Antropologia

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 A filiação indiferenciada


A filiação indiferenciada, dita ainda bilateral ou cognática corresponde à modalidade que conhecemos na nossa sociedade e grosso modo à maioria das sociedades ocidentais. Nas culturas onde se pratica a filiação indiferenciada, ego pertence indiferenciadamente à linhagem do seu pai e da sua mãe e desde logo às quatro linhagens ascendentes da linha recta. Sendo assim, a terminologia do parentesco patrilateral e matrilateral é exactamente a mesma em ambos os lados, como se viu nos diferentes tipos de nomenclatura. Outro aspecto, consiste em as relações de parentesco de ego serem idênticas tanto com o lado paterno como com o lado materno.

A filiação matrilinear (ou uterina)
Nas sociedades onde se pratica a filiação matrilinear, ego pertence ao grupo de parentes maternos.
Nestes sistemas, o laço de parentesco é exclusivamente transmitido pelas mulheres. Assim, só a irmã de ego transmite a qualidade de pertença ao grupo, o irmão embora tenha a mesma pertença não pode por consequência transmitir. Tal, não significa que ego não reconheça os seus parentes paternos. A linha de parentesco paterna é naturalmente reconhecida mas esta tem um papel de parentesco secundário.
Para dar um exemplo, volto a citar as ilhas Trobriand, onde os filhos de uma mulher pertencem ao seu clã, exclusivamente. Assim, os filhos do filho perdem este estatuto e passam a pertencer ao clã da esposa e não ao seu (Malinowski.1929). Nestes sistemas, um homem está reduzido ao papel de marido da mãe dado não ter nenhuma função na atribuição do estatuto parental aos filhos. Assim, o parentesco biológico relativamente ao pai é ignorado e simultaneamente o de pai social, cujo papel é desempenhado pelo irmão da mãe. O pai desempenhará este mesmo papel em relação aos filhos da sua irmã.

Filiação patrilinear (ou Agnática)
A filiação patrilinear, apresenta uma configuração diametralmente inversa à matrilinear. A descendência faz-se exclusivamente pelos homens. Uma mulher não tem qualquer papel na atribuição da pertença parental do filho. Porém, contrariamente ao sistema matrilinear, a mulher não concilia os papéis de mãe biológica e mãe social da mesma forma.

Os muçulmanos são caracteristicamente patrilineares, o que significa que os filhos de um casal têm o estatuto de pertença ao grupo de parentes do pai



Filiação bilinear (ou dupla filiação unilinear)
A filiação bilinear ou dupla filiação unilinear, combina os dois sistemas unilineares, patri-matrilinear, e cada uma das duas linhas preenche um papel diferente da outra. Ou seja, reconhece o parentesco do lado paterno e materno mas cada um deles com uma finalidade distinta. Segundo R. Fox (1986), um sistema bilinear funciona se cada uma das duas linhas exercer uma função distinta.

A linhagem, a linhada e o clã
A linhagem consiste num conjunto de indivíduos tendo em comum um (ou uma) ancestral comum fundador, do qual se reclamam, em virtude de uma regra de filiação unilinear:
Agnática linhagem patrilinear,
Uterina linhagem matrilinear,
Geralmente a linhagem constitui um grupo local (patri ou matrilocal) cuja unidade social tem por principio a autoridade jurídica, o património, a exogamia, o culto e a solidariedade. Por exemplo, na sociedade Ashanti do Gana a linhagem é considerada como uma pessoa (Fortes, 1950) e cada indivíduo representa a linhagem e é responsável pelos actos dos restantes membros.
A linhada, esta representa um segmento de linhagem de indivíduos primogénitos e benjamins, independentemente da regra de filiação e da linha, recta ou colateral pela qual o parentesco é estabelecido. Assim, num sistema indiferenciado, a linhada de ego consiste nos seus descendentes, solteiros ou casados com exclusão dos conjugues. Porem, por sua vez, ele, e os seus próprios descendentes, pertencem à linhada do seu pai (ou da sua mãe) ao mesmo titulo que os seus irmãos e irmãs.
O clã, os seus membros dizem-se aparentados uns aos outros por referência a um ancestral comum, mas na realidade são geralmente incapazes de estabelecer o laço que afirmam ter com o ancestral epónimo, contrariamente, como se viu, à linhagem, ter uma base territorial local ou encontrar-se disperso pela regra da exogamia. Seja como for, o clã é dotado de um espírito de solidariedade e funciona como um todo em acto.
Parentela


A parentela consiste no grupo de parentes consanguíneos que ego reconhece como tal. Nos casos em que a linha genealógica de descendência é indiferente o que acontece na maioria dos casos a parentela é dita bilateral. Porém, existem sociedades em que o recrutamento dos membros da parentela é feito numa única linha, agnatica ou uterina.
No caso da parentela, só ego e os seus irmãos possuem a mesma parentela e esta não tem qualquer realidade independentemente deles.

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