Urbanização no Brasil: Passado, Presente e Futuro

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O Passado Agrícola e os Primórdios da Urbanização

Durante séculos, o Brasil foi um país predominantemente agrícola. O Recôncavo Baiano e a Zona da Mata do Nordeste foram as primeiras regiões a experimentar um processo de urbanização. Salvador liderou a primeira rede urbana das Américas, juntamente com Cachoeira, Santo Amaro e Nazaré.

No início, as "cidades" eram mais uma extensão do poder da Coroa Portuguesa, uma forma de marcar presença em um país distante. Sua evolução dependia de fatores políticos e econômicos, e o próprio desenho urbano, importado da Europa, foi modificado.

O século XVIII marcou o desenvolvimento da urbanização, com a cidade se tornando a residência principal dos fazendeiros e senhores de engenho. No entanto, foi necessário mais um século para que a urbanização atingisse sua maturidade no século XIX.

O Processo de Urbanização no Século XX

A urbanização brasileira passou por duas grandes revoluções: a urbana e a técnica. A primeira, iniciada no século XVIII, teve sua expansão no século XIX. A segunda, com a chegada da mecanização, trouxe novo impulso ao processo.

No final do período colonial, as cidades representavam cerca de 5,7% da população total do país. No início do século XX, a urbanização se intensificou, com o crescimento da população ocupada em serviços.

Após a Segunda Guerra Mundial, a urbanização brasileira entrou em uma nova fase, com a industrialização e a integração do território se tornando fatores-chave. O meio técnico-científico, marcado pela presença da ciência e da tecnologia, passou a remodelar o território.

A Evolução Recente da População Urbana e Rural

Entre 1940 e 1980, houve uma inversão na distribuição da população brasileira, com a população urbana superando a rural. A população agrícola cresceu em todas as regiões, exceto no Sudeste, enquanto a população rural diminuiu em todas as regiões, exceto no Norte e Nordeste.

A urbanização brasileira passou por dois regimes distintos: antes e depois dos anos 1940-1950. Após esse período, os fatores econômicos ganharam maior relevância, enquanto antes, as funções administrativas eram preponderantes.

O Meio Técnico-Científico e a Fluidez do Território

A fase atual da organização do território é marcada pela constituição do meio técnico-científico-informacional, onde a ciência, a tecnologia e a informação são essenciais para a produção. O território se torna mais fluido, permitindo maior mobilidade de fatores de produção, trabalho, produtos e capital.

A integração do território e a expansão do capitalismo levaram à transformação de bens de consumo local em valores de troca, aumentando o intercâmbio e a economia monetária.

A Nova Urbanização: Diversificação e Complexidade

A partir dos anos 1970, a urbanização brasileira atingiu um novo patamar, com a multiplicação de cidades de tamanho intermediário e o surgimento de cidades milionárias. A urbanização se tornou mais concentrada e complexa.

Paralelamente à metropolização, houve um fenômeno de desmetropolização, com o crescimento de cidades médias. As cidades se diferenciaram cada vez mais devido à divisão do trabalho e às necessidades do consumo produtivo.

A Diversidade Regional da Urbanização

A urbanização brasileira apresenta profundas diferenças regionais. O Sudeste é a região mais urbanizada, enquanto o Nordeste é a menos urbanizada. A história e a forma como a divisão do trabalho ocorreu em cada região explicam essas diferenças.

O Centro-Oeste, antes a região menos urbanizada, experimentou uma aceleração da urbanização a partir dos anos 1970, devido à modernização do território e à ausência de infraestrutura antiga.

Urbanização Concentrada e Metropolização

A partir dos anos 1950, houve uma tendência à aglomeração da população e da urbanização em núcleos com mais de 20.000 habitantes. O número de cidades com mais de 100.000 habitantes também cresceu significativamente.

As Regiões Metropolitanas desempenharam um papel importante na concentração da urbanização, mas a partir dos anos 1970, houve uma tendência à desmetropolização, com o crescimento de cidades médias e grandes cidades médias fora das regiões metropolitanas.

A "Dissolução" da Metrópole e a Metrópole Transacional

Com o avanço da tecnologia da informação e da comunicação, a metrópole se torna onipresente, presente em todo o território instantaneamente. Surge o fenômeno da "metrópole transacional", cujo poder deriva do controle sobre a economia e o território por meio da manipulação da informação.

A Organização Interna das Cidades: A Cidade Caótica

A urbanização corporativa, voltada para as necessidades das grandes empresas, gerou problemas como especulação imobiliária, crescimento disperso, carência de infraestrutura e periferização da população. A cidade se torna caótica e desigual.

Tendências da Urbanização Brasileira no Fim do Século XX

A urbanização brasileira tende a se acelerar, com a expansão do meio técnico-científico e a integração do território. As cidades pequenas tendem a persistir, enquanto as cidades médias e grandes cidades médias ganham importância.

O futuro da urbanização dependerá de fatores como políticas públicas, competição entre metrópoles, relações inter-regionais e interurbanas, e a forma como a flexibilização do trabalho se dará.

A urbanização do território, com a difusão mais ampla das variáveis e nexos modernos, é a nova fase da urbanização brasileira. O desafio é construir cidades mais justas, inclusivas e sustentáveis.

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