Vibrio cholerae: Características, Sintomas e Tratamento

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Vibrio cholerae

AS bactérias do gênero Vibrio são bastonetes, frequentemente levemente curvados

Vivem em águas salgadas costeiras, sendo transmitido aos seres humanos principalmente por frutos do mar

Dentre deste grupo existe um importante patógeno alimentar, o Vibrio cholerae

O Vibrio parahaemolyticus também é um patógeno, mas causa uma forma menos grave de gastrenterite

Características

  • Bactérias gram-negativas
  • Levemente curvas
  • Em forma de vírgula
  • Muito móveis (único flagelo polar)
  • Não formadoras de esporos
  • Aeróbicas
  • Temperatura ótima de crescimento: 37°C, mas pode crescer na faixa de 10°C a 43°C.
  • Quando em alimentos, pode sobreviver por até 5 dias a temperatura ambiente (15 a 40 °C), ou por até 10 dias entre 5 e 10 °C, refrigeração.
  • pH ótimo: 7,6, mas pode crescer numa faixa de 5,0 a 9,6.
  • Resistente ao congelamento, embora a sua multiplicação fique mais lenta.
  • Não resiste a temperaturas acima de 80 °C
  • Salinidade: crescimento ótimo em torno de 0,5%, mas podem crescer em salinidade entre 0,1% a 4,0% de NaCl, embora não requeiram a presença de NaCl para crescimento.

O Cólera

Uma das mais graves doenças gastrintestinais

Transmissível

Alta virulência

Termo cólera

Deriva do hebraico Kholira (doença má)

O Cólera: a doença

Os bacilos da cólera crescem no intestino provocando uma infecção aguda do intestino delgado

Lá produzem uma exotoxina: a toxina colérica

Esta toxina induz as células do intestino do hospedeiro a secretarem água e eletrólitos, especialmente potássio.

Diarréia secretória

  • Estimulação excessiva do processo de secreção no intestino delgado
  • Com ou sem deficiência no nível de reabsorção da água e eletrólitos
  • A secreção é superior à reabsorçã
  • Resultado são fezes aquosas contendo muco intestinal e células epiteliais.
  • Chamadas de “fezes de água de arroz” devido a sua aparência.
  • Perda excessiva de líquido
  • Em torno de 12 a 20 litros de liquido em um dia
  • Ocorre desidratação extracelular e depois a intracelular

Doença Súbita e Letal

Essa perda súbita e excessiva de líquidos e eletrólitos causa:

  • Choque
  • Colapso
  • E frequentemente MORTE
  • MORTE por choque hipovolêmico na ausência de tratamento.
  • Devido a perda de liquido, o sangue fica tão viscoso que os órgãos vitais ficam incapazes de funcionar adequadamente.

Complicações

  • Choque hipovolêmico
  • Necrose renal
  • Fraqueza intestinal
  • Queda de potássio no sangue
  • Arritmias cardíacas
  • Hipoglicemia
  • Convulsões

Outros Sintomas

  • Além da diarréia
  • Vômitos violentos
  • Dor abdominal
  • Geralmente não causa febre
  • Os sintomas duram poucos dias (autolimitante).

Sintomas

A infecção pode acorrer de maneira leve ou assintomática.

A maior parte das pessoas infectadas não apresentam sintomas.

Mesmo assim podem transmitir a doença.

Oral-fecal

Contaminação

O microrganismo é eliminado nas fezes e vômitos de pessoas infectadas

Transmitidos a outras pessoas pela ingestão de água ou alimentos contaminados

Eliminação dura entre uma e duas semana

O período de incubação da doença normalmente é de 1 a 3 dias.

Disseminação desde a incubação

Diagnostico

Observação dos sintomas e no isolamento das bactérias nas fezes.

Casos suspeito notificação compulsória controle da doença e prevenção de novos casos.

Contaminação: agravante

  • Contaminação assintomática
  • Mantém o microrganismo no ambiente
  • Após contato os indivíduos adquirem uma imunidade efetiva, mas somente para bactérias com as mesmas características antigênicas
  • Curta imunidade = possibilita (re)infecções

Habitat:

O Vibrio cholerae e outras espécies Vibrio são encontrados com águas salobras costeiras.

Também se espalhem rapidamente em águas frescas .

Alimentos envolvidos

  • Água e alimentos contaminados
  • Copépodes (crustáceos)
  • Algas
  • Sendo as ostras os principais vetores

Gravidade

A gravidade da doença varia

Em torno de 5% das pessoas infectadas desenvolvem o quadro grave

Casos não tratados podem apresentar 50% de mortalidade de cerca.

Dose de Infecção

De 103 a 106 = ingestão de água com células

De 102 a 106 = quando ingeridos em alimentos

Dose de Infecção

As bactérias da cólera sensíveis aos ácidos estomacais.

Pessoas com secreção estomacal prejudicada ou tomando antiácidos apresentam maior risco.

Pessoas normais requerem doses na ordem de 100 milhões de bactérias para que ocorra a cólera grave.

