Formação Reticular: Estrutura e Funções

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Denomina-se Formação Reticular a uma agregação mais ou menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico. Corresponde a uma estrutura intermediária entre a substância branca e a cinza. A formação reticular não tem estrutura homogênea, podendo se delimitar grupos mais ou menos bem definidos, que constituem os núcleos da formação reticular. Entre eles, destacam-se por sua importância funcional os seguintes:

Núcleos da Rafe

Trata-se de um conjunto de oito núcleos, entre os quais um dos mais importantes é o núcleus raphe magnus, que se dispõe ao longo da linha mediana (rafe mediana) em toda extensão do tronco encefálico. Os núcleos da rafe contêm neurônios ricos em SEROTONINA (influenciados pelas vias dos sentidos/estímulos das vias aferentes).

Locus Ceruleus

Situado logo abaixo da área de mesmo nome no assoalho do IV ventrículo, este núcleo apresenta células ricas em NORADRENALINA (age sinergicamente com a adrenalina, aumentando a frequência cardíaca).

Substância Cinzenta Periaquedutal

Também chamada substância cinzenta central, corresponde a substância cinzenta que circunda o aqueduto central. Embora tenha uma estrutura bastante compacta, essa região é considerada um núcleo da formação reticular, importante na REGULAÇÃO DA DOR.

Área Tegmentar Ventral

Situada na parte ventral do tegmento do mesencéfalo, medialmente à substância negra, contém neurônios ricos em DOPAMINA (duas vertentes de atuação, uma motora e uma no pré-central, com a manutenção da atenção).

* Núcleos da Rafe, principais responsáveis pelo sono; sono paradoxal é ativamente desencadeado a partir de grupos neuronais situados na formação reticular, entre os quais um dos mais importantes parece ser o lócus ceruleus. Formação reticular é a área do SNC mais importante para a REGULAÇÃO DO SONO E DA VIGÍLIA; outras áreas, especialmente o hipotálamo, também estão envolvidas e com ela interagem nessa regulação.

Funções da Formação Reticular

  • Controle da atividade elétrica cortical
  • Sono e vigília
  • Controle eferente da sensibilidade
  • Controle da motricidade somática
  • Controle do SNA
  • Controle neuroendócrino
  • Integração de reflexos
  • Centro respiratório e vasomotor

Os neurotransmissores DOPAMINA e SEROTONINA, em ação conjunta, atuam sobre o sono e a vigília. Quando em situação de atenção, vigília, os níveis de dopamina estão mais altos e os da serotonina estão em níveis normais; quando ao contrário (níveis elevados de serotonina), ocorre a indução do sono. Além disso, temos a MELATONINA, um hormônio, produzido pela glândula pineal, atuando na vigília e regulação do sono. Sendo assim, temos um funcionamento sinérgico entre hormônios e neurotransmissores regulando o ciclo sono/vigília.

Pessoas com ansiedade possuem elevados níveis de dopamina, reduzindo e desregulando a indução do sono. Mesmo com a produção normal de melatonina, caso ocorra situações que geram ansiedade, a produção de dopamina aumenta, levando à inibição do sono. Obs.: Hipotálamo e Tálamo agem na regulação da produção de dopamina, fazendo parte desse processo.

Está relacionada com a regulação emocional e com o sistema nervoso autônomo.

Amígdala

Estrutura em forma de amêndoa, possui papel nas atividades emocionais, como amizade, amor, e principalmente medo e ira na agressividade. É fundamental para a auto-preservação, por ser o centro gerador do medo e ansiedade. Obs. Destruição – pessoa dócil, indiferente às situações de perigo.

Tálamo

Organiza os estímulos vindos da periferia e do tronco cerebral. Conecta com o Sistema Límbico, regula o emocional.

Hipotálamo

Envolvido com o prazer e a raiva nas partes laterais e com a aversão, desprazer e tendência ao riso nas partes medianas. Hipocampo: intimamente relacionado com a memória, principalmente de longa duração. Obs. Destruição – não grava mais memória. Giro cingulado: relacionado com odores e visões com memórias agradáveis, participa da reação emocional da dor e do comportamento agressivo. Área septal: localiza os centros do orgasmo, se relaciona com as experiências sexuais. Área segmental ventral: sensação de prazer, liberação de dopamina.

O sistema límbico tem conexão com o lobo frontal, qualquer alteração que envolva o Sistema Límbico vai afetar a aprendizagem, pois nele encontram-se estruturas como hipocampo (memória de longo prazo) e tálamo (controle das funções cognitivas, com isso aprendizagem).

Sistema límbico/dependência química: Alguns indivíduos possuem um defeito genético, o qual reduz o número de receptores das células da área tegmental ventral, logo são incapazes de se satisfazerem com as coisas normais da vida, assim buscam alternativas “mais prazerosas” como alcoolismo, drogas, gerando a dependência química.

