Revolução Liberal Portuguesa: Antecedentes, Impactos e Legado
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Antecedentes da Revolução Liberal Portuguesa:
Invasões Francesas:
- Destruição, roubos e abalo económico, político e social.
Ida da Corte para o Brasil:
- Abertura dos portos do Brasil.
- Elevação do Brasil à categoria de Reino.
Domínio Inglês em Portugal:
- Governo autoritário e repressivo, humilhante para os portugueses.
Conjuntura Económica:
- Finanças públicas em défice crescente.
- Aumento das despesas de guerra.
- Diminuição das receitas pela má política económica.
- Baixa produtividade e competitividade agrícola e industrial.
- Abertura dos portos brasileiros.
- Tratado de Comércio com a Inglaterra.
A Revolução de 1820:
- Planeada e organizada pelo Sinédrio, no Porto.
- Aproveitou a revolução liberal na Espanha e a ida de Beresford para o Brasil.
- Levantamento militar aclamado pelo Porto.
- Manifesto à Nação enviado a todos os municípios do país.
Objetivos:
- Libertar a pátria do absolutismo.
- Restaurar a glória e o prestígio, mantendo o respeito pelas instituições tradicionais.
- Redação de uma nova Constituição.
Junta Provisional do Governo do Reino:
- Determinar o domínio inglês.
- Notificar o rei D. João VI e exigir o regresso imediato.
- Organizar eleições para as Cortes Constituintes.
A Constituição de 1822:
- Abolição da Inquisição.
- Abolição de direitos senhoriais.
- Transformação de bens da corte em bens nacionais.
- Direito à liberdade, segurança e propriedade.
- Igualdade perante a lei.
- Não reconhecimento de privilégios à nobreza e ao clero.
- Liberdade de pensamento.
- Soberania popular.
Divisão dos Poderes Políticos:
- Legislativo — Cortes.
- Executivo — Rei e Secretários de Estado.
- Judicial — Tribunais.
- Direito ao voto: maiores de 25 anos que soubessem ler e escrever, entre outras restrições.
Resistência à Implantação do Liberalismo:
- Forte resistência por parte dos conservadores.
- Constituição considerada progressiva e radical.
- União de descontentes com D. Carlota Joaquina e D. Miguel.
- Piora da situação económica.
- Independência do Brasil e desagregação do Império Atlântico.
- Conjuntura internacional desfavorável — Congresso de Viena.
Guerra Civil entre Absolutistas e Liberais:
- Portugueses exilados autorizaram ações de resistência.
- D. Pedro abdica do trono brasileiro e junta-se ao movimento de resistência.
- Organização de um exército na Ilha Terceira — referência liberal.
- 1832 — Desembarque no Porto (início da guerra civil).
- Cidade do Porto ocupada por liberais e cercada por absolutistas.
- Esquadra liderada pelo Duque da Terceira desembarca no Algarve e marcha até Lisboa, sendo aclamados pela população.
- 1834 — Convenção de Évora Monte (fim da guerra).
- D. Miguel é obrigado a abandonar o país.
- Vitória do Liberalismo.
- Restauração da Carta Constitucional de 1826.
Carta Constitucional de 1826:
Direitos:
- Liberdade.
- Segurança.
- Propriedade.
- Liberdade de expressão e pensamento.
- Ensino primário gratuito.
Deveres:
- Respeitar a lei.
- Pagar impostos.
Divisão dos Poderes Políticos:
- Legislativo: compete às Cortes com sanção do Rei.
- Moderador: compete ao Rei, para independência e harmonia dos restantes poderes políticos.
- Executivo: compete ao Rei, que o exerce através dos Ministros de Estado.
- Judicial: compete aos Tribunais.
- Eleições indiretas.
- Cidadãos ativos.
- Objetivo: conciliar absolutismo e liberalismo.
Ação Formadora de Mouzinho da Silveira:
- Medidas liberais iniciadas com o Conselho de Regência.
Objetivos:
- Institucionalização jurídica da liberdade individual.
- Liberalização da economia.
- Colocar Portugal no Grémio da Europa.
Principais Medidas:
- Revogação das doações dos bens da coroa.
- Abolição total dos Dízimos pagos ao clero.
- Limitação do imposto da sisa à compra e venda de bens de raiz.
- Supressão das portagens.
- Abolição dos direitos da pesca.
- Liberação da exportação.
Setembrismo (1836-1842):
- Levantamento popular em 1836 contra a política do Duque da Terceira.
- Agravamento da crise económica.
- Agitação política e violência — dissolução da Câmara dos Deputados.
- Costa Cabral entre as forças setembristas.
- Guarda Nacional junta-se ao povo.
- Carta enviada à Rainha exigindo a reposição imediata da Constituição de 1822 e a formação de novas Cortes Constituintes.
Nova Legislação:
- Representação burguesa na política.
- Promoção do ensino.
- Liberdade de pensamento e da imprensa.
- Proteção do comércio.
- Fomento do desenvolvimento colonial.
- Reformas alfandegárias.
- Diminuição dos vencimentos de funcionários públicos.
O Projeto Cabralista:
- Oposição ao Setembrismo.
- Política autoritária.
- 1842 — Golpe de Estado pacífico: restauração da Carta Constitucional.
Objetivos:
- Desenvolvimento económico.
- Progresso através de obras públicas.
- Princípio da ordem e disciplina.
Medidas:
- Programa de obras públicas.
- Desenvolvimento dos transportes.
- Leis de saúde pública.
- Política ditatorial e repressiva que causará nova guerra civil.
- Levantamentos populares.
- Subida dos preços dos alimentos.
- Redução dos salários.
- Aumento dos impostos.
- Centralização da administração.
