Urbanismo Naturalista de Wright

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TEORIAS DO URBANISMO - AULA Nº 6
O URBANISMO NATURALISTA DE FRANK LLOYD WRIGHT


1. A corrente anti-urbana norte-americana:

  • Wright já era consagrado por seu pioneirismo na arquitetura moderna genuinamente norte-americana, quando lançou Boadacre City, em 1935, um modelo utópico de cidade acêntrica;
  • Intérprete de um movimento romântico vinculado à tradição rural, baseado na valorização do ambiente natural, no trabalho individual artesanal, na exaltação do núcleo familiar, na autoridade patriarcal e na ideologia emanada das religiões protestantes;
  • Preconizava o retorno à natureza, a moradia individual, e um estilo de vida relacionado à nostalgia da época heroica dos pioneiros;
  • Continuidade com a ideia de integração cidade-campo estabelecida pelos socialistas utópicos e a cidade-jardim de Ebenezer Howard, ao mesmo tempo em que resgata a organicidade e a particularização espacial de Camillo Sitte, sem abrir mão do emprego da tecnologia e da universalidade próprios do modelo racionalista;
  • Apesar de expressar um modo de vida da pequena burguesia com grande penetração em setores tradicionalistas e latifundiários da alta burguesia, o modelo naturalista não conseguiu reverter a tendência à concentração metropolitana, exprimindo-se apenas em formas suburbanas nos EUA;

2. A crítica à megalópole:

  • Extraordinário desenvolvimento industrial e agrícola coloca EUA entre as maiores potências mundiais, graças às inovações tecnológicas: mecanização agrícola, meios de transporte, linhas de montagem etc;
  • Concentração financeira e industrial - como em Chicago e Nova York -, conduz à especulação imobiliária: otimização do uso do solo e os arranha-céus são viabilizados pelo elevador e estruturas de ferro;
  • Além da alienação dos indivíduos, do anonimato, da submissão ao inexorável processo produtivo, e do enriquecimento excessivo, as consequências nefastas do desenvolvimento capitalista se exacerbam com a crise de 29: desemprego, violência e miséria urbana;
  • Modelo naturalista procura oferecer a individualidade perdida e uma compensação à submissão ao inexorável processo produtivo através do refúgio da moradia individual isolada.

3. O programa da Broadacre City:

  • Modelo acêntrico de urbanização sem limites geográficos, que elimina não só a megalópole, mas o próprio conceito de cidade;
  • População dispersa em parcelas de terra, com pelo menos 4 acres, destinadas à moradia unifamiliar, onde seus ocupantes dedicar-se-iam à agricultura, ao trabalho industrial ou terciário - em oficinas, laboratórios ou escritórios particulares - ou ao lazer;
  • Residências ligadas ao planeta e aos pequenos centros comerciais e de serviços distribuídos espacialmente no território por complexas redes de comunicações: auto-estradas, telefone, pistas de aterrisagem e ferrovias;
  • Unidade de vizinhança na qual nenhuma residência poderia distar mais do que 10 min de automóvel do centro comercial e da escola;
  • Sistema viário constituído por uma malha infinita de auto-estradas;
  • Arquitetura da paisagem: resultaria da topografia, das características da natureza preservada e do tipo de solo;
  • O abastecimento seria direto do produtor - o fazendeiro - ao consumidor, nos mercados locais;
  • Os locais de diversão situar-se-iam ao longo das estradas, assim como o centro comunitário, que seria um clube. As escolas ficariam em parques;

4. Liberdade ou liberalismo?

  • A noção de democracia em Wright é a liberdade individual extrema, o direito de cada um fazer aquilo que bem entende;
  • O individualismo é contrário à ideia de soberania da vontade coletiva, privilégio do interesse coletivo sobre o individual, inviabilizando a ideia de pacto social e da própria sociabilidade;
  • Apenas se admite um governo local visando a mera administração;

5. A contradição e o limite do modelo:

  • Aversão à aglomeração urbana é contraditória com a utilização da tecnologia das comunicações, fundamento do modelo, possível somente graças às economias de escala, e à existência de universidades, centros de pesquisa, laboratórios e à grande indústria;
  • O habitat das classes trabalhadoras seriam unidades embrião standard, que se iria aos poucos ampliando. Mas com que dinheiro adquirir terra, automóvel? Onde alcançariam o seu sustento? Nas fazendas?

