A Primavera Marcelista: Renovação e Continuidade no Regime Português

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A "Primavera marcelista"

Em 1968, com o afastamento de Salazar por doença, a presidência do Conselho de Ministros foi entregue a Marcello Caetano que subordinou a sua ação política a um princípio original de renovação na continuidade. Marcello Caetano pretendia conciliar os interesses políticos dos sectores conservadores com as crescentes exigências de democratização do regime. Continuidade para uns, renovação para outros.

Uma dinâmica reformista

Numa primeira fase da sua ação governativa, a chamada "Primavera marcelista", Marcello Caetano empreendeu alguma dinâmica reformista ao regime. No campo político, notou-se alguma descompressão na repressão policial e na censura, foi permitido o regresso de alguns exilados políticos e a PIDE muda o nome para DGS (Direcção-Geral de Segurança) para dar uma imagem de uma polícia mais moderna e institucional.

Contestação estudantil e repressão

No entanto, Marcello Caetano começou a dar sinais de esquecer a evolução e privilegiar a continuidade. Em 1969, surge o movimento de contestação estudantil nas universidades de Lisboa e Coimbra. Quando este movimento se estende ao setor laboral, o regime entendeu que tinha ido "longe de mais" na tentativa liberalizadora. Desta forma, o Governo inicia um violento ataque aos movimentos eleitorais, a CDE, onde preponderavam desde elementos da esquerda comunista até católicos progressistas, e a CEUD, que incluía muitos dos fundadores do Partido Socialista como consequência. As eleições acabaram por constituir mais uma fraude. A Assembleia Nacional continuava dominada pelos eleitos na lista do regime. Assim, intensifica-se de novo a repressão policial e as detenções aumentam a partir de 1970. Perante a intensificação da contestação estudantil, as associações de estudantes são encerradas e as universidades são invadidas por uma polícia recrutada entre ex-combatentes nas tropas de elite. Entretanto, intensificam-se as denúncias internacionais da injustiça da Guerra Colonial, a oposição reorganiza-se com a formação do Partido Socialista, na Alemanha, em 1973, que se aproxima do Partido Comunista na exigência da democratização do país, e os movimentos clandestinos armados intensificam as ações violentas com assaltos a bancos e atentados bombistas a setores estratégicos do regime.

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