aos parâmetros de volume de calda de 100 L/ha a 200 L/ha. A decisão pelo uso de inseticidas para aplicação na parte aérea deve obedecer aos seguintes critérios:

  • Da emergência ao emborrachamento: controlar quando a infestação média de pulgões atingir 10% das plantas da lavoura.
  • Do espigamento ao estádio de grãos em massa: controlar quando a população média atingir 10 pulgões por espiga.

Controle Preventivo de Plantas Daninhas

O volume de calda indicado para aplicação dos herbicidas é de 100 a 150 L/ha. Os herbicidas recomendados são MCPA, Metsulfuron (herbicida inibidor da ALS) e Quizalofop (herbicida inibidor da ACCase).

Canola: Cultivo, Manejo e Características

A canola destaca-se pela qualidade do óleo, rico em ácidos graxos, sendo uma ótima opção para rotação de culturas. O uso da canola é para alimentação e biodiesel, e possui uma subespécie, Brassica napus var. rapifera, utilizada para forragem.

  • Produção Global: 35,5 milhões de hectares, 2.039 kg/ha, 72 milhões de toneladas.
  • Produção no Brasil: 35 mil hectares, 1.259 kg/ha, 44 mil toneladas.

O componente genético da canola é fortemente influenciado pelo ambiente. A adubação/nutrição, temperatura, disponibilidade hídrica e densidade de semeadura influenciam diretamente a produção.

A canola apresenta baixa interceptação luminosa no início do ciclo, atingindo o máximo no florescimento. Seu crescimento inicial lento a torna mais suscetível à competição com plantas daninhas. Desenvolve-se melhor sob baixas temperaturas na primeira parte do ciclo; no final, temperaturas elevadas são prejudiciais, pois aceleram o ciclo da cultura. Sua raiz é pivotante. A canola e o triticale toleram temperaturas mais baixas que as do trigo. A geada no início do ciclo não é tão prejudicial, mas no final é muito danosa. É sensível tanto à falta quanto ao excesso de água, e também ao fotoperíodo e à vernalização.

Estádios de Desenvolvimento da Canola

A canola possui sete estádios de desenvolvimento:

  1. Germinação e emergência;
  2. Produção de folhas;
  3. Alongamento da haste principal;
  4. Desenvolvimento dos botões florais;
  5. Florescimento;
  6. Desenvolvimento das síliquas e enchimento de grãos;
  7. Maturação dos grãos.

Existem 27 cultivares e 2 linhagens parentais. O ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) indica as melhores regiões e épocas de plantio, com menor risco climático.

  • Espaçamento: 17 cm
  • Profundidade: 1 a 2 cm
  • Densidade: 40 sementes por m²
  • Taxa de semeadura: 2 a 4 kg/ha

Adubação da Canola

  • Semeadura: 20 a 30 kg N/ha
  • Cobertura: após a expansão da quarta folha (40 dias após a semeadura)
  • Fósforo: 0 a 140 kg/ha
  • Potássio: 0 a 105 kg/ha
  • Enxofre: 20 kg/ha

No Brasil, não há metodologia padronizada para análise dos tecidos foliares. No Canadá, as plantas inteiras acima do solo são retiradas para análise durante o florescimento.

Principais Doenças da Canola

Canela Preta (Leptosphaeria maculans)

É a doença mais importante da canola no mundo. O caule fica cinza-fosco, com estruturas pretas e duras do tamanho da ponta de um lápis. O controle químico no Brasil não é amplamente difundido. Em caso de ocorrência, recomenda-se não cultivar canola na mesma área por pelo menos 3 anos.

Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum)

A colonização ocorre entre a elongação e a maturação, causando manchas marrons no caule e nos ramos. Não existe controle químico efetivo. Recomenda-se rotação de culturas e o uso de sementes fiscalizadas para reduzir o inóculo.

Podridão Negra das Crucíferas

Mancha de Alternaria

Principais Pragas da Canola

Traça-das-Crucíferas

A traça-das-crucíferas é a principal praga da canola. As lagartas penetram no interior dos tecidos da folha e se alimentam do parênquima. Para o controle, utilizam-se inseticidas fisiológicos devido à sua eficiência residual e seletividade.

Pulgões

O ataque ocorre normalmente durante a floração, na face abaxial das folhas e na coroa. Além de prejudicar a planta, os pulgões também transmitem vírus. Para o controle, recomenda-se o uso de inseticidas neonicotinoides.

Principais Plantas Daninhas

Para o controle de plantas daninhas, há apenas 3 produtos registrados no Brasil. As principais plantas daninhas são azevém, nabo e buva. A canola Clearfield® possui tolerância ao herbicida imidazolinona.

Colheita da Canola

Problemas comuns na colheita incluem: grãos muito pequenos, maturação desuniforme da lavoura e deiscência natural. Não se deve colher a canola muito verde nem muito madura. O método indicado é o corte, enleiramento e posterior colheita. O corte deve ser realizado quando 60% dos grãos estiverem mudando da cor verde para escura. Após o corte, aguardar de 3 a 5 dias para a colheita. Recomenda-se esperar 20 dias após a colheita da canola para semear soja ou milho.

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