Toxoplasmose: definição, agente etiológico, formas infectantes e aspectos epidemiológicos

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Toxoplasmose

Definição • Doença sistêmica causada por um protozoário parasita intracelular obrigatório, que invade vários tecidos do organismo de várias espécies animais, inclusive o homem.

Agente Etiológico • Toxoplasma gondii, protozoário coccídio intracelular “próprio” dos gatos e pertencente à família Sarcocystidae, classe Sporozoa. • Protozoário intra-celular obrigatório do grupo dos Coccídios • Parasita qualquer célula nucleada de mamíferos • Os felídeos são os hospedeiros definitivos (HD) e os demais hospedeiros como mamíferos e aves são hospedeiros intermediários (HI).

Formas Infectantes 1. Taquizoítos – são formas que se multiplicam rapidamente (forma proliferativa), que se encontram nos órgãos, linfa, sangue e secreções de animais na fase aguda da doença. 2. Bradizoítos – são formas de lenta multiplicação, encontrados nos cistos teciduais, músculos, fígado, pulmão e cérebro que causam infecção latente ou crônica (forma cística). 3. Esporozoítos – são encontrados nos oocistos, que se formam exclusivamente no intestino do gato e felino silvestres (infectados).

Oocistos (2 esporocistos com 4 esporozoítos)

Esporozoítos (Oocistos) m de diâmetro • 10 – 12  • Forma subesférica ou elipsóide • 1- 5 dias para esporulação no solo • Forma infectante do ciclo

Taquizoítos (pseudocistos e formas livres) m comprimento • 4-8  m largura • 2-4  • Forma de divisão rápida • Fase aguda da infecção.

Bradizoítos (cistos tissulares) m de diâmetro • 20-200  • Rodeados por envoltórios císticos • Forma de divisão lenta • Fase crônica da infecção

O parasita invade o epitélio intestinal e vários tipos celulares, particularmente células mononucleares  Multiplicação por reprodução assexuadaØ  Disseminação por via sanguínea ou linfáticaØ  Os taquizoítas invadem os tecidos muscular,Ø nervoso (cérebro) e vísceras (fase aguda da doença)  Taquizoítos: formato de um arco e medemØ 6,0 x 2,0 μm

Ciclo no Gato Ingestão roedor contaminado Formado no tubo digestivo oocisto Eliminado fezes no solo Esporulação: produção de esporozoítos Oocisto infectante Interior do oocisto - 2 esporocistos com 4 esporozoítos.

Ingestão oocisto – HOMEM (HI) Oocisto se rompe - intestino Libera esporozoítos - invadem mucosa. Taquizoíto divide-se várias vezes assexuada Rompe célula hospedeira Processo se repete várias vezes Liberando grande número de taquizoítos Invasão novas células - sangue e tecidos parenquimatosos. O sistema imune pode levar à formação de bradizoítos.

Resistência • O oocisto em fezes ou suspensos na água permanecem infectados por até 400 dias em temperaturas entre 4 a 37º C. • Cistos em carne de porco são mortos em 336 seg. em 49º C, 44 seg. a 55º C, 6 seg. a 61º C. Carne cozida em 80º C por alguns minutos não contém o organismo. • Carne mal passada não terá atingido a temperatura ideal para destruir o organismo. • Cistos presentes em carnes de carneiro e porco são inativados congelando a – 9,4º C ou menos. A resistência do T. gondii aos agentes físicos e ao meio ambiente é pequena. • Não resistem mais que algumas horas à temperatura de 23 a 25ºC. • Destruído pelo álcool 70% e o fenol 5% em 10 minutos (Veronesi et al., ... Pg 705).

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS: A toxoplasmose é uma zoonose muito importante e frequente em nosso meio. • Pode-se afirmar que esta zoonose é de distribuição universal, sem preferência de sexo ou raça. • Alguns autores citam que um terço da população mundial está afetada. • A grande maioria dos infectados estão de forma crônica e assintomática. • Estudos sorológicos nos Estados Unidos estimam que 30% dos gatos e 25 a 50% dos seres humanos encontram-se infectados.

Prevalência da doença:  Animais → Estudos epidemiológicos têm revelado uma alta prevalência da toxoplasmose em animais de produção. No Brasil, cerca de 20 a 50% dos ovinos são afetados.  Humanos → No Brasil estima-se que 70% da população adulta é reativa aos antígenos toxoplásmicos.

Hospedeiro definitivo: classe felidae (gatos, tigres, etc.) • Hospedeiro intermediário: carnívoros, herbívoros, roedores, porco, primatas, humanos e outros mamíferos. • Hospedeiro de transporte: insetos e minhocas. • Reservatórios: gatos, aves, caprinos, ovinos, bovinos, cães, roedores e o homem.

Vigilância epidemiológica • A doença não é objeto de ações de vigilância epidemiológica, entretanto tem hoje grande importância para a saúde pública devido a sua associação com a AIDS e pela gravidade dos casos congênitos. Notificação • Não é doença de notificação compulsória.

Formas de Transmissão 1 - a ingestão de oocistos do solo, água, areia, alimentos contaminados e onde os gatos defecam, em torno das casas e jardins; 2 - ingestão de carne crua ou mal cozida, contendo cistos teciduais, especialmente de porco e carneiro; 3 - infecção transplacentária, ocorrendo em 40% dos fetos, de mães que adquiriram a infecção durante a gravidez.

