Vanguardas Galegas: Geração de 25 e Movimentos Literários
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O grupo "Nós", com o seu trabalho restaurador da nossa cultura e a sua visão universalizadora, abriu as portas para a incorporação das vanguardas à literatura galega. Especialmente **Risco**, que informou Manuel António sobre os "ismos" europeus e o influenciou com as tendências orientais.
Os vanguardistas galegos são jovens nascidos por volta do ano 1900 que recebem também o nome de **Geração de 25**. Representam uma ruptura e atitude crítica com a poesia anterior: com a tradição de sentimentalismo (saudade, lágrimas, queixas), folclorismo (romarias, costumes, rural) e paisagismo do século XIX. Pela primeira vez, há uma integração na poesia europeia. Divulgam-se em revistas como Alfar, Ronsel, Cristal...
Por um lado, podemos encontrar **ismos** claramente adeptos das modas europeias, e por outro, movimentos especificamente galegos:
Surrealismo: Álvaro Cunqueiro
**Álvaro Cunqueiro**: Poemas do sim e não (1933) é uma interpretação muito pessoal, com o fluir de associação de ideias e a influência dos sonhos, mas com um pendor sentimental e gozoso, sem a carga dramática que costumam ter os textos surrealistas. Também é possível ver algo de **cubismo** em Mar ao nordeste (1932).
Creacionismo: Manuel Antonio
O único cultivador é **Manuel Antonio** (Rianxo, 1900-1930). Personalidade rebelde que representa o melhor exemplo vanguardista na Galiza. Em 1922, publicou o manifesto Além, que se destacava pelas alusões políticas e pela ausência de um "ismo" concreto.
A sua obra principal (e única publicada em vida) é De Quatro a Quatro: Documentos sem data de um diário de bordo (1928). São 19 poemas estruturados como uma viagem marítima, quase sempre noturna, que simboliza a sua conceção absolutamente pessimista da vida: monótona, repetitiva, em completa solidão (como perdido no mar) e em constante despedida.
Poderíamos falar de uma **estrutura superficial**: uma viagem marítima (desde a sua preparação até à sua finalização, com paragem intermédia), monótona, repetitiva e contraditória (o tempo passa, mas está parado; só existe o presente). E uma **estrutura profunda**: uma viagem interior, iniciática, uma visão desiludida e negativa da vida, marcada pela solidão.
Ismos Autóctones ou Vanguardismo Complexo
Hilozoísmo
Foi o movimento poético de mais sucesso na época, com uma multidão de seguidores. Sob uma forma tradicional (não é, portanto, uma vanguarda plena) — estrofes populares, rima assonante, versos medidos, língua popular — apresenta, com um banco de imagens vanguardistas, uma natureza viva, aberta ao sensorial, ao auditivo e ao visual, em contraste com o sentimentalismo e a anedota. O poema desumaniza-se e a paisagem humaniza-se. O iniciador e representante mais destacado é **Amado Carvalho** (1901-1927), com Proel (1927) e O Galo (póstumo, 1928). Entre os vários seguidores, destaca-se **Eduardo Blanco Amor**. O movimento continuou após a guerra.
Neotrobadorismo
Em 1928, **José Joaquim Nunes** publica as cantigas medievais, que alcançam grande difusão e provocam o aparecimento dessa corrente. Não é propriamente uma vanguarda, mas uma reformulação de estilos e temas da tradição medieval, adicionando imagens da poesia moderna. Também continuou após a guerra.
Podemos distinguir duas tendências:
- A mais inovadora, na qual se destacam **Bouza Brey** (o iniciador), com Não importante no início (1933), e **Álvaro Cunqueiro**, com Cantiga nova que se chama Riveira (1933) e Dona do corpo magro (1950).
- Outra mais mimética, que culminou com **Xosé María Álvarez Blázquez**, que em 1953 fez passar o seu Cancioneiro de Monfero por um verdadeiro cancioneiro medieval.