Urbanismo e Arquitetura na Grécia e Roma Antiga
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Grécia
A região, montanhosa e desigual, não se prestava à formação de um grande estado, sendo por isso dividida num grande número de pequenas cidades-estado.
Estes estados tornaram-se bastante ricos ao participar no intenso comércio marítimo no II milénio a.C. e ao cultivar várias atividades industriais.
Fatores de Desenvolvimento Económico
- Uso do ferro;
- Criação do alfabeto;
- Invenção da moeda cunhada;
- Posição geográfica favorável ao comércio marítimo.
Origem e Estrutura das Cidades-Estado
A origem das cidades-estado (pólis) parte de uma colina onde os habitantes dos campos se refugiavam para se defenderem. Posteriormente, o povoado estendia-se pela planície vizinha e era fortificado por muralhas.
Distinguia-se a cidade alta, a acrópole, onde se localizavam os templos, e a cidade baixa, a Astu, onde se desenvolviam o comércio e as atividades cívicas. A comunidade funcionava como um todo.
Componentes da Pólis
- Lar comum: Local para sacrifícios, banquetes e rituais.
- Conselho: Composto por nobres e funcionários que representavam a assembleia.
- Assembleia dos cidadãos: Reunia-se para ouvir as decisões dos líderes.
No século de Péricles, Atenas tinha cerca de 40.000 habitantes, enquanto outras cidades raramente ultrapassavam os 20.000.
Organização do Espaço Urbano Grego
A cidade grega era um todo único, sem zonas fechadas ou independentes. Embora pudesse ser circundada por muralhas, não se subdividia em recintos secundários, ao contrário das cidades orientais. As moradias, embora variassem em tamanho, partilhavam o mesmo tipo de estrutura arquitetónica e distribuíam-se livremente, sem formar bairros de classes. A Ágora e o teatro eram os principais pontos de encontro.
O espaço urbano dividia-se em três áreas principais:
- Área privada: Ocupada pelas moradias.
- Áreas sagradas: Destinadas aos templos e cultos.
- Áreas públicas: Para comércio, reuniões políticas, teatro e jogos desportivos.
Arquitetura e Paisagem
Os templos, construídos em posições dominantes e afastados de outros edifícios, seguiam modelos simples e rigorosos, como a ordem dórica e a ordem jónica, com muros e colunas de pedra a sustentar as traves e arquitraves da cobertura.
A cidade era implantada de forma a respeitar as linhas da paisagem natural, que em alguns pontos era deixada intacta.
O Exemplo de Atenas
Em Atenas, as ruas eram traçadas em ângulo reto, com poucas vias principais longitudinais e um maior número de vias secundárias transversais. As ruas eram modestas, sem pretensões monumentais, resultando numa grelha de quarteirões regulares e uniformes.
Roma
Fases e Influências do Urbanismo Romano
No espaço romano, distinguem-se várias fases e influências:
- A civilização etrusca, que se estendeu pela Itália nos séculos VII e VI a.C.
- O desenvolvimento de Roma até se transformar na capital do Império.
- Os métodos de colonização, que incluíam a construção de estradas, pontes, aquedutos, a demarcação de fronteiras, a divisão de terrenos em quintas (centuriação), a fundação de novas cidades e, no final do Império, a descentralização política com novas capitais regionais e a capital do Oriente, Constantinopla.
Constantinopla tornar-se-ia mais tarde Istambul, a capital do Império Turco.
A Influência Etrusca
A cidade etrusca surgiu em Itália durante a Idade do Ferro (a partir do século IX a.C.). Comunicava com outras civilizações através do comércio marítimo, absorvendo as suas influências. Na Etrúria, existiam várias cidades-estado que ocupavam elevações facilmente defensáveis e que, mais tarde, foram transformadas pelos romanos. Destas, permaneceram cidades com muralhas de contorno irregular e poucos monumentos isolados.
Rituais de Fundação e Arquitetura
Segundo Vitrúvio, o templo etrusco tinha uma estrutura simples de madeira e pedra, sobre a qual se aplicava uma rica decoração em terracota.
Os autores antigos atribuem aos etruscos a origem das regras para a planificação das cidades, posteriormente usadas pelos romanos:
- Inauguratio: A consulta da vontade dos deuses antes de fundar uma cidade.
- Limitatio: A demarcação do perímetro externo e dos limites internos.
- Consacratio: O sacrifício celebrado na cidade recém-formada.
No entanto, os traçados etruscos não seguiam uma regra geométrica tão rigorosa como a romana.
A Evolução de Roma
Roma evoluiu de uma simples aldeia para uma cidade mundial. A sua localização, nas margens do rio Tibre, foi fundamental. Em 312 a.C., foi construído o primeiro aqueduto para abastecer as zonas mais elevadas. O imperador Augusto edificou um grande número de templos, organizou os aquedutos, as margens do rio e estabeleceu uma nova divisão da cidade em 14 regiões. Nesta fase, desenvolveu-se a construção de casas com vários andares (insulae) destinadas à população mais pobre.
Reconstrução e Apogeu
Após o grande incêndio de 64 d.C., o imperador Nero transformou a cidade radicalmente. Construiu uma residência grandiosa para si (a Domus Aurea), que mais tarde daria lugar ao Coliseu, e organizou a reconstrução dos bairros destruídos com métodos racionais, embora sem alterar as grandes linhas de organização já existentes.
Neste período, enquanto o Império atingia o seu apogeu, Roma alcançou o seu desenvolvimento máximo e uma organização física aparentemente definitiva. Nas últimas obras, o equilíbrio clássico da construção foi quebrado; a técnica do arco tornou-se mais segura e avançada, mas as ordens arquitetónicas e as esculturas eram executadas de forma sumária.
Infraestrutura e Vida Pública
A rede de estradas era o serviço mais deficiente, composta por cerca de 85 km de ruas tortuosas e quase sempre estreitas. Contudo, a abundância e a grandiosidade dos serviços de higiene públicos compensavam a falta de instalações privadas na maioria das casas. Os espetáculos eram abertos a todos, sendo construídos para esse fim circos, teatros, anfiteatros para os jogos de gladiadores e naumaquias para os combates navais.
O Legado de Roma
A Roma moderna começou a desenvolver-se nas zonas livres da capital antiga, entre as ruínas dos grandes edifícios públicos. O centro monumental antigo ficou à margem da nova cidade, por se encontrar na zona montanhosa que foi habitada no início.