Fisiopatologia do T. gondii Hospedeiros intermediários: essa série de eventos caracteriza o chamado ciclo extra-intestinal ou sistêmico. • Após a ingestão, via oral, as paredes externas dos cistos ou dos oocistos, são rompidas por degradação enzimática e as formas infectantes (bradizoítos) são liberadas no lúmen intestinal. • Eles rapidamente invadem e se multiplicam dentro das células circundantes, onde se tornam Taquizoítos. • A seguir a disseminação dos taquizoítos do T. gondii ocorre pelo rompimento das células infectadas, seguida da invasão de células vizinhas. Hospedeiros definitivos: classe felidae. Além dos ciclo anterior, ocorre também o ciclo “sexual” no intestino, caracteriza o ciclo Entero-Epitelial • Após o gato ingerir tecidos contendo cistos, as paredes desses cistos são dissolvidos pelos “sucos digestivos” no estômago e intestino delgado. • O Bradizoítos liberados penetram nas células epiteliais do intestino delgado e iniciam uma série de gerações sexuadas, geneticamente determinadas. Os oocistos não estão esporulados quando passados nas “fezes” e portanto não são infectantes. • Após a exposição ao “ar”, aí então eles (oocistos) “esporulam”. • Passando a conter dois esporocistos, cada um com quatro esporozoítos. • A esporulação demora em média 3 dias após a excreção, dependendo de condições ambientais.

Tipos de Toxoplasmose • Toxoplasmose febril aguda • Linfadenite toxoplásmica • Toxoplasmose ocular • Toxoplasmose neonatal • Toxoplasmose no paciente imunodeprimido • Toxoplasmose e gravidez.

Aspectos Clínicos Humana: • A Toxoplasmose é responsável por determinar quadros variados, desde Infecção assintomática a manifestações sistêmicas extremamente graves. Animal: • Na Toxoplasmose animal o aborto e a pneumonia são os sintomas mais frequentes.

Sintomatologia Clínica • Gato: aborto, moléstia neonatal, febre, anorexia, perda de peso, pneumonia e distúrbios neurológicos (SNC). • Cão: sintomas semelhantes com os da cinomose. São observados transtornos gástricos, cerebrais e pneumônicos; os cães jovens (entre 2 meses e 2 anos) são mais susceptíveis. • Suínos: leitões podem apresentar simples eczema de pele, vertigens, debilidade, tremores musculares, dispnéias, tumefação testicular, febre alta, pneumonia, enterites e nefrites. Bovinos: febre, taquipnéia, dispnéia, tosse, inapetência ou decúbito permanente. • Coelhos: apatia, deixam-se capturar facilmente; • Caprinos: pirexia, hipertrofia dos linfonodos, anemia, enterite e encefalite. A forma subclínica é acompanhada de aborto, em alguns casos podem ocorrer mortalidade neo-natal, natimorto, reabsorção embrionária e nascimento de fetos mumificados.

Diagnóstico Laboratorial • Diagnóstico sorológico (IgM e IgG): - Imunofluorescência indireta IgM - fase aguda; IgG - fase crônica; Ensaio Imunoenzimático (ELISA): utilizando antígenos construídos por biologia molecular, detecta a fase aguda (IgM) e a fase crônica (IgG). • Pesquisa do agente: Método de Isolamento do Parasita - Detecção de taquizoíto (esfregaço e biópsia); - Detecção de oocistos nas fezes. • COBAIAS O Isolamento do toxoplasma da placenta, dos tecidos fetais e dos fluídos orgânicos através da inoculação em camundongos também é utilizado como meio de diagnóstico. Lesões bastante variáveis:  Necrose – gânglios linfáticos, fígado, baço, miocárdio, cérebro, ocular e pulmonar.  Felinos – úlceras e granulomas podem ser vistos no estômago e intestino delgado.

Diagnóstico Diferencial • Felinos: Felv (vírus da leucemia felina); FIV (vírus da imunodeficiência felina); • Cães: Cinomose; Neospora caninum; • Humanos: Citomegalovírus; Malformações congênitas; Neurocisticercose; Doenças febris

Tratamento Eleição: • Sulfadiazina • Pirimetamina Drogas menos Ativas: • Clindamicina • Espiramicina Drogas em teste: • Azitromicina • Claritromicina • Dapsona • Rifabutina • Trovafloxacin • Atovaquone

Medidas de Controle • Evitar o consumo de produtos animais crus ou mal cozidos (caprinos e suínos); • Lavar as mãos após manipular carne crua ou terra contaminada; • Impedir acesso de gatos em locais que armazenam ração; • Impedir que crianças brinquem em caixas de areia; • Grávidas no pré-natal devem fazer o exame para detecção da toxoplasmose; As gestantes devem lavar as mãos e utilizar luvas ao manusear terra e jardins para evitar a infecção; • Limpar com álcool ou desinfetante o local onde o gato defeca; • Alimentar os gatos e cães domésticos com ração própria, alimentos enlatados ou cozidos; não se deve oferecer carne crua; • Vetores, como moscas e baratas, devem ser eliminados, pois transportam o agente do T.gondii.

Saúde Pública • Zoonose de alta ocorrência. Facilidade de contaminação de produtos e subprodutos de origem animal utilizados para consumo humano. • A presença do parasita nos alimentos de origem animal, carne e leite, é de especial interesse em saúde pública, tendo-se em conta que estes alimentos, quando inadequadamente preparados, constituem-se em uma das principais fontes de infecção para o homem. • É fato de grande preocupação a transmissão da toxoplasmose através do leite “in natura” ou mal esterilizado (principalmente caprina).

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