Violência Doméstica: Fatores e Perfil do Agressor
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Teorias e Fatores Explicativos
Fatores Comportamentais
Os comportamentos humanos são influenciados por diversos fatores:
- Fatores externos: como socioeconômicos e culturais.
- Fatores internos: como biológicos e psicológicos.
Na origem dos comportamentos estão vários fatores que atuam simultânea ou sequencialmente. É difícil encontrar um fator que, isoladamente, seja capaz de explicar um comportamento humano de natureza criminal (um único fator não é suficiente). Por isso, as Teorias Multifatoriais são consideradas as mais adequadas para a compreensão, explicação e prevenção de comportamentos criminosos, sendo preferível focar nestas abordagens.
Perfil dos Agressores de Violência Doméstica
Características comuns observadas em agressores:
- A maioria é do sexo masculino e tem idade superior ou semelhante à(s) da(s) vítima(s) direta(s), resultando numa relação etária equilibrada, mas desequilibrada em termos de género.
- Em cerca de dois terços dos casos de agressões aos cônjuges, existem menores que são vítimas diretas ou indiretas (por observação) dessas mesmas agressões.
- Na maioria dos casos, existe uma relação assimétrica de poder entre o agressor e a(s) vítima(s) direta(s) ou indireta(s). Frequentemente, uma das partes concentra a maior parte das decisões familiares, tendo o hábito de apenas comunicar a decisão, sem ouvir ou discutir. Exemplo: Apenas um dos cônjuges trabalha ou um deles assume um papel de destaque na comunidade (como Presidente da Junta de Freguesia).
- A violência doméstica de natureza física tende a ser mais comum em famílias de classe social baixa ou média-baixa e perpetrada por homens.
- A violência doméstica de natureza psíquica tende a ser mais frequente em famílias de classe social elevada e perpetrada por mulheres.
- O referido nos pontos 4 e 5 pode estar relacionado com os níveis educacionais, que podem conferir maior capacidade verbal, permitindo atingir o objetivo de humilhar e rebaixar. Quando a capacidade verbal falha (tendência observada mais em homens), pode-se recorrer à força física.
- O consumo de substâncias aditivas (ex: drogas) ou atividades de natureza aditiva (ex: jogo compulsivo, exercício excessivo) estão presentes em cerca de metade dos casos de violência doméstica.
- Parte dos agressores do sexo feminino é constituída por “cuidadoras informais” – pessoas que têm a seu cargo familiares idosos ou crianças.
- A violência de natureza sexual contra menores ocorre menos frequentemente que a física e a psíquica.
- A violência doméstica extrema (referindo-se a casos de homicídio ou ofensa à integridade física grave) é relativamente rara.
- Dois em cada três agressores são oriundos de famílias violentas, o mesmo ocorrendo com a maioria das vítimas. Tanto agressores como vítimas frequentemente têm um passado de violência, seja por terem sido diretamente agredidos ou por terem apenas observado a violência.
- A maioria das relações intrafamiliares continua a caracterizar-se por elevados desequilíbrios de poder, tanto entre géneros como entre gerações.
- Abusos sobre familiares continuam a ser social e culturalmente tolerados como parte de um suposto “direito milenar” à imposição da “ordem” intrafamiliar. Ainda se verifica alguma tolerância para com a figura do chefe de família que dita as regras e aplica castigos.
- As relações intrafamiliares violentas continuam a ser social e culturalmente toleradas, desde que não extravasem o núcleo familiar (o chamado "segredo das quatro paredes").