Enterotoxina colérica

  • A toxina é liberada por dois sorogrupos (O1 e O139).
  • Outros sorogrupos que não produzem toxina não causam cólera.
  • Podem causar diarréia, porém menos severa.
  • Produz uma enterotoxina A-B
  • A subunidade B se liga às células epiteliais, e a
  • Subunidade A faz com que as células secretem fluidos e eletrólitos

Fatores de Virulência

  • Toxina colérica
  • Glicocálice: facilita a sua (ligação as células ao intestino delgado) e (protege a célula contra a desidratação) e (evita a saída de nutrientes da célula).
  • Pilus: ligação as células ao intestino delgado

Tratamento

  • Antibióticos como as doxiciclinas
  • Reposição intravenosa de fluidos e eletrólitos perdidos = terapia mais efetiva .
  • Em torno de 10% do peso do paciente são requeridos em poucas horas.
  • A terapia de reidratação e tão efetiva que em locais onde a cólera á comum as mortes são incomuns.

Prevenção

A doença se dissemina mais facilmente:

  • Com baixas condições de higiene
  • Sem tratamento de água
  • Sem saneamento básico
  • Saneamento .
  • Principal medida de controle.
  • As fezes podem conter 100 milhões de V. cholerae por grama.:
  • Vacinas orais: fornecem imunidade de curta duração e de eficácia moderada
  • Água potável:
  • Higiene de alimentos
  • Boas práticas de manipulação e preparo dos alimentos
  • Frutos do mar costumam ser uma fonte de cólera e não devem ser ingeridos crus ou mal cozidos

Histórico

1563: Primeira descrição de epidemia de cólera

1643: Foi usado o termo “flux de ventre” para descrever a doença

1658: No Brasil descrita doença com sintomas iguais ao da cólera

1817 a 1820: 1a e maior pandemia de cólera. Com disseminação da Índia para a Europa e Américas.

ÍNDIA

A água contaminada por fezes de seres humanos ou animais é o reservatório de diversos patógenos, em especial aqueles responsáveis por doenças gastrintestinais, incluindo o Vibrio cholerae, que causa a cólera.

Histórico:

1848 a 1849: a epidemia de cólera seguia descontrolada.

1854: Filippo Pacini identificou o bacilo curvo, o qual denominou de Vibrio cholerae

Isolou o microrganismo da mucosa intestinal de pacientes mortos.

Incidente da bomba da Broad Street

No mesmo ano John Snow, um médico inglês, conduziu investigações relacionadas a um surto de cólera que aconteceu em Londres

Mostrou que a água contaminada era a fonte primária da transmissão da doença.

Transmissão fecal-oral

Incidente da bomba da Broad Street

Depois de realizar vários estudos John Snow preparou um mapa mostrando que a maioria dos indivíduos que morreram de cólera beberam ou utilizaram água proveniente de uma bomba localizada na rua Broad. Indivíduos que usaram água de outras bombas não contraíram a doença. Ele concluiu que a água contaminada da rua Broad era a fonte da epidemia.

. Incidente da bomba da Broad Street

Quando a bomba foi desativada as o número de casos de cólera diminuiu significativamente

56 mortos em 2 dias

No Brasil

Robert Koch em 1883: Identifica pela 1a vez o vibrião colérico e a presença de uma toxina envolvida na doença:

Outras espécies de Vibrio patológicas:

Ao menos mais 11 espécies adicionais podem causar doença nos seres humanos.

Vibrio parahaemolyticus

O V. parahaemolyticus, orfologicamente similar ao V. cholerae, também encontrado em águas salgadas de estuários em muitas partes do mundo.

É a causa mais comum de gastrenterite por Vibrio spp. em seres humanos.

Outras espécies patológicas:

  • Ostras cruas
  • Crustaceos
  • Camarões
  • Caranguejos,
  • Tem sido associados a surtos de gastrenterite nos Estados Unidos nos últimos anos.

Sinais e Sintomas Semelhantes aos da cólera

  • Dor abdominal
  • Vômitos
  • Sensação de queimação no estômago
  • Diarreia aquosa
  • O tempo de incubação normalmente e inferior a 24 horas.

Tratamento

  • Antibióticos
  • Reidratação
  • Com frequência são efetivos.
  • O indivíduo se recuperam em geral em poucos dias

Vibrio vulnificus

Também encontrado em estuários (halófilos)

Geralmente causa gastrenterite

• Sua ingestão também pode levar a uma invasão da corrente sanguínea potencialmente fatal.

  Incidência:

• Acomete mais pessoas com sistema imune comprometido e com doença hepática

• Apresentam alto risco de sepse, que é fatal em cerca de 50% dos casos.

  Vibrio vulnificus

• Causa também infeccoes bastante perigosas a partir de pequenas lesoes na pele ocorridas

• A rápida destruição de tecidos causada por essas infecções pode exigir a amputação dos membros afetados.

  Tratamento

• Infecções requerem antibioticoterapia precoce para o sucesso do tratamento.

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