Tutoria Institucional: Estratégia para Qualidade no Ensino Superior
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Programa de Tutoria Institucional
(Proposta da ANUIES para Organização e Funcionamento de Instituições de Ensino Superior)
Coleção: Biblioteca de Ensino Superior
Série: Investigação
Publicação: ANUIES, 2001 (2ª Edição Corrigida)
Associação Nacional de Universidades e Instituições de Ensino Superior (ANUIES)
Notas Importantes
O ensino superior requer uma nova visão e um novo paradigma para a formação dos alunos, cujos elementos essenciais são:
- A aprendizagem ao longo da vida;
- A aprendizagem autodirigida (aprender a aprender, aprender a participar e aprender a ser);
- A formação integral.
Mecanismos de Atenção e Apoio Acadêmico aos Alunos
Três mecanismos de atenção e de apoio acadêmico aos alunos:
- Explicações (Apoio Didático)
- Assessoria Acadêmica
- Programas para melhorar a qualidade do processo educativo
O risco de atraso ou abandono por parte dos estudantes pode ser identificado através da integração de informações consolidadas, obtidas pela análise de:
- Resultados educacionais dos estudantes;
- Desempenho no exame de admissão;
- Situação socioeconómica;
- Percurso escolar anterior.
O PIT (Programa de Tutoria Institucional) e seus componentes devem realizar ações de formação, atualização, acompanhamento e avaliação. Os atores centrais são:
- Coordenação do PIT
- Tutor (Eixo de transformação institucional)
- Estudante
- Equipe Administrativa e de Gestão
Valores Globais e Média Nacional
Dos 100 alunos que iniciam os estudos universitários, entre 50 e 60 concluem os temas do currículo cinco anos depois. Destes, apenas 20 obtêm seus diplomas. Dos que têm direito, somente 10% (ou 2 graduados) o fazem na idade considerada (24 ou 25 anos).
É possível supor que os alunos que ingressam no ensino superior não possuem as habilidades, informações ou conhecimentos necessários para utilizar da melhor maneira possível os recursos que a faculdade oferece.
A Deserção no Ensino Superior
A deserção, entendida como uma forma de abandono do ensino superior, manifesta comportamentos diferentes nos estudantes que afetam a continuidade da sua carreira escolar. Tais comportamentos são caracterizados por:
- Abandono voluntário ou suspensão permanente dos estudos e do sistema de ensino superior pelo aluno.
- Saída de estudantes devido a deficiências acadêmicas e subsequente baixo rendimento escolar.
- Mudança de curso (o aluno continua na mesma instituição, mas é incorporado noutra coorte geracional) ou mudança de instituição.
- Baixa do estudante por alteração da ordem institucional e disciplinar. Em geral, impede a entrada noutra escola.
Fatores que Afetam a Deserção (Especialmente no Primeiro Ano)
A deserção é uma resposta a uma multiplicidade de fatores que afetam os estudantes. Entre eles, especialmente durante o primeiro ano após a admissão, destacam-se:
- Condições económicas desfavoráveis do aluno.
- Baixo nível cultural da família a que pertence.
- Expectativas desalinhadas dos alunos sobre a importância da educação.
- Incompatibilidades relacionadas ao casamento.
- Características pessoais do aluno, por exemplo, a falta de atitude de realização.
- Falta de interesse nos estudos em geral, no curso escolhido e na instituição.
- Características acadêmicas prévias do estudante, como médias baixas no ensino secundário, que refletem a falta de conhecimentos e competências necessárias para manter o alto nível de exigências acadêmicas.
- Pobre orientação profissional recebida antes de ingressar no curso, levando os alunos a escolherem carreiras sem fundamentar sua decisão em informações sólidas.
Períodos Críticos que Influenciam o Abandono (Tinto, 1992)
De acordo com Tinto (1992), existem três períodos críticos na vida escolar universitária que podem influenciar a taxa de abandono:
- 1º Período Crítico: Transição. Ocorre na transição entre o nível médio e superior, caracterizado pela passagem de um ambiente familiar para um mundo aparentemente impessoal, o que gera sérios problemas de adaptação para os alunos.
