A Unidade Essencial do Homem: Corpo, Alma e Espírito

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A Unidade Essencial do Homem

Monismo (defende que o homem é uma só substância, a mesma dos animais) vs. Dualismo (o homem é constituído por corpo e alma). Afirma-se que a alma é o princípio vital do corpo, transformando-o num ser vivo com capacidades para executar as variadas funções. A "alma" anima o corpo, tornando-o humano. A alma é parte integrante do corpo, não existem alma e corpo separados, mas sim o Homem Individual, em que a alma e o corpo são co-princípios inseparáveis.

Três níveis fundamentais do Homem demonstram a sua unidade essencial:

Vital (Corpo, Soma, Organismo - Viver)

  • Juan Lucas refere que o Homem tem biologicamente uma continuidade que não pode ser negada, que é o seu corpo. É sabido que o Homem, do ponto de vista orgânico, não apresenta qualquer novidade.
  • Esta unidade é manifestada pelo desempenho de funções como o automovimento, autoformação, autodiferenciação e autolimitação.
  • O corpo compreende uma estrutura chamada "Substantividade", que permite ao Homem ser independente e controlar o meio, constituindo a base da unidade do indivíduo.

Psíquico (Alma - Sentir)

  • Designa a "interioridade", sendo intransferível da pessoa. É a atividade do organismo humano omnipresente em todos os seus estratos.
  • Os antropólogos não fazem uma divisão entre as esferas vital e psíquica. Existe correspondência entre ambas, constituindo o comportamento geral da pessoa.
  • A psique humana consiste numa forma especial de reagir aos acontecimentos, que resulta de disposições, atitudes e experiências.
  • O psiquismo humano e o corpo são considerados subsistemas da estrutura do homem.

Espiritual (Consciência - Pensar)

  • O senso comum, a interpretação religiosa, a experiência científica e a tradição filosófica representam a autoconsciência ou consciência reflexiva.
  • Segundo M. Scheler, é atribuída uma superioridade ao espírito, sendo esta uma dimensão específica indissociável da vida.
  • Consiste na capacidade de autoposse e transcendência, incidindo sobre a capacidade que o homem tem de se ultrapassar, elevando-se sobre a sua própria realidade, sendo esta uma competência exclusiva do homem, distinguindo-o dos outros seres vivos.
  • Algo com poder de ascensão e autossuperação.
  • O corpo e o organismo não são entidades equivalentes: o segundo é o suporte físico-biológico do primeiro, e este é o modo preliminar de ser e de se manifestar, o homem no seu estado presente.

Hominização e Sociedade

A hominização, ou a evolução da forma humana, é descrita pelos cientistas em quatro etapas principais: Caos inicial, Ordenação da Matéria, Aparecimento da vida, Formação do Homem = hominização.

Chardin: Criação - transformação criadora com a qual designa um ato especial de Deus que não atua do nada, mas sim a partir de um organismo preexistente, transformando-o noutro de ordem superior. Defende-se a ação de Deus, inverificável cientificamente, mas exigida pela razão filosófica, acoplando o científico positivo com o filosófico especulativo.

Zubiri: na génese da existência do homem ocorrem duas correntes distintas e complementares, uma de ordem natural e outra de ordem transcendente, cujo gesto inicial de Deus apenas orienta a criação que prossegue no tempo e no espaço.

O Indivíduo e a Sociedade

A condição corpórea obriga o homem a adotar uma conduta segura, segundo os modos concretos da relação. Esta ordem existencial sustenta a sociedade como âmbito real da coexistência e efeito da cultura. A identidade do indivíduo é modelada dentro de um contexto social determinado, levando alguns a questionar se o Homem só existe à medida que participa de um meio cultural concreto, sendo que a resposta determina a identidade do indivíduo-Homem.

Tomás de Aquino refere que, se a pessoa estiver bem organizada na sociedade, então não é apenas uma mera parte da mesma. A vida na sociedade é a única forma existencial do comportamento do indivíduo, de modo que este possa decidir que somos na sociedade o que a nossa sociedade nos faz ser. Não devemos renunciar à iniciativa e autonomia próprias, nem prescindir de instituições e usos sociais que, em determinados casos, têm extrema importância nos indivíduos. Devemos manter-nos dignos na sociedade e connosco mesmos.

A sociedade é o produto do homem e este é daquela. A chave está na liberdade, que só se mantém e se enriquece no diálogo, na vida compartilhada e dialógica, no encontro com os outros. A sociedade é entendida como comunidade verdadeira e unidade de relações.

Presença do Outro na Própria Vida

Na relação social, o indivíduo não entra em contacto direto com a sociedade global, mas sim com as pessoas concretas ao seu redor. O ser humano encontra-se mutuamente presente com o outro no decurso da nossa existência, através de uma série de atividades que contribuem para o emanar da nossa vida diária.

Estas ligações e encontros têm um triplo carácter, segundo a perspectiva em que vemos o outro, que passa de inimigo e competidor a amigo e campo de generosidade. O outro oferece elementos de oposição, de apoderamento e objetivação, e também aspetos de ajuda e auxílio imprescindíveis, em virtude da sua corporidade.

Não podemos ser nós mesmos sem a presença do outro, pois este é o destinatário da ação benfeitora do nosso "eu". É fundamental focar a verdadeira solidariedade, baseada no amor, condição necessária para superar o anonimato pessoal e fazer com que cada um se sinta na sociedade como em sua própria casa.

O Homem não é apreciado pelo que tem, mas sim pelo que é: uma pessoa, um "enfrente", possibilitando o seu crescimento natural porque alcança o eu mais vivo do ser.

Ser

Ser que se manifesta nos entes, que somos nós; tem várias raízes.

Entes

Significa aquele que é, significa que existimos (coexistente); tem dois elementos sempre presentes: um de identidade e outro de diferença - a identidade deve ser fortalecida com a diferença.

Persona (Pessoa)

Sujeito, indivíduo; chegar tão longe quanto se pode chegar na essência de ser pessoa, tanto quanto se puder chegar à essência, a algo superlativo; o conceito de pessoa surge da filosofia clássica e do pensamento cristão.

Per - superlativo - "Per-" significa ao máximo, querendo isto dizer que pessoa é alguém destinado ao superlativo da sua existência.

Sona - soar - "-sona" vem do teatro, em que os atores representavam personagens e usavam máscaras para soar mais alto.

Pensar - vem de pesar - dimensão espiritual da existência, algo que serve de medida e o que quero medir; comparação entre o conhecido e o desconhecido.

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