Modernismo: Origens, Características e Autores
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O Modernismo: Uma Corrente de Renovação
No século XIX, a confiança no progresso e na ciência como fontes de verdades absolutas diminuiu. Essa crise geral teve reflexos na arte e na cultura, originando o Modernismo, uma corrente de pensamento e movimento literário que proclamava uma nova atitude perante a vida.
1. O Modernismo Literário
O Modernismo literário surgiu na América Latina por volta de 1880, opondo-se à tradição espanhola e afirmando a identidade americana. Os autores buscavam a beleza absoluta e a perfeição formal da obra de arte. A rejeição da vida quotidiana resultou em duas vertentes:
- a) Modernismo externo: caracterizado pela evasão, primazia do sensual, exótico e fantástico.
- b) Modernismo íntimo: caracterizado pela introspecção sombria, pessimismo e angústia.
1.1 Influências
As influências modernistas foram várias, incluindo dois movimentos poéticos franceses:
- Parnasianismo: buscava a expressão da beleza e a perfeição formal.
- Simbolismo: procurava sugerir a verdadeira realidade das coisas através de símbolos.
1.2 Características do Modernismo
O Modernismo, fugindo do prosaico, reivindicava a beleza em todas as suas formas. A recriação de lugares e objetos belos e a apresentação de sentimentos e emoções intensos eram temas centrais. Defendia a aristocracia (simbolizada pelo cisne) e a rejeição da realidade, levando à fuga no espaço e no tempo: passado (mundo clássico e seus mitos, medieval, renascentista, século XVIII e hispano-americano) e terras distantes e exóticas.
A busca constante pela beleza levou a uma linguagem literária renovada, cuidadosa e sofisticada. Incorporaram cultismos, neologismos, palavras exóticas e escolhidas pelo seu som (acumulação de proparoxítonas) e capacidade de sugerir sensações (tato, olfato, audição, etc.).
Procurou-se a musicalidade, utilizando recursos rítmicos como anáfora, paralelismo e aliteração. Há alusões a instrumentos musicais e efeitos plásticos com o uso de cores. Abundam adjetivos ornamentais, imagens sugestivas, símbolos e sinestesias ousadas.
Recuperaram-se versos clássicos (sonetos, silvas, serventesios), alterando o tipo ou número de versos, e estrofes populares como dísticos, seguidilhas e romances. Também se desenvolveu o verso livre.
Os metros preferidos foram o eneassílabo, o pentâmetro, o dodecassílabo e, sobretudo, o alexandrino (chamado de "verso modernista").
2. Modernismo na Espanha
O Modernismo na Espanha foi mais intimista e introspectivo, sem a exuberância e o exotismo da América espanhola. Salvador Rueda foi apontado como precursor do movimento, e Manuel Machado, um dos seus mais destacados representantes.
Juan Ramón Jiménez, nos seus estágios iniciais, com poemas como Arias tristes ou Solidão sonora, apresenta uma fase marcada pela influência de Bécquer, do Simbolismo e do Modernismo. É uma poesia sentimental e emotiva, expressa numa estrutura formal perfeita. Os temas são a paisagem, a melancolia, o amor e a passagem do tempo.
Antonio Machado, em Soledades, apresenta um poema cheio de emoções e sentimentos, abordando temas como o tempo, a solidão, a morte e Deus, através de uma linguagem baseada em símbolos que dá vida à paisagem.
Na prosa, destaca-se Ramón María del Valle-Inclán, cujas Sonatas narram as aventuras amorosas do Marquês de Bradomín e constituem a máxima expressão do autor modernista.
3. A Consolidação do Modernismo: Rubén Darío
O nicaraguense Rubén Darío foi o principal representante do Modernismo literário. As suas viagens permitiram a difusão do movimento pela Europa. A sua obra Azul... (1888) foi a primeira grande manifestação do Modernismo. Fortemente influenciada pelos franceses e com abundância de temas exóticos, é composta por composições em verso e prosa, incluindo contos e poemas que recriam um mundo de fadas, princesas, criaturas mitológicas, palácios e cisnes. Tudo apresentado com adjetivos e imagens marcantes. Celebra o indígena e o espanhol, rejeitando o materialismo. Possui um tom elegante e sentimental e uma linguagem baseada no ritmo e na musicalidade.
Este estilo elegante e refinado consolidou-se em Prosas profanas (1896), a consagração definitiva do Modernismo. Destaca-se pelas inovações métricas e verbais. O livro incorpora poemas de fuga exótica e aristocrática, como os de Azul..., mas também aborda questões sociais e hispânicas. O tema predominante é o erotismo.
Em Cantos de vida e esperança, há uma mudança em torno de três temas: a evasão da realidade aristocrática, as preocupações sociais e os interesses pessoais. Darío utiliza um tom mais pessoal, íntimo e reflexivo. Do ponto de vista do estilo, atenua a busca da beleza externa e ornamentada, mas não dispensa as inovações formais.