- 2º Período Crítico: Admissão. Ocorre durante o processo de admissão, quando o aluno forma expectativas sobre as instituições e as condições da vida estudantil que, se não forem satisfeitas, podem levar à decepção inicial e, consequentemente, à deserção.
- 3º Período Crítico: Desempenho. Surge quando há falha no desempenho acadêmico adequado nas disciplinas do currículo e a instituição não fornece as ferramentas necessárias para superar as deficiências acadêmicas.
O Papel da Tutoria (Mentoring)
A Tutoria (Mentoring), entendida como o suporte e apoio ao ensino de caráter individual oferecido aos estudantes como uma atividade normal do seu currículo de formação, pode ser a alavanca para uma transformação de qualidade do processo educacional no nível superior.
A atenção pessoal fomenta um melhor entendimento dos problemas do aluno por parte do professor, auxiliando na adaptação ao ambiente universitário, na criação de condições individuais para um desempenho aceitável durante a formação e na realização dos objetivos acadêmicos, preparando-o para cumprir os compromissos da sua futura prática profissional.
Ações de Apoio no Percurso Escolar
As ações que dão conteúdo ao conceito de Mentoring incluem:
- Apoiar o aluno no desenvolvimento de uma metodologia de estudo e de trabalho que seja adequada às exigências do primeiro ano do curso.
- Oferecer apoio e supervisão em matérias de maior dificuldade em diversas disciplinas.
- Criar um clima de confiança entre mentor e aluno, permitindo que o mentor conheça aspectos da vida pessoal dos estudantes que, direta ou indiretamente, influenciam o seu desempenho.
- Identificar e sugerir atividades curriculares que estimulem o desenvolvimento profissional integral do aluno.
- Prestar informações acadêmicas e administrativas, de acordo com as necessidades do aluno.
Mentoring: Estratégia para a Melhoria da Qualidade da Educação
As manifestações mais conhecidas do indivíduo que fracassa em seus estudos são a desorganização pessoal, o isolamento social e o comportamento agressivo.
A pesquisa psicológica identificou fatores de risco que ameaçam o desenvolvimento psicossocial do indivíduo e, consequentemente, seu desempenho na escola. Lee et al. reconhecem a existência de quatro fatores que afetam o desempenho acadêmico:
- Fatores Fisiológicos
- Fatores de Ensino
- Fatores Psicológicos
- Fatores Sociológicos
Fatores Fisiológicos
- Alterações endócrinas que afetam os adolescentes.
- Deficiências nos órgãos dos sentidos (visão, audição).
- Subnutrição.
- Saúde e peso dos alunos.
Estes fatores reduzem a motivação, a atenção e a aplicação no trabalho, afetam a capacidade de aprendizagem em sala de aula e limitam as capacidades intelectuais.
Fatores de Ensino
São aqueles que estão diretamente relacionados com a qualidade do ensino. Entre eles estão:
- O número de alunos por professor.
- Uso de métodos e materiais inadequados.
- Motivação do professor e tempo dedicado à preparação das suas aulas.
Fatores Psicológicos
Distúrbios em funções psicológicas básicas, tais como:
- Perceção
- Memória
- Conceituação e Concentração
O desempenho acadêmico é influenciado por variáveis de personalidade, motivacionais, comportamentais e afetivas, que dizem respeito a questões como o nível educacional, sexo e habilidades.
Entre os problemas mais comuns no grupo de estudantes universitários estão os problemas emocionais, correspondentes à fase da adolescência (início tardio), especialmente porque as jovens enfrentam um período de mudanças em muitas áreas da vida.
Dificuldades de aprendizagem ocorrem em todas as idades. Pode-se supor que uma das causas do baixo rendimento escolar é a má utilização ou a falta de estratégias de estudo que permitam ao aluno explorar o conhecimento adquirido no processo de ensino e aprendizagem.
Fatores Sociológicos
Estes incluem as características socioeconómicas e familiares dos alunos, que influenciam o desempenho e a conduta.
- A situação económica da família.
- Nível de instrução familiar.
- Emprego dos pais.
- Qualidade do ambiente em torno do aluno.