Sistema límbico com as psicopatias: No Sistema Límbico encontram-se as amígdalas, que quando recebem estímulos elétricos em excesso provocam crises de violência e agressividade, dessa maneira, pessoas com alguma psicopatia podem conter excesso de estímulos nessa região.

A substância branca é constituída de fibras nervosas, chamadas axônios, que percorrem ascendendo e descendendo todo o comprimento da medula espinhal. Cada grupo de axônios carrega informações específicas para comunicação com o SNC ou corpo. As fibras ascendentes levam informações sensoriais do corpo ao SNC, enquanto que as fibras descendentes carregam informações motoras no sentido contrário, SNC para o corpo, aos músculos e glândulas do corpo. A substância cinza é organizada de acordo com a função. Se tiver que dividir a matéria cinza da medula em 2 metades: cada metade tem uma estrutura (chamada de cifre) dorsal, ventral e lateral. As estruturas ventrais e dorsais suprem os músculos esqueléticos, ao passo que as laterais suprem músculo cardíaco e liso. Também agem como centro nervoso, arco reflexo.

(LESÃO MEDULARES) - Os nervos espinhais podem ser mistos, isto é, terem uma raiz motora e outra sensitiva. Os nervos aferentes participam da via sensitiva, trazendo informações da periferia para o tronco encefálico, bulbo, ponte e mesencéfalo, para que seja decodificada essa informação e tomada uma decisão. Já os nervos eferentes participam da via motora, levam estímulos motores do tronco encefálico para a periferia. Então os nervos espinhais são uma via de mão dupla, já que funcionam de maneira aferente e eferente, em que levam a informação e posteriormente levam a resposta motora.

Linguagem expressiva e compreensiva:

Área de Broca

Participa do processo de decodificação fonológica e que vai organizar a resposta motora com a finalidade de executar a articulação da fala após receber o estímulo transmitido e processado pela área de Wernicke.

Área de Wernicke

Relacionada ao conhecimento, interpretação e associação de informações, mais especificamente a compreensão da linguagem escrita e falada.

Alteração de linguagem/lesão na área de expressão de linguagem? Afasia motora.

Alteração de linguagem/lesão na área de compreensão de linguagem? Afasia sensitiva.

Áreas de projeção são áreas Primárias, especificamente de sensibilidade ou motora, pois recebem ou dão origem a fibras relacionadas diretamente com a motricidade ou sensibilidade – são divididas em dois grandes grupos: áreas sensitivas e áreas motoras.

Área motora primária – área 4 de Brodmann, na região do giro pré-central, e Área sensitiva primária, na região pós-central. Formando a SOMATOTOPIA que é a representação das partes motora e sensorial do corpo no córtex cerebral.

Áreas de interpretação e associação são áreas Secundárias e Terciárias respectivamente, ocupando a maior parte da superfície, córtex, do cérebro humano, assim, permitindo o aparecimento de funções no homem não encontradas em outras espécies, como a linguagem verbal e autoconsciência. As áreas secundárias estão diretamente conectadas às áreas de projeção, áreas primárias, e são unimodais, ou seja, estão relacionadas com uma modalidade sensorial ou uma motora. As áreas terciárias são áreas integradoras/associativas, estão conectadas basicamente com as áreas secundárias e com as áreas límbicas e são multimodais, ou seja, não se ocupam mais do processamento sensorial ou motor, mas estão envolvidas com as atividades superiores, como o pensamento abstrato ou os processos que permitem a simbolização.

A SOMATOTOPIA (soma = partes, topia = área) é a representação das partes/áreas do corpo, motor e sensorial, no córtex cerebral. Para cada parte do corpo existe uma região correspondente do córtex cerebral, um homúnculo motor (pré-central) ou sensitivo (pós-central) que é distorcido. A representação para o tronco é relativamente pequena, enquanto que para a face e para os dedos é extensa. A correspondência se faz não com analogia ao tamanho das partes, mas com a capacidade para realizar movimentos precisos existente em cada parte do corpo, para a parte motora. Já para a parte sensitiva, homúnculo sensitivo, a relação é dada pela capacidade aferente de dada região, a exemplo tronco e lábios/boca, este último exerce uma função sensorial muito maior que a primeira. Por isso se dá de modo distorcido, tanto os dedos quanto os lábios/boca ocuparam uma área maior que o tronco no córtex.

90% do córtex cerebral é composto por áreas de associação. 90% do córtex é formado pelo neocórtex, e neste se alocam todas as novas funções sensoriais e motoras, na medida que o ser humano evoluiu, como a velocidade de digitação. Estas áreas são de intensa atividade mental, linguagem e raciocínio, além de fazer o processo entre a recepção e respostas aos estímulos, ela recebe todos os estímulos aferentes, analisa-os e formula uma resposta, que é enviada às áreas motoras. Deste modo ocupando a maior parte do córtex, já que é de extrema importância ao homem.