Revolução da Maria da Fonte:
- Destituição de Costa Cabral.
Patuleia:
- Confronto entre populares e forças estatais dos governos de Palmela e Duque de Saldanha.
Convenção de Gramido:
- História dos Estados: oposição a Costa Cabral.
- Derrota do Cabralismo por um novo movimento, a Regeneração.
- Estabilidade política dos finais do século XIX.
O Cidadão como Ator Político:
- As constituições da época consideraram, nas suas disposições, os princípios básicos do liberalismo: o respeito pelos direitos naturais, principalmente da liberdade individual.
- Soberania nacional, expressa através do voto livre e secreto.
- Separação tripartida do poder político como garantia de imparcialidade, justiça e impedimento aos abusos de poder.
- Igualdade perante a lei, separação entre Igreja e Estado.
- As monarquias constitucionais institucionalizaram um liberalismo moderado.
- Sufrágio censitário.
- Distinção entre cidadão ativo e cidadão passivo, favorecendo as camadas burguesas.
O Direito à Propriedade e a Livre Iniciativa:
- O direito à propriedade é um dos pilares ideológicos do liberalismo.
- Propriedade privada como um direito inviolável.
- A propriedade privada é também a base da economia.
- A não ingerência do Estado na economia significava a abolição das múltiplas taxas, direitos, portagens e outros impostos cobrados à produção, transporte e outras ações de bens económicos.
- Não imposição de limites quantitativos à produção.
- Este liberalismo económico tem as suas raízes ideológicas no Iluminismo.
Os Direitos Humanos: Abolição da Escravatura
- Os franceses, em 1794, durante a época revolucionária da Convenção, foram os primeiros a abolir a escravatura.
- Na Europa, a Inglaterra foi a primeira nação a acabar com a escravatura legalmente em 1807.
- A escravatura só foi definitivamente abolida no mundo ocidental quando a Inglaterra, potência dominante da época, deixou de reconhecer a sua necessidade, ou seja, quando avançou o sistema capitalista industrial, baseado no trabalho operário assalariado e no consequente consumo.
Novos Inventos e Novas Tecnologias Aplicadas à Indústria:
- A Revolução Industrial desenvolveu-se graças ao espírito capitalista dos empresários.
- O objetivo era produzir em maior quantidade e diversidade, com melhor qualidade e de modo mais rápido.
- O alargamento dos mercados, facilitado pela maior facilidade de transporte, contribuiu para o aumento das oportunidades.
- Nos finais do século XIX, muitos empresários começaram a investir na investigação científica.
- Os investimentos realizados traduziram-se no aumento e na melhoria da produção, na diminuição de custos e no aumento dos lucros.
- O processo de expansão e evolução da Revolução Industrial resultou na intensificação da investigação científica, orientada para a resolução de problemas técnicos-práticos levantados pela produção ou pelas necessidades da vida moderna.
Consequências do Desenvolvimento Técnico e Científico:
- A Revolução Industrial traduziu-se num processo de modificação estrutural profunda na economia, na sociedade e na mentalidade do mundo ocidental.
- As transformações tecnológicas e económicas foram a imagem de marca da Revolução Industrial. Grandes descobertas técnicas, amparadas em novas fontes de energia.
- No que diz respeito à industrialização, estes progressos introduziram constantes inovações e tiveram consequências importantes.
- Foram descobertas e tornaram-se utilizáveis novas fontes de energia: energia a vapor, petróleo, gás, gasolina e eletricidade.
- A eletricidade impôs-se como a forma de energia mais revolucionária do século e mais limpa.
- Numerosas vantagens tornaram as cidades europeias mais seguras à noite e possibilitaram o aumento da jornada de trabalho, permitindo o trabalho noturno.
A Indústria Metalúrgica:
- As mais importantes foram as siderurgias, consideradas as indústrias de ponta na Europa industrial.
- A metalurgia foi simultaneamente causa e consequência do desenvolvimento industrial. As siderurgias produziam industrialmente o ferro e o aço, cujo consumo não parou de aumentar neste período graças às suas múltiplas aplicações.
- Outro setor em crescimento foi a indústria metalúrgica, que se ocupava da produção de metais e ligas.
- As indústrias químicas aplicaram os novos conhecimentos científicos na produção de medicamentos, perfumes, sabões, tintas, vernizes e corantes, fibras sintéticas, adubos e pesticidas, explosivos e produtos de borracha.
- Estas inovações tiveram também aplicação na arquitetura, proporcionando novos materiais e novas técnicas. O ferro, mas também o cimento armado e o vidro, trouxeram novas soluções estéticas mais flexíveis e criativas.
Os Novos Transportes e Comunicações:
- As inovações da ciência, nas técnicas e a industrialização contribuíram para o desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação.
- O comboio foi o meio de transporte que maior impacto teve nos países em industrialização. Permitia vender a grandes distâncias com maior facilidade, segurança e rapidez.
- A agricultura encontrou novos mercados, abastecendo os centros urbanos.
- O mesmo se aplica à navegação a vapor, para a qual se formaram companhias de longo curso que operavam com grandes paquetes, fazendo o transporte regular de pessoas e mercadorias entre a Europa e os EUA.
- No século XIX, assistiu-se ao aumento do uso da bicicleta.
- Surgiram também novos meios de transporte, como o automóvel e o avião.
- A instalação destes meios de transporte acarretou grandes obras e outros melhoramentos na construção de linhas férreas, estradas, portos e cais, pontes sobre rios, abertura de canais artificiais, construção de túneis, pontes e gares.
- As comunicações à distância obtiveram, igualmente, grandes progressos com o aparecimento do telégrafo, da telegrafia sem fios, do telefone e da rádio.