A aclamação do Mestre de Avis e o papel de Álvaro Pais
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Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavam o Mestre, e como tudo foi Álvaro Pais e muitas gentes com ele
Reação popular e apoio ao Mestre
A frase que serve de título a este capítulo espelha a reação e a extraordinária adesão do povo à pessoa do Mestre. O título destaca também o papel desempenhado por Álvaro Pais nesse levantamento popular de apoio e de defesa.
Contexto histórico
Este capítulo enquadra-se na sequência de eventos que levaram ao cerco da cidade de Lisboa, considerado um dos focos estruturadores da Crónica de D. João I (o outro é a batalha de Aljubarrota). Fernão Lopes relata como se deu a aclamação do Mestre, após o assassinato do conde Andeiro, as ações da população quando soube que o Mestre corria perigo e os seus sentimentos relativamente ao futuro monarca.
Álvaro Pais e a mobilização popular
O capítulo abre com uma referência ao pajem do Mestre de Avis que estava à porta e já preparado para ir pelas ruas, bradando “Matam o Mestre! Matam o Mestre nos Paços da Rainha! Acorram ao Mestre que matam!”
Manifestações populares
Como resultado, as gentes “saíam à rua ver que coisa era”, mostram-se agitadas e começam a pegar em armas. Estas gentes são mesmo comparadas a uma viúva que encontra um novo marido em quem se apoiar: “e assim como viúva que rei não tinha, e como se lhe este ficara em logo de marido, se moveram todos com mão armada”.
Reação do Mestre e interação com a população
Entretanto, Álvaro Pais, que também já estava preparado, segue com o pajem e outros aliados para os paços. Novo apelo é lançado à população: “Acorramos ao Mestre, amigos, acorramos ao Mestre, que filho é do Rei dom Pedro”.
Confronto e apoio popular
Assim, começa-se a formar uma multidão nervosa que acompanha Álvaro Pais. Chegados às portas do paço, que estavam fechadas, as gentes dão sinais de nervosismo e agitação: “Ali eram ouvidos brados de desvairadas maneiras.” Querem queimar o conde Andeiro e Leonor Teles (que apelidam de traidora) e entrar nos paços: “Deles bradavam por lenha, e que viesse lume para porem fogo aos Paços, e queimar o traidor e a aleivosa. Outros se aficavam pedindo escadas para subir acima, para verem que era do Mestre”.
Reconhecimento e segurança do Mestre
A população exige ver o Mestre e este, aconselhado pelos que estavam consigo e atendendo ao alvoroço das pessoas, aparece finalmente à janela para que todos constatem que estava vivo. Então, a população manifesta um “grande prazer”.
Interação com a população e apoio
Sentindo-se seguro, o Mestre deixa os paços e cavalga pelas ruas, com todos, em direção aos paços do Almirante, onde se encontrava o conde D. João Afonso, irmão da rainha. Pelo caminho contacta com a população que revela a sua alegria e disponibilidade.
Recepção e desfecho
Próximo dos paços do Almirante, o Mestre é acolhido pelo conde, pelos funcionários da cidade e por outros fidalgos. Já à mesa, vêm-lhe dizer que as gentes da cidade querem matar o bispo. O Mestre faz intenções de o ir socorrer mas é aconselhado a permanecer ali. O capítulo termina com a seguinte informação: “Ao dito do Conde cessou o Mestre de sua boa vontade, e o Bispo foi morto desta guisa que se segue.”