A somestesia permite às pessoas receberem informações sobre as partes de seus corpos. Ela é composta de submodalidades, como o tato, a cinestesia, a termossensibilidade e a dor. E estas estão divididas em dois sistemas, o sistema epicrítico e o sistema protopático.

O sistema epicrítico é responsável pela percepção do tato fino, da cinestesia consciente, propiciando uma somatotopia precisa, formados principalmente por mecanorreceptores ligados a fibras periféricas, ligando-se a neurônios de segunda ordem nos núcleos da coluna dorsal e núcleo principal do trigêmeo, utilizando feixes da coluna dorsal.

O sistema protopático é responsável pelo tato grosseiro, a termossensibilidade e a dor, formados por mecanorreceptores, termorreceptores e quimiorreceptores, ligados a fibras, e por sua vez ligando-se a neurônios de segunda ordem nos cornos dorsais e núcleo espinal do trigêmeo, utilizando feixes da coluna ântero-lateral.

As extremidades receptoras dos sistemas epicrítico e protopático, onde os receptores sensoriais se localizam, são responsáveis pela transdução dos diferentes tipos estímulos em potenciais de ação.

Teoria de campo receptor: Quando eu tenho 2 estímulos sendo captados por 2 campos diferentes, esses estímulos são interpretados como dois. Quando eu tenho 2 estímulos sendo captados pelo mesmo campo, ele é interpretado com um estímulo só.

Receptores sensoriais: Mecanorreceptores (sensações táteis, de pressão, da vibração e de cócegas), Termorreceptores (sensações térmicas - quente e frio), Nociceptores (receptores de dor), Eletromagnéticos (luz, visão), Quiorreceptores (paladar, olfato, teor de O2 no sangue arterial, etc.), Quimiorreceptores (variação de pH, CO2, O2 e Na+ no sangue arterial).

Especialização dos receptores: Sim, um exemplo são os receptores da sensibilidade corporal, que podem ser divididas em: terminações livres, corpúsculos de Meissner, corpúsculos de Pacini, corpúsculos de Ruffini, Discos de Merkel, Bulbos de Krause, folículos pilosos, órgãos tendinosos de Golgi e fusos musculares.

A via aferente da informação sensorial é iniciada nos receptores, que podem ser exterorreceptores (estímulos externos), proprioceptores (presentes no esqueleto e tendões) e viscerorreceptores (recebem informação dos órgãos internos). Após a recepção de sinal pelos receptores, chega-se aos neurônios aferentes que vão em direção à medula, adentra pelo gânglio dorsal, onde se aglomeram em feixes, que dependendo da origem e tipo de sinal recebido dirige-se para diferentes partes do encéfalo.

A eferência é composta por neurônios eferentes que saem do encéfalo e vão em direção à medula, onde dirigem-se por feixes, saindo pela porção ventral da medula, indo em direção aos seus lugares de atuação. Chegando nos sítios inervados por eles, transmitem o sinal para o órgão/estrutura realizar a função.

O tálamo é a principal estrutura subcortical relacionada com a sensibilidade. Ele recebe todas as informações sensoriais que atingem o córtex cerebral, com exceção do olfato. As informações chegam por várias vias, vindas do hemicorpo contralateral e alcançam a região ventral do tálamo, daí saem, ocupando o braço posterior da cápsula interna e terminam no córtex sensitivo. É pertinente dizer que o tálamo é um centro de retransmissão cortical. Contudo, admite-se que o papel do tálamo não é apenas o de retransmitir os impulsos sensitivos ao córtex, mas também de integrá-los e modificá-los. Acredita-se mesmo que o córtex só seria capaz de interpretar corretamente impulsos já modificados pelo tálamo.

A propriocepção é responsável pelas sensibilidades relacionadas ao sistema musculoesquelético.

P. Consciente: Se dá por impulsos nervosos que atingem o córtex cerebral e permitem que, mesmo de olhos fechados, se atinja a percepção do próprio corpo, sendo responsável pelo sentido de posição e de movimento (cinestesia).

P. Inconsciente: Os impulsos nervosos não despertam nenhuma sensação, regulando a atividade muscular através do reflexo miotático (arco reflexo) ou de centros envolvidos com a atividade motora, como o cerebelo.

Funções cerebelo: Manutenção da postura e do equilíbrio; dá informações sobre o posicionamento corporal; controle do tônus muscular; controle dos movimentos voluntários; aprendizagem motora; planejamento e organização de tarefas; estabelece a distinção entre palavras similares e intensidade sonora. Lesionado - pode causar ataxia, hipotonia, distúrbio de marcha, desequilíbrio postural/posicional, distúrbio do movimento ocular e a disartria.

Fratura da base do crânio compromete o bulbo.

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