Tucídides: Realismo Político e a Balança de Poder
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Tucídides: O Pai da História e o Analista das Relações Internacionais
Tucídides analisou as rivalidades existentes entre as diferentes cidades-estado da Grécia Antiga. A grande aspiração de Tucídides consistia em encontrar explicação para os diferentes comportamentos das cidades-estado, sendo considerado o “pai” da História.
A Luta pelo Poder e o Dilema de Segurança
Segundo Tucídides, as relações entre entidades autónomas (estados) constituem, em si mesmas, um sistema caracterizado pela luta permanente pelo poder. Este sistema, caracterizado pela ausência de uma instância superior aos estados – definido pela condição de anarquia –, faz depender, em primeiro lugar, a sobrevivência destas entidades do seu poder relativo e da sua capacidade própria. Contudo, o incremento excessivo do poder de um Estado pode criar um problema de insegurança a terceiros – geralmente referido no contexto das teorias das Relações Internacionais como dilema de segurança –, pelo que a estabilidade do conjunto está correlacionada com a balança de poder, isto é, com algum equilíbrio no sistema. Para Tucídides, e refletindo sobre a causa das guerras entre os gregos, foi o rompimento da balança de poder – em tese geral, a mera perceção ou convicção desse rompimento pode ser suficiente para causar uma reação.
O Realismo Político de Tucídides
Assim, o Realismo Político, presente em Tucídides, é definido pela lógica da luta permanente pelo poder, o principal objetivo interno e externo de cada estado. A política do Estado é amoral e baseia-se no jogo de interesses que se revela um jogo de soma nula. É de salientar, ainda, o leque reduzido de escolhas e manobras de que um decisor político dispõe na elaboração da sua política externa, segundo o teórico. Então, o realismo de Tucídides é considerado sofisticado devido à preocupação constante com a questão do equilíbrio e com a prudência no uso da força/agressão; assume um caráter intemporal e configura quer um conjunto de lições empíricas para a compreensão das dinâmicas internacionais, quer orientações para os decisores estaduais poderem preservar a segurança em tempos de instabilidade.
O Modelo da Balança de Poder
O modelo de balança de poder assume a existência de um sistema de Estados, a sua relativa homogeneidade, a possibilidade de cálculo de poder e a partilha de consenso sobre o funcionamento do sistema internacional, ou seja, a subscrição de princípios de conduta comuns. O objetivo principal é a sobrevivência dos Estados e do sistema de Estados, e evitar a preponderância de um Estado ou grupo de Estados. Segundo esta teoria, os principais meios à disposição dos Estados para assegurar o status quo são:
- Vigilância e inteligência;
- Alianças internacionais;
- Sanções económicas e outras;
- Guerra limitada.
Prudência, Cautela e a Distinção Ética
Prudência e cautela são características fundamentais num mundo desigual. Para sobreviver a este cenário, o Estado não pode ter em consideração razões de ordem ética, daí que o autor estabeleça uma distinção entre moralidade privada e princípios de justiça.