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TEORIAS DO URBANISMO - AULA Nº 6
O URBANISMO NATURALISTA DE FRANK LLOYD WRIGHT


1. A corrente anti-urbana norte-americana:

  • Wright já era consagrado por seu pioneirismo na arquitetura moderna genuinamente norte-americana, quando lançou Boadacre City, em 1935, um modelo utópico de cidade acêntrica;
  • Intérprete de um movimento romântico vinculado à tradição rural, baseado na valorização do ambiente natural, no trabalho individual artesanal, na exaltação do núcleo familiar, na autoridade patriarcal e na ideologia emanada das religiões protestantes;
  • Preconizava o retorno à natureza, a moradia individual, e um estilo de vida relacionado à nostalgia da época heroica dos pioneiros;
  • Continuidade com a ideia de integração cidade-campo estabelecida pelos socialistas utópicos e a cidade-jardim de Ebenezer Howard, ao mesmo tempo em que resgata a organicidade e a particularização espacial de Camillo Sitte, sem abrir mão do emprego da tecnologia e da universalidade próprios do modelo racionalista;
  • Apesar de expressar um modo de vida da pequena burguesia com grande penetração em setores tradicionalistas e latifundiários da alta burguesia, o modelo naturalista não conseguiu reverter a tendência à concentração metropolitana, exprimindo-se apenas em formas suburbanas nos EUA;

2. A crítica à megalópole:

  • Extraordinário desenvolvimento industrial e agrícola coloca EUA entre as maiores potências mundiais, graças às inovações tecnológicas: mecanização agrícola, meios de transporte, linhas de montagem etc;
  • Concentração financeira e industrial - como em Chicago e Nova York -, conduz à especulação imobiliária: otimização do uso do solo e os arranha-céus são viabilizados pelo elevador e estruturas de ferro;
  • Além da alienação dos indivíduos, do anonimato, da submissão ao inexorável processo produtivo, e do enriquecimento excessivo, as consequências nefastas do desenvolvimento capitalista se exacerbam com a crise de 29: desemprego, violência e miséria urbana;
  • Modelo naturalista procura oferecer a individualidade perdida e uma compensação à submissão ao inexorável processo produtivo através do refúgio da moradia individual isolada.

3. O programa da Broadacre City:

  • Modelo acêntrico de urbanização sem limites geográficos, que elimina não só a megalópole, mas o próprio conceito de cidade;
  • População dispersa em parcelas de terra, com pelo menos 4 acres, destinadas à moradia unifamiliar, onde seus ocupantes dedicar-se-iam à agricultura, ao trabalho industrial ou terciário - em oficinas, laboratórios ou escritórios particulares - ou ao lazer;
  • Residências ligadas ao planeta e aos pequenos centros comerciais e de serviços distribuídos espacialmente no território por complexas redes de comunicações: auto-estradas, telefone, pistas de aterrisagem e ferrovias;
  • Unidade de vizinhança na qual nenhuma residência poderia distar mais do que 10 min de automóvel do centro comercial e da escola;
  • Sistema viário constituído por uma malha infinita de auto-estradas;
  • Arquitetura da paisagem: resultaria da topografia, das características da natureza preservada e do tipo de solo;
  • O abastecimento seria direto do produtor - o fazendeiro - ao consumidor, nos mercados locais;
  • Os locais de diversão situar-se-iam ao longo das estradas, assim como o centro comunitário, que seria um clube. As escolas ficariam em parques;

4. Liberdade ou liberalismo?

  • A noção de democracia em Wright é a liberdade individual extrema, o direito de cada um fazer aquilo que bem entende;
  • O individualismo é contrário à ideia de soberania da vontade coletiva, privilégio do interesse coletivo sobre o individual, inviabilizando a ideia de pacto social e da própria sociabilidade;
  • Apenas se admite um governo local visando a mera administração;

5. A contradição e o limite do modelo:

  • Aversão à aglomeração urbana é contraditória com a utilização da tecnologia das comunicações, fundamento do modelo, possível somente graças às economias de escala, e à existência de universidades, centros de pesquisa, laboratórios e à grande indústria;
  • O habitat das classes trabalhadoras seriam unidades embrião standard, que se iria aos poucos ampliando. Mas com que dinheiro adquirir terra, automóvel? Onde alcançariam o seu sustento? Nas fazendas?

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