Parasitologia Humana: Conceitos, Classificação e Triquinose

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Conceitos Fundamentais em Parasitologia

Defecação Indireta

Há uma maturação prévia no ambiente de ovos ou larvas do parasita e, em seguida, uma criança brincando ingere.

Mecanismos de Patogenicidade Parasitária

  • Esfoliatório ou Sequestrador: O parasita compete por nutrientes com o hospedeiro.
  • Obstrutivo e Mecânico: Pode causar atrofia por pressão.
  • Tóxico: Liberação de substâncias nocivas.
  • Imunoalérgico: Reações de hipersensibilidade do hospedeiro.
  • Inoculativo ou Infeccioso: Introdução de outros agentes infecciosos.
  • Traumático: Lesões diretas nos tecidos.
  • Necrótico e/ou Lítico de Tecido: Destruição celular.

Parâmetros de Propagação e Disseminação

Formas de resistência ao meio ambiente que geralmente são infectantes (a contaminação ocorre via):

  • Protozoários: cistos, oocistos.
  • Ovos de helmintos.
  • Larvas.
  • Metacercárias.
  • Artrópodes: larvas, pupas, etc.

Veículos de Transmissão

  • Objetos Inanimados (Fômites): Água, alimentos, solo.
  • Seres Vivos: Vetores mecânicos, vetores biológicos, hospedeiro natural.

Classificação dos Parasitas

Nematóides

São helmintos, vermes cilíndricos, alongados, de tamanho e espessura variados, não segmentados e invertebrados. Reproduzem-se por ovos. Não possuem sistema sanguíneo desenvolvido. Apresentam dimorfismo sexual: os machos são menores e mais finos que as fêmeas. Possuem cavidade pseudocelomática e tubo digestivo completo. O tegumento possui 3 camadas: cutícula não nucleada, hipoderme e músculo (fibra).

Sistema Digestivo dos Nematóides

  • Boca: Pode ter placas de corte, ganchos ou estiletes que permitem a fixação ao tecido.
  • Cavidade Bucal: Larga e bulbosa.
  • Esôfago: A extremidade distal pode ter um bulbo muscular.
  • Intestino Médio: Absorve o alimento digerido.
  • Reto: Abre-se para o ânus.

No trato genital masculino, o intestino e o trato genital confluem na cloaca; no feminino, abrem-se separadamente.

Ciclo de Vida e Muda dos Nematóides

O ciclo de vida depende do ambiente, podendo ser monoxênico ou heteroxênico. A muda envolve:

  • Mudança de cutícula (nem todos).
  • Mudança no tamanho.
  • Aumento da complexidade estrutural.
  • Aumento da complexidade antigênica.

Platyhelminthes (Cestódeos)

São cestódeos, segmentados, de espessura plana e uniforme, parasitas internos (geralmente no intestino do hospedeiro). São hermafroditas (possuem ambos os sexos). Não possuem sistema digestivo; alimentam-se por osmose. Possuem um único tecido sem cavidade. O ciclo de vida é complexo, onde o hospedeiro intermediário é a forma larval.

O escólex (cabeça) apresenta ventosas e/ou ganchos para fixação, seguido por um pescoço. A divisão do corpo é a estróbila, composta por proglotes (sacos que contêm ovos maduros), agrupados em:

  • Proglotes imaturos.
  • Proglotes maduros.
  • Proglotes grávidos.

Platyhelminthes (Trematódeos)

Corpo em forma de folha, liso e achatado. Possuem sistema digestivo incompleto (sem ânus ou cloaca).

Tipos de Parasitas

  • Parasita Facultativo: Pode viver dentro ou fora do hospedeiro, dependendo das condições.
  • Parasita Errático: Encontra-se em um local incomum ou não correspondente ao seu ciclo normal.
  • Parasita Permanente: Permanece no hospedeiro durante toda ou grande parte de sua vida.
  • Parasita Temporário: Permanece no hospedeiro por um período limitado (ex: larvas de carrapatos).

Tipos de Hospedeiros

  • Hospedeiro Definitivo: Aquele que abriga a fase adulta do parasita ou onde ocorre a reprodução sexuada.
  • Hospedeiro Intermediário: Aquele que abriga a fase larval ou assexuada do parasita.
  • Hospedeiro Paratênico: Aquele que abriga o parasita em sua forma larval, mas não é essencial para o desenvolvimento do ciclo.
  • Hospedeiro Acidental: Aquele que não faz parte do ciclo normal do parasita, mas pode ser infectado.

Triquinose

A triquinose é uma zoonose parasitária causada por nematóides do gênero Trichinella, principalmente Trichinella spiralis. Afeta mamíferos, incluindo porcos, ratos e humanos.

  • Macho: Não enrolado.
  • Fêmea: Vivípara, produz de 1000 a 1500 larvas por dia.

Apresenta dimorfismo sexual.

Ciclo de Vida da Triquinose

Pode ocorrer um ciclo autoxênico/heteroxênico, onde o hospedeiro definitivo e intermediário podem ser o mesmo. As larvas encistam-se em cápsulas de colágeno no músculo, formando cistos. A larva que cai no chão não é uma forma infecciosa.

Ciclo Silvestre

Carnívoros selvagens infectam outros carnívoros selvagens e, eventualmente, humanos.

Ciclo Doméstico

Ratos (reservatórios) infectam suínos, que por sua vez infectam humanos (carnívoros). A transmissão ocorre pela ingestão de carne de porco crua ou malcozida. O homem pode infectar porcos através de resíduos.

Patogenia da Triquinose

O cisto entra no estômago, liberando a larva no intestino. Lá, machos e fêmeas copulam. As larvas recém-nascidas migram para a corrente sanguínea e se alojam nas fibras musculares estriadas, como diafragma e músculos intercostais.

Sintomas da Triquinose

  • Período de Incubação (3-30 dias): Sintomas inespecíficos como dores musculares, falta de ar, edema facial e inflamação do globo ocular.
  • Período de Invasão (7-11 dias): Injeção conjuntival e síndrome oculopalpebral.
  • Período de Estado: Dores musculares e outros sintomas gastrointestinais.

Diagnóstico da Triquinose

Em Humanos

Considerar:

  1. Anamnese clínica.
  2. Exames laboratoriais: Hemograma Completo, Perfil Bioquímico (CPK - Creatina Fosfoquinase muscular - aumentada).
  3. Exames epidemiológicos.

Em Suínos

  • Inspeção em matadouros.
  • Irradiação.
  • ELISA.
  • Exame triquinoscópico.

Epidemiologia da Triquinose

Presente em todo o mundo, frequentemente no hemisfério norte e na África. Na América Latina, é encontrada em países como México, Bahamas, Argentina, Uruguai e Chile (com maior incidência no outono e inverno).

Fatores de Transmissão e Profilaxia da Triquinose

Fatores que Contribuem para a Transmissão

  • Falta de educação sanitária.
  • Criação e abate clandestinos.
  • Comercialização informal.
  • Consumo de carne ou produtos sem inspeção veterinária.

Profilaxia

  • Evitar a infecção em suínos.
  • Criação de animais com higiene adequada.
  • Não alimentar animais com resíduos crus.
  • Controle de roedores.
  • Descarte correto de excrementos humanos.
  • Evitar comprar carne de origem duvidosa.

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