Valores: Definição, Características e Tipos

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Valores: - Os valores não são coisas nem elementos das coisas, são propriedades. Um valor é o que afirmo sobre o facto. Ou melhor, é a apreciação que eu faço do acontecimento. Afirmo: a energia nuclear é terrível e mata milhares de pessoas! Esta afirmação já é a manifestação de valores! Um valor é sempre subjetivo, algo de cada um, que varia de indivíduo para indivíduo, segundo a concepção e modo de ver as coisas.

- A palavra "valores" pode ter um significado técnico, por exemplo, o valor de um livro, que é o conceito fundamental em economia política, em que o valor é estabelecido no decorrer do processo de troca; também pode ser o valor de uma incógnita, como no caso de uma equação matemática; a palavra "valores" também pode ter um significado afetivo, isto é, o valor das coisas que nos merecem estima, como no caso de um livro sem valor económico, mas de que gostamos muito; também pode ter um comportamento, é o caso da coragem em frente ao perigo, da solidariedade, da beleza de um gesto, do altruísmo e do egoísmo.

- As principais características dos valores são:

  • Universalidade: afirma que os valores existem em todas as comunidades e em todos os tempos, embora variem de época para época e de sociedade para sociedade; também diz que valorizar é intrínseco aos homens e às culturas e que reconhecemos o bem e o mal, o útil e o inútil, o belo e o feio.
  • Polarização: onde reconhecemos que os valores têm polos, o justo tem o seu contrário no injusto, o justo não pode ser ao mesmo tempo injusto. Há o bom e o mau, o belo e o feio, o agradável e o desagradável. Embora os valores não sejam objetos, há na sua vivência uma objetividade.
  • Hierarquia ou tabela de valores: diz que todos nós somos capazes de elaborar as nossas tabelas de valores, há coisas que nos são mais queridas que outras; por exemplo, sabemos que a coragem é superior à covardia, e a verdade à mentira; também defendemos que os valores espirituais e humanos são superiores aos valores materiais.
  • Historicidade: diz que há valores perenes, trespassam as épocas, duram sempre. O conhecimento em todas as épocas foi visto como um valor e que os objetos, as pessoas, os acontecimentos passam, mas os valores ficam e permanecem para lá da existência.

- Os valores materiais são vitais no que diz respeito à saúde e resistência física, do agradável e do prazer referentes às sensações de prazer e satisfação; e económicos, isto é, bens de consumo, dinheiro, habitação, vestuário, alimentação.

- Os valores espirituais podem ser:

  • Ético-políticos: referentes ao relacionamento com os outros (lealdade, honestidade, solidariedade);
  • Estéticos: referentes à apreciação da harmonia, beleza e elegância;
  • Religiosos: referentes à nossa relação com o sagrado e o sobrenatural.

- Quando descrevemos o que aconteceu sem qualquer interpretação ou apreciação por parte do sujeito, estamos a falar de juízos de facto. Os juízos de facto podem ser neutros, impessoais, porque não dependem da pessoa, objetivos e verificáveis, porque se pode ver se é verdade ou mentira. Os juízos de valor têm a ver com a nossa relação com a realidade, ou seja, é quando fazemos apreciações ou manifestamos as nossas preferências. Podem ser subjetivos, relativos, discutíveis e emotivos ou afetivos. Por exemplo, quando uma pessoa diz que um livro tem 200 páginas, podemos verificar se é verdade ou mentira, mas mesmo assim não tem nada a ver com a pessoa, logo estamos a falar de juízos de facto. Mas se, por outro lado, outra pessoa disser que o filme é muito interessante, já tem a ver com as suas opiniões, logo estamos a falar de juízos de valor.

- A concepção objetiva realça a imutabilidade, independência e mesmo transcendência dos valores face aos seres humanos, ou seja, há valores absolutos que se impõem por si mesmos e transcendem os seres humanos; o valor existe independentemente de um sujeito; o que o ser humano faz frente ao valor é reconhecê-lo como tal e considerar as coisas valiosas como coisas que incorporam o valor. A concepção subjetiva realça os fatores que relacionam o valor com preferências e desejos individuais; o valor depende dos sentimentos de agrado ou de desagrado, do facto de serem ou não desejados, da subjetividade humana individual ou coletiva; o valor deve a sua existência, o seu sentido e validade às reações do sujeito que valoriza, os valores são variáveis e contingentes.

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