William Faulkner e James Joyce: Explorando a Narrativa Moderna
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William Faulkner: Um romancista alinhado com a vanguarda literária na utilização de técnicas inovadoras de narrativa e linguagem, mas respeitoso da tradição em termos de conteúdo. Ao eliminar questões e argumentos de seus relatos, Faulkner se consagra como um dos principais representantes da "literatura do Sul". Sartoris reflete características importantes, como a recuperação de histórias familiares e da comunidade local, a recriação da linguagem regional e a construção de um mundo imaginário que abrigará os personagens de seus romances futuros.
A partir de Sartoris, suas obras mais importantes podem ser classificadas em torno dos seguintes temas:
- A aristocracia sulista em declínio: O ocaso da aristocracia do Sul após o fim da Guerra Civil é o núcleo de obras como Sartoris, O Som e a Fúria e Absalão, Absalão!. Faulkner apresenta uma visão crítica do primitivismo e da brutalidade, juntamente com a nostalgia pelo desaparecimento de valores como a educação e o senso de honra.
- A ascensão dos nortistas: A trilogia da família Snopes, escrita entre 1940 e 1959, explora a chegada de pessoas do Norte industrial e rico. Essa nova classe dominante no Sul estabelece um estilo de vida marcado pela ganância e pela ambição.
- Neurose obsessiva, amor, brutalidade e miséria: Em obras como Santuário e Enquanto Agonizo, Faulkner explora a pobreza e a violência de um mundo dominado pela miséria, abordando temas como neurose obsessiva e amor.
Técnicas Narrativas de Faulkner:
- Microcosmo: Seus romances se passam em Yoknapatawpha, um condado ficcional inspirado na região do Mississippi. Essa área, marcada pela pobreza e pela violência, abriga personagens conflitantes de diferentes origens, oferecendo um retrato das regiões menos desenvolvidas dos Estados Unidos.
- Perspectivismo: Faulkner inova ao multiplicar os pontos de vista sobre um mesmo evento. Em Absalão, Absalão!, por exemplo, treze perspectivas diferentes são apresentadas sobre o personagem central, Thomas Sutpen. O uso intensivo do perspectivismo elimina o narrador onisciente, substituindo-o por uma figura que apenas dá entrada às diversas fontes de informação.
- Leitor Ativo: O leitor precisa assumir uma postura ativa, interpretando o sentido de uma obra fragmentada, sem organização cronológica e sem um narrador para guiá-lo.
James Joyce: Joyce personifica o paradoxo de um escritor que, apesar de ter suas histórias ambientadas em Dublin, deixou a Irlanda em 1907 para nunca mais voltar, sem qualquer ligação com o movimento nacionalista que levou o país à independência em 1921.
Duas Etapas na Obra de Joyce:
- Primeira Etapa (Tradicional): Joyce apresenta uma obra literária próxima ao realismo, incorporando elementos do Simbolismo. A coletânea de contos Dublinenses retrata a Dublin de sua infância e adolescência, organizada por um critério temporal:
- Os três primeiros contos refletem um mundo infantil obscuro e decepcionante.
- Os quatro seguintes abordam os problemas da juventude, dividida entre a miséria diária e a busca por aventura e amor.
- Os sete seguintes focam no mundo adulto, infeliz e frustrante, dominado pelo fracasso existencial.
- O livro termina com "Os Mortos", que explora a influência dos antepassados e suas ideias sobre a vida humana.
- Segunda Etapa (Experimental): Marcada pela experimentação, essa fase inclui Ulysses, que narra um dia na vida de Leopold Bloom e Stephen Dedalus. Bloom é um homem maduro, de classe média, cansado da vida, enquanto Dedalus é um jovem obcecado pela liberdade. Os temas abordados incluem a relação entre pai e filho, a infidelidade conjugal e a busca pela identidade. A estrutura do romance se divide em três partes, acompanhando os caminhos de Bloom e Dedalus pela cidade de Dublin. Joyce utiliza técnicas narrativas como a concentração temporal e espacial, o fluxo de consciência e a exploração